Home Ensaios Agora híbrido: Teste ao Nissan Qashqai e-Power

Agora híbrido: Teste ao Nissan Qashqai e-Power

Agora híbrido: Teste ao Nissan Qashqai e-Power
0
0

“Foi feito para isto”

 

Estivemos ao volante do Nissan Qashqai e-Power, a inovadora variante Full-Hybrid do best-seller da marca japonesa, uma importante adição à gama, que promete mais suavidade, consumos reduzidos, assim como melhores prestações. Em teste na versão Tekna+. 

A 3ª geração Nissan Qashqai lançada em 2021, continua bastante atual, com uma imagem moderna e capaz de cativar o cliente deste segmento, tornado popular por este modelo e que tem agora mais rivais do que nunca. Existem, no entanto, diferenças nesta versão e-Power. A grelha dianteira é distinta, assim como é possível observar os logos desta versão na base das portas dianteiras, assim como no portão da bagageira. Nesta versão Tekna+ destaca-se a pintura de dois tons, assim como as jantes de 20’’ polegadas. 



No seu interior voltamos a encontrar um habitáculo que deu um grande salto em qualidade face à anterior geração, ganhando igualmente espaço tanto para os passageiros, como para a capacidade de carga. 

O tablier conta com um desenho lógico, pensado para oferecer uma boa ergonomia. O cluster digital tem um diferente desenho, de forma a integrar as informações do sistema híbrido, oferecendo fácil leitura e muita informação. Ao centro, o sistema de multimedia de 12,3’’ polegadas foi renovado, está mais moderno e em linha com os seus concorrentes; conta com um funcionamento rápido e melhores grafismos. O sistema Android Auto e Apple CarPlay está presente, com este último a ter a capacidade de funcionar sem fios, o que “casa” bem com a possibilidade de carregar o nosso smartphone por indução. Para além disso existem ainda 4 tomadas USB-C dentro do Qashqai.

Na consola central encontramos o comando da transmissão, de fácil utilização, assim como dois botões exclusivos desta variante e-Power (EV e e-Pedal), que falaremos mais à frente. 

Ponto igualmente positivo para a posição de condução, confortável, muito graças aos bancos em pele, com aquecimento, massagem e regulação elétrica (com memória para o condutor). Atrás, espaço para três adultos, graças a um túnel central não muito intrusivo, e saídas de climatização presentes. Quanto à capacidade de carga, o Nissan Qashqai e-Power não “perde”, já que a bateria que alimenta este full-hybrid está localizada debaixo dos bancos dianteiros. 

Mais importante do que estas apresentações, o relevante é saber como se comporta este inovador híbrido japonês.

Mas antes, convém compreender como funciona o sistema e-Power. Ao contrário de outros sistemas, o e-Power da Nissan utiliza exclusivamente o motor elétrico, com 140kW (190cv) para mover as rodas, usando um motor a combustão 1.5l de três cilindros e 156cv como gerador, que graças a um inversor transforma essa potência em corrente elétrica, armazenada numa bateria de 1.5kWh debaixo dos assentos dianteiros. 

Com isto, a Nissan quer ter no e-Power uma solução face ao Diesel que deixou de estar disponível na gama, assim como oferecer uma tecnologia que faça a transição entre os automóveis a combustão para os 100% elétricos. A poupança é evidente como conseguimos comprovar. 



Em termos da tarefa de condução propriamente dita, não é necessária nenhuma adaptação nem habituação, já que é como conduzir qualquer outro automóvel híbrido. No entanto, este sistema e-Power acaba por ser mais suave e imediato em algumas situações, devido à ausência de uma caixa de velocidades, sendo aqui, uma mais uma vez, muito semelhante a um automóvel elétrico. 

Graças a isso, existe também a possibilidade de aumentar a regeneração, utilizando o modo “B” no seletor da marcha, de forma a ser mais eficiente. O botão e-pedal também pode ser pressionado, permitindo que a regeneração aumente ainda mais, podendo acelerar e desacelerar (função de travagem) apenas com o pedal do acelerador. No entanto, este e-Pedal não imobiliza o Qashqai, como anteriormente acontecia com o Leaf. 

O outro botão que falei acima (EV), permite “forçar” a condução elétrica, sem ligar o motor a combustão, porém a sua duração é curta (3 a 5km, dependendo do nível de carga), pelo que só se deverá usar se necessário. 

Isto porque o sistema e-Power funciona de forma correta, tendo impressionado maioritariamente em autoestrada, onde os híbridos não são tão poupados, garantindo uma média abaixo dos 6l/100km à velocidade máxima permitida, revelando desde logo a poupança face ao motor a gasolina que equipa a restante gama Qashqai. 

Em cidade, essa poupança aumenta muito mais, sendo possível atingir médias facilmente abaixo dos 5l/100km, com um valor final a ficar fixado nos 5,6l/100km após o nosso ensaio, numa condução normal, sem cuidados de maior. Em termos de insonorização, o trabalho foi bem feito pela Nissan, no entanto é complicado – pelo menos nos primeiros dias – abstrairmo-nos do som do motor térmico (em aceleração) quando necessita de recarregar a bateria, algo estranho tendo em conta que as rotações não seguem a pressão feita no acelerador. No entanto isso acontece por pouco tempo, precisando apenas de um “boost” de energia para garantir mais alguns quilómetros elétricos. 

Em termos de poupança a cada 100km, o e-Power consegue, dependendo da condição em que circulamos, cerca de 1,2 a 2l/100km de diferença face ao 1.3 DIG-T de 158cv. No entanto, há um custo extra a pagar para optar por este e-Power, que comparativamente com versões iguais (Tekna+) é de 3600€, um valor que é facilmente justificado pela poupança, mas igualmente pela maior suavidade (na maior parte do tempo) em circulação em cidade. 

A Nissan conseguiu inovar com este sistema e-Power presente no Qashqai (e X-Trail) de forma a provar que os Full-Hybrid continuam a ser uma solução a ter em conta e uma verdadeira alternativa face aos motores diesel e híbridos Plug-In, que muitos não usam devidamente. O e-Power assenta que nem uma luva a este pioneiro do crossover que parece ter sido “feito para isto”, e  que mais uma vez inova. É possível que não seja a tecnologia do futuro, mas ajudará certamente muitos a darem o primeiro passo em direção ao automóvel elétrico. 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!