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MotorO2 – 30 Anos de GTi

MotorO2 – 30 Anos de GTi
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Há 30 ano ssurgia uma nova lenda na Peugeot e três letras apenas chegam para adescrever.  Uma lenda que ultrapassou o seu estatuto e se tornou um estilo de vida.


Falo claro da sigla GTi. Este aparecimento foi como se tivesse sido dada a conhecer uma nova cor, foi a liberdade de poder ter um carro simples e utilizável  no dia-a-dia, mas que na deslocação fosse extremamente rápido e divertido, foi o ressurgimento do orgulho de ter um automóvel, de tratá-lo com carinho. E com isto ser invejado sobejamente por todos os seus conhecidos (ou não conhecidos), senão vejamos esta conversa em 1984:

O nosso interveniente chega ao bar. O som dos Scorpions toca ferozmente nosaltifalantes, leggins fluorescentes passeiam na pista, brilhantina nospenteados e uma enorme nuvem de nicotina paira no ar… Enquanto onosso rapaz pede uma bebida, do outro lado do balcão, acompanhado com duasesbeltas mulheres, um homem vestido com casaco de cabedal e óculos Ray Banintercepta o nosso protagonista:

– Rapaz! Nuncate vi por aqui…  que carro conduzes?

– “Um GTi”, diz o nosso herói, de maneira curta mas autoritária.

–  Com um olhar de espanto – ambas asraparigas observam de alto a baixo o nosso homem do GTi. Baixando os Ray Ban, ohomem do casaco de cabedal, envia um olhar de aprovação e respeito, pensando”com este não me meto..”
Potência para o Povo!!O ponto,talvez mais importante do aparecimento do “movimento” GTi foi mesmo aquestão de preço por cv, a potência nunca tinha sido tão barata, isto erapossível devido a estes modelos serem baseados em modelos convencionais, daí oscustos de desenvolvimento e produção serem bastante mais baixos que umdesportivo construído de “raíz”.
Mas vamos láfalar um pouco de história do GTi na Peugeot:
Foi em 1984 que tudo começou. Seguindo a onda de sucesso criada pelo VW GolfGTi, a Peugeot havia decidido criar o seu próprio “hot hatch”,baseando-o no seu elegante utilitário de sucesso, o 205.


Denominado GTi, foi lançado originalmente com um motor 1.6l 8v com 104cv e desde logo estepicante 205 cativou a imprensa e os entusiastas da época pelo seu envolvimentona tarefa da condução.

Desde a disponibilidade pronta do seu motor, passandopelo feedback de direção milimétrico e ainda de um chassis fora-de-série, o 205GTi disponibilizava ao seu condutor a capacidade e agilidade de percorrer umaestrada sinuosa a um ritmo nunca antes visto para um carro do seu segmento.
No entantoera importante que o condutor estivesse sempre consciente e em controlo, poistal agilidade vinha a troco de uma tendência sobreviradora, que não eraconhecida pelo seu perdão a erros de pilotagem. Em relação aos demais 205, o GTi demarcava-sepelas cavas de roda e frisos laterais em plástico preto, ostentando a agoraicónica faixa vermelha a toda a volta da carroçaria, os para-choques maisdesportivos e algumas alterações a nível de suspensão. No interior, volanteespecifico com logo GTi e carpete vermelha completavam o ambiente desportivo.

Em  1986 a potência do bloco 1.6 passava para113cv, ao mesmo tempo que surgia o 205 GTi 1.9l, com 130cv. O 1.9l acrescentavaainda em relação ao 1.6l os bancos parcialmente em pele, discos de travão àsquatro rodas e as jantes de 15 polegadas ao invés das de 14”.

Após umapassagem pelo saudoso Grupo B do Campeonato Mundial de Ralis, do qual resultouo incrível 205 Turbo 16, o 205 GTi foi descontinuado, tendo terminado aprodução do modelo 1.6 em 1992 e do GTi 1.9l em 1994.
Mas não seriao fim-da-linha para a gama GTi da Peugeot.
Tendo comobase de partida o já de si divertido e eficaz 106, a Peugeot criou em 1996 o106 GTi. Tendo até então a vertente desportiva dos 106 ficado a cargo dos XSi eRallye, aquando do restyle do modelo a Peugeot introduziu um novo motor 1.6l 16vDOHC para impulsionar o GTi

Produzindo120cv às 6600rpm, estes propulsionavam o pequeno 106 dos 0-100km/h em 8.7s, atéa uma velocidade máxima de 205km/h. Herdado do 205 vinha a sua excecionaldinâmica, desta vez com o seu lado rebelde mais domado, mas não menos entusiasmantee gratificante de pilotar. Com interiores em pele, embaladeiras, para-choques ejantes específicos, o 106 GTi foi mais um grande troféu para o palmarés deexcepção que são os pequenos desportivos da Peugeot.
Nos dias de hoje…
Nos dias que agora correm, a nossa consciência do fenómeno GTi é diferente. Há outras preocupações a vários níveis, muito falados e decisivos para a compra de um automóvel.

A segurança é um desses pontos. Actualmente um GTi já não tem um sinal de”perigo de morte” colado na porta, visto que o chassis é maisequilibrado e existe toda uma parafernália de ajudas à condução, como ocontrolo de estabilidade, tracção e o ABS. Caso o talento do condutor se esgotee o automóvel não conseguir contornar as leis da física, temos um número maiorde Airbags do que elementos da banda dos Scorpions…

Outro dosaspectos que mudou radicalmente de à 30 anos para hoje prende-se com osconsumos e emissões poluentes. Nos anos 80 ninguém se preocupava (pelo menos,não com a seriedade actual) com as questões do aquecimento global e alteraçõesclimáticas, assim o primeiro GTi passeava alegremente sem tão pouco umcatalizador e a queimar gasolina com chumbo…

Hoje, os motores são bastantemais ecológicos, utilizando regularmente blocos mais pequenos e auxiliados porturbocompressores. Os consumos são também mais “amigos” da carteira,o que faz com que o nosso herói possa continuar a ir ao Bar depois de um dia detrabalho…

A imagem deter um GTi continua a ser um estilo de vida, mas ainda assim, não tanto como nosanos 80 e 90. Possuir um GTi continua a ser uma experiência imersiva, esta versão transforma (por momentos) um Homem numa criança através do seu espíritoirreverente e condução divertida, levando o seu proprietário  a cuidar do seu carro como um filho e falardele como se de um irmão se tratasse. Pode não ser como antigamente, mascontinua a ser algo que nos surpreende.

Em relação aoconforto, antigamente podíamos contar com bancos com alguma espuma, vibrações,ruído de rolamento ensurdecedor… mas agora, por exemplo, no 208 GTi, contamoscom tudo o que temos direito: Bancos em pele e tecido, com padrões a lembrar oseu “professor”, um ecrã touch ( na altura não havia nada parecidopor isso não há trocadilhos), em que encontramos sistema de navegação,bluetooth, ligação USB…
-“Modernices !”- diria o homem docasaco de cabedal.

Ah! E umaaquisição muito boa, Ar Condicionado, porque para andar rápido convém quetenhamos a cabeça fresca.

No final,temos de  dar os parabéns às marcas que criaram os GTi, e neste caso agradecer à Peugeot, porainda hoje nos oferecer em um automóvel com esta sigla, e que faz juz ao seu nome, embora claro, mais modernizado.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!