Home Ensaios KIA Sportage “a gasolina” em teste

KIA Sportage “a gasolina” em teste

KIA Sportage “a gasolina” em teste
0
0

“É tudo uma questão de números”

 

Com uma gama simplificada, o KIA Sportage conta com duas variantes fortemente eletrificadas: o HEV, solução full-hybrid sem recorrer a cabos de carregamento, e o PHEV, a variante preferida das empresas e que permite percorrer uma maior distância “sem gastar”, ainda que envolva ligar o KIA à corrente. Mas, para o cliente particular, para além do HEV, existe este 1.6 T-GDi, uma versão somente a gasolina, que com um preço bastante atrativo poderá fazer este SUV brilhar.

O KIA Sportage, já por aqui o disse, é um modelo que se destaca dentro da gama da marca fundada em 1944, sendo um verdadeiro sucesso de vendas a nível internacional, com várias provas dadas. Agora, na sua quinta geração, “renovou os votos” para continuar nesse caminho de sucesso. Para uma opinião mais completa, será melhor ler o ensaio que fizemos ao HEV, pouco depois do seu lançamento.

Esteticamente, o KIA Sportage irá agradar mais do que desiludir, ainda que não seja tão sóbrio quanto outras propostas do velho continente. Desenhado sob o olhar atento de Peter Schreyer, o Sportage conta com um novo estilo, designado “Opposite United”, o que o revoluciona face à anterior geração, ainda que não deixe de ser reconhecido como uma criação da marca.

Nesta versão Drive, que é também a única disponível, contamos com vários elementos que dotam este modelo de uma imagem mais upmarket, como é o caso da elevada profusão de cromados, assim como as jantes de 18’’ polegadas. A iluminação LED também tem forte influência nisso, conferindo igualmente uma assinatura luminosa mais reconhecível no meio do trânsito.



Se no exterior o Sportage dá cartas, o mesmo se passa no seu interior, que apresenta uma imagem atual, mais tecnológica e em linha com os seus principais rivais europeus. O painel de instrumentos, de fácil leitura, “liga-se” ao sistema multimédia de grandes dimensões, fácil de utilizar, mas que peca apenas por não contar (ainda) com ligação sem fios ao Apple CarPlay e Android Auto. Mais abaixo, o ponto principal, para mim, são os comandos separados do sistema de climatização, que “por magia” se transformam nos comandos e atalhos para a o sistema multimédia. Um uso inteligente por parte da KIA, mantendo o interior com menos botões, mas sem perder a ergonomia e facilidade de utilização.

O tablier mais baixo, confere uma boa visibilidade aos ocupantes dianteiros, numa espécie de reminiscência ao KIA EV6. A posição de condução é confortável – obviamente mais elevada – com um banco suficientemente confortável e que oferece um bom apoio. Em termos de materiais, são rijos em algumas partes mais expostas do que poderíamos esperar, mas, por outro lado, o KIA Sportage apresenta-se robusto na sua montagem.

Atrás, esses plásticos rijos são mais fáceis de encontrar, mas são facilmente desculpados por um amplo espaço para os passageiros, assim como pormenores de conforto, como os “cabides” que dão formato aos encostos de cabeça, às fichas USB-C ou à saída de ventilação dedicada. A bagageira é de 591l, superior à da versão híbrida por uns marginais 4 litros…



Passando para a condução, os 150cv oferecidos por este propulsor gasolina 1.6 T-GDI são suficientes para aquela que será a “vida” deste KIA Sportage. As suas prestações são honestas, com a transmissão manual de seis velocidades – a única disponível – a ser uma boa aliada, graças a um funcionamento suave e bom escalonamento, explorando bem este bloco, também ele muito suave e bem insonorizado.

Face ao HEV, este Sportage tem um “emagrecimento” de 123kg, graças à ausência da pequena bateria elétrica de 1,49kWh e o seu motor extra. Não é que compense a redução de potência face aos 230cv da versão híbrida, mas sempre é uma ajuda.

A agilidade está patente neste modelo, com uma direção leve e que ajuda em cidade, sem perder a precisão quando essa é mais precisa. Não é, no entanto, a proposta mais dinâmica do seu (bastante povoado) segmento, mas está num bom balanço. A suspensão poderia ser um pouco mais “sossegada” em mau piso, já que por vezes é notório algum saltitar quando o tapete negro não está perfeito.

Agora, o que importa muito é o seu consumo. Se o KIA Sportage for conduzido calmamente, é possível garantir consumos verdadeiramente positivos: os primeiros 100km feitos assumiram um consumo de 6,4L/100km. Numa condução mais realista, com os “apressares” típicos do dia-a-dia, e com algum trânsito à mistura, é mais realista esperar um valor em torno dos 7,2l/100km.

Pode ser mais elevado do que alguns gostariam, mas não é negativo, algo que facilmente desculpamos quando verificamos que um KIA Sportage como este, bem equipado com tudo o que necessitamos, custa 32.500€, graças à campanha da marca. Um valor que fica 10.000€ abaixo do HEV, que por si só não é um mau valor. É razão para dizer que é tudo uma questão de números…

É graças a isso que este modelo pode muito bem brilhar num segmento onde sobressair é tarefa muito difícil. O KIA Sportage oferece uma imagem moderna, um interior bem conseguido e espaçoso e um motor suave. Defeitos? Todos temos, mas como na vida, nestes bons casos, as qualidades prevalecem.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!