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Honda X-ADV

Honda X-ADV
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“Aspirante a aventureira”

Como sabem, o MotorO2 sempre se dedicou mais aos carros, mas desde o ano passado, as motos começaram a entrar em cena de forma a mostrar a pessoas como eu, “automóvel-dependentes” (não sei se o termo existe, mas quer designar alguém que só vê carros à frente), que também existem máquinas bastante interessantes no “mundo das duas rodas”.

Foi com a Honda que a aventura começou, e é com a Honda que terminamos esta primeira temporada, uma pausa planeada, com uma moto que me faz ver que afinal estes dois mundos (carros e motos) não estão assim tão distantes…

Se nos automóveis, tudo o que era carrinhas e hatchbacks foi “corrido” a SUV e Crossovers, há uma moto que “espelha” essa moda, com a Honda a criar a X-ADV, como uma scooter com uma polivalência fora do normal, com a potencialidade de funcionar tanto em cidade graças à sua posição de condução, como em autoestrada, graças ao seu motor, mas também, fora de estrada, devido à inspiração vinda, imagine-se, da grande e mítica Honda Africa Twin!

Chegado à Honda e ao parque de estacionamento onde estão guardadas as motos, noto que esta é uma scooter “gigante” face ao que estou habituado. Depois de cumprimentar o responsável pela marca, só quis fazer uma coisa antes de tudo, de forma a estar com atenção a todas as explicações: sentar-me na moto.

Porquê? Para saber se chegava ao chão. Sim, isso mesmo… A boa notícia é que a altura do banco ao solo não é muita (820mm), ainda que a roda de 17’’ na frente faça parecer o contrário e dê a esta Honda X-ADV uma altura ao solo de 162mm.

Mais descansado, seguiram-se as breves explicações:

– Ora bem, então a chave fica no bolso e basta rodar um botão para a ligarmos. A caixa pode ser manual ou automática, sendo selecionável o modo através da transmissão DCT (caixa de dupla embraiagem), com seis velocidades, outra das muitas semelhanças com a Africa Twin. A ‘caixa’ tem também uma interessante habilidade, a de ser acostumar ao nosso estilo de condução. Depois de tirar mais algumas dúvidas, parti à descoberta de um novo mundo aos comandos desta revolucionária scooter.

Primeira sensação: não sinto que estou numa scooter, portanto, daqui para a frente vou começar a chamar-lhe de moto. A Honda X-ADV conta com um motor vindo da Integra, ou seja, é um 2 cilindros em linha, com 745cc, debitando 55cv às 6250rpm e um binário de 68Nm a um regime mais baixo, às 4750rpm, o que até pode parecer pouco caso continuemos a ver a ficha técnica e nos deparemos com o peso, já que esta “menina” pesa uns respeitáveis 238kg.

Ainda assim, promete um consumo baixo, com o seu tanque de combustível de 13 litros garante mais de 300km de autonomia.

A posição é bastante confortável, graças ao assento bem desenhado, mas também graças ao guiador largo que vem da enorme “caixa de peças” da marca, neste caso, da CrossTourer. As primeiras curvas são feitas, obviamente, com algum cuidado, já que o peso é notório, mas é também nessas mesmas curvas que dá para constatar o bom equilíbrio e grande agilidade entregues por esta X-ADV. Passado algum tempo já estava a descobrir o bonito e possante som de escape, enquanto na entrada para a autoestrada dava uns toques nos seletores e assim selecionava umas mudanças abaixo e sentia da melhor maneira a potência desta moto, cuja caixa é bastante rápida, sem hesitações e de fácil habituação.

A informar tudo da melhor maneira, está o completo mostrador digital de grandes dimensões, que reforça em muito o ar ‘Off Road’ desta companheira de duas rodas, que sonhava um dia ser uma moto de Dakar, como a CRF450 Rally. O vidro dianteiro é regulável em três posições e protege-nos muito bem dos elementos. Aqui, e a uma velocidade constante, os consumos mantêm-se bastante baixos, e com uma grande visibilidade, esgueiramo-nos por entre o trânsito, tal é a sua agilidade. Mas, neste dia, ainda faltavam três horas de trabalho no escritório, portanto, altura de a estacionar à sombra e puxar o travão de mão.

Sim, a Honda X-ADV tem um travão de mão…

Sentado na secretária, navegava pelo Google Maps em busca de um caminho de terra para a fotografar, mas também para entender se este tipo de moto se justificaria, já que até os pneus foram propositadamente a pensar nesta mistura de terrenos.

O relógio marca a hora de saída, desligo o computador, pego no capacete, passo a ponte e começam as curvas, com a confiança a aumentar, começa também a notar-se a tal gestão inteligente feita pela transmissão, conseguindo decifrar se estamos numa subida ou descida. No primeiro caso “estica mais cada mudança”, no segundo faz de travão-motor, sempre com os botões de seleção a estarem bem ali debaixo do nosso dedo, a postos para escolher uma outra relação.

Se em cidade, autoestrada e em estrada de montanha, a X-ADV tem vindo a impressionar-me, vamos ver agora na gravilha como é que se comporta. Primeiro ponto negativo: a ausência de pisa-pés. Existem uns opcionais, que esta unidade não contava, mas que fizeram muita falta neste tipo de terreno, porque a posição, quer queiramos, quer não, é de scooter.

Bastante informativa, a suspensão de forquilha telescópica e 41mm de diâmetro absorve bem as irregularidades, mas também com muita ajuda da jante 17’’. Já no eixo traseiro, essa dimensão diminui para umas “scooterescas” 15 polegadas, com um pneu mais largo, o que não é grande aliado neste tipo de terreno. Ainda assim, tudo correu sem sobressaltos, com os travões para além de serem potentes e decididos em asfalto, são também bastante fáceis de dosear nas manobras mais sensíveis.

Com as fotos tiradas, o caminho seguiu-se pela noite fora, sempre com um grande conforto, também graças a esta X-ADV contar com uma boa iluminação LED. Os consumos efetivamente são baixos, e ficaram marginalmente acima dos 4 litros a cada cem quilómetros, em ritmos mistos, e percursos também eles mistos. Na noite anterior à entrega, “fugi” depois do jantar e fui dar uma volta pela cidade, quando já todos se preparavam para uma segunda-feira, eu estava ali, sozinho, mas feliz. Numa moto que embora seja estranha num primeiro impacto, tem a sua lógica, ainda para mais para alguém como eu, que tem o “palato limpo”, que não tem nenhuma conceção feita na sua cabeça quanto a motos.

Para mim, o melhor: a caixa DCT que nos permite tanto ser suaves na condução, como mais agressivos com se usarmos o modo S (sport), ou mesmo tomando o controlo com o modo manual. A sua posição de condução confortável e com uma visibilidade superior acaba por dar uma maior segurança assim como uma maior confiança. O espaço de arrumação debaixo do banco e os baixos consumos tornam-na numa proposta apetecível, mesmo tendo um preço de 11.500€.

A Honda X-ADV será uma best-seller, exemplo como os SUV no “Mundo Automóvel”? Não creio, mas tem a sua lógica, lá isso tem. A Honda X-ADV é uma espécie de frankenstein, feita de peças de vários modelos da Honda, que a tornam num modelo único!

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!