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“Diesel para quê?” – Honda CR-V Hybrid Lifestyle

“Diesel para quê?” – Honda CR-V Hybrid Lifestyle
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“Mudam-se os tempos…”

 

Longe vai o tempo do lançamento do Honda CR-V original, mais precisamente 24 anos. As modas e os gostos mudaram, assim como o cliente e, mais importante que isso, também as exigências mudaram.

 

Pois é, do “original” CR-V esta quinta geração do modelo tem muito pouco. Passou de um “Jipe familiar”, que diz ter inaugurado o segmento SUV, para uma proposta familiar que ainda permite algumas (ligeiras) aventuras em fora de estrada. Ao invés da aventura, o que o Honda CR-V mais quer é poupar. Muito, de preferência.

A eletrificação veio para ficar e, no caso da Honda, a marca já afirmou que até 2022 todos os seus modelos terão uma ou mais versões desse tipo. Já a União Europeia não perdoa, e é já em 2021 que todas as marcas automóveis devem cumprir com uma média de emissões de 95g CO2/km, algo que parecia impensável há uns anos. E para isso, híbridos é uma boa solução!

Adeus Honda CR-V Diesel, agora o Hybrid toma o teu lugar.

Portanto, o Honda CR-V aproveita a popularidade dos SUV para se catapultar nas vendas, e graças a isso tem conseguido estar nos TOP de vendas mundiais, tendo sido em 2019 o segundo SUV mais vendido do mundo, só atrás do seu rival de sempre, também Japonês, que começa em RAV e acaba em 4.

O Honda CR-V, nesta quinta geração, evoluiu face à anterior, não sem antes perder uma imagem algo “redonda” em favor de uma maior agressividade de linhas. A dianteira conta uma grelha bastante cromada, enquanto os plásticos negros na parte inferior lhe dão o “obrigatório” ar SUV que o povo tanto gosta. Atrás, os grupos óticos continuam a ser verticais, mas com a matrícula a ter “descaído” e situando-se agora no para-choques. O Honda CR-V Hybrid é um automóvel fácil de gostar, onde o “Hybrid” não lhe dá um ar de “estranho”. Basicamente, é muito difícil distinguir as versões, apenas pela chave, em azul, e pelos badges da versão.



Onde a Honda mais evoluiu foi no interior, com um incremento de qualidade, num habitáculo bem organizado e acima de tudo, espaçoso. Algo que sempre foi.

Os materiais são agora de melhor qualidade à vista e ao toque, juntando a pele a uma madeira que lhe dá um toque premium. A construção está em bom nível, e isso é notório mal abrimos a porta para este sóbrio, mas agradável habitáculo, que parece querer passar bem o teste do tempo. Algo que já não sentia há algum tempo na Honda.

A organização está disposta de forma lógica, embora, ao contrário da geração anterior, o painel de instrumentos seja agora digital e com informações específicas para esta variante híbrida. Ao centro, o sistema multimédia Honda Connect (completo, mas não dos mais fáceis de usar) felizmente está separado da climatização, disposta de forma ergonómica para um maior conforto a bordo.

Tal como desde o Civic EP (a sétima geração), a Honda tem optado por colocar o seletor da transmissão numa posição mais superior, e aqui não é exceção, ainda que o Honda CR-V não tenha… alavanca. Sim, a marca optou por botões, já que ocupam menos espaço. Ainda que prefira a solução mais “tradicional”, a verdade é que após uma rápida habituação, o sistema empregue pela Honda também é fácil de utilizar.

Junto aos “botões da caixa” tem os modos de condução, Sport, ECON e EV, com este último a permitir circular em modo 100% elétrico. Na verdade, nem fazia falta, já que este Honda CR-V Hybrid adora fazer isso, mesmo sem pedirmos. É amigo da carteira.

O espaço a bordo é uma grande vantagem para o modelo, e para isso basta olhar para as dimensões. São 4,6 metros de comprimento, e 2,66m de distância entre eixos. Assim, os passageiros traseiros contam com um amplo espaço e ausência de túnel central, o que permite perfeitamente que três adultos se sentem na segunda fila. A bagageira é de 497L de capacidade (menos 67L que a versão puramente a gasolina), sendo capaz de chegar até aos 1694L quando os assentos traseiros são rebatidos.

Mas vamos lá passar para a condução. O Honda CR-V Hybrid junta um motor a gasolina 2.0L com 145cv e 175Nm a dois motores elétricos que lhe “aumentam” esse valor até aos 184cv e 315Nm de potência combinada.

Dois motores elétricos?

Sim, o sistema i-MMD da Honda usa um motor elétrico como gerador e outro como propulsor, assim como uma unidade de potência, o motor a gasolina 2.0 i-VTEC, tudo ligado a um conjunto de baterias em iões de lítio graças a uma embraiagem de bloqueio.

E não, não é a CVT do costume…

A Honda tornou o CR-V Hybrid numa espécie de elétrico que gosta de beber gasolina às escondidas. Assim, até a transmissão é inspirada nos modelos que gostam mesmo é Kilowatts…

Como? Criando uma transmissão de relação fixa, que liga diretamente os seus componentes de forma a ser mais suave a transmitir o binário. Não deixa de ter o tal “gritar”, mas é verdadeiramente mais eficiente que uma DCT, ou mais leve que uma CVT que o seu principal rival utiliza.

Mas o mais fácil é passar para o volante e explicar-vos como é que tudo funciona.



Numa posição de condução elevada e confortável, onde a visibilidade é uma constante, o Honda CR-V Hybrid “acorda” silencioso, sem um único ruído.  A condução revela-se fácil desde os primeiros metros, com uma direção leve, mas não em demasia, e um automóvel que embora conte com mais de 4,5m, não se mostra demasiado para um uso em cidade. Afinal, este é um “veículo utilitário”.

Em cidade, a regeneração é tanta que mal ouço o 2.0 i-VTEC; os consumos quase que são dignos de um Plug-In, o que se revela desde logo uma vantagem para o sistema i-MMD. Com medo de facilitar a tarefa, parto para a autoestrada, onde este Honda CR-V é Classe 1 nas portagens se tiver o identificador da Via Verde colado no vidro.

Aqui, nota-se o tal “gritar”, com um som que não acompanha os números que começam a subir no painel de instrumentos. Mas não, não são rápidos como os de um Type-R, aqui demora mais um pouco. São 8,8s, o tempo necessário para chegar os 0 aos 100km/h.

Aqui é onde o motor de combustão entra mais em cena, a velocidades mais elevadas. Ainda assim, consegui por diversas vezes (até acima de 100km/h) ver o logo verde EV a acender, “dizendo-me” que estava a andar sem gastar uma gota do precioso combustível que o Honda CR-V Hybrid tenta guardar só para ele.

A tranquilidade a bordo é conseguida por uma boa insonorização, assim como por um bom conforto a bordo, onde fazer centenas de quilómetros não custa. Para ajudar a isso, os sistemas de ajuda à condução fazem com que tenhamos sempre um “ajudante” para qualquer situação, seja graças ao cruise-control ativo, ao assistente de ângulo morto ou ao leitor de sinais, que nos indica sempre qual a velocidade máxima a ir. Sim, porque não vamos poupar combustível para gastar em multas, não é?

Eu vi os números anunciados pela Honda no que toca ao consumo, e consegui atingi-lo. Sim, os 5,3l/100km são uma realidade. Sei bem que foi por me sentir confortável, por talvez até estar no “mood” certo para isso. Mas ainda assim, numa condução normal, mesmo que contemos com mais um litro do que isto, está longe de ser demasiado para um automóvel que nos oferece tamanho espaço a bordo, assim como 184cv de potência.

Bem jogado Honda, o sistema i-MMD funciona. Agora ideal era esperar que a moda dos SUV acalmasse, e que o Accord voltasse a ser uma realidade na Europa. Isso sim, era uma bela viagem…


Honda CR-V 2.0 Hybrid Lifestyle

Especificações:

Potência combinada– 184cv
Binário combinado – 315Nm
Aceleração do  0-100 (oficial): 8,8s
Velocidade Máxima (oficial): 180km/h
Consumo Combinado Anunciado – 5,4L/100km
Consumo Combinado Medido – 5,8L/100km

Preços:
Honda CR-V desde: 38.200€
Unidade ensaiada: 47.575€

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!