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Entrevista: “Ir a Nürburgring com um carro de mil euros”

Entrevista: “Ir a Nürburgring com um carro de mil euros”
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“Uma aventura em conta”

 

Lembram-se do Alexandre Figueiredo, que em tempos escreveu aqui pelo MotorO2? Pois bem, ele voltou, agora como entrevistado, para nos contar a sua aventura (que aconteceu em 2019) que tem por base um BMW 318iS numa ida até uma das mais famosas pistas do mundo: Nürburgring Nordscheife, ou como é carinhosamente apelidada, “Inferno Verde”.

Assim, passado algum tempo, sentei-me com o Alexandre para lhe fazer algumas perguntas sobre esta viagem memorável e partilharmos com vocês algumas curiosidades.

 

MotorO2: Alexandre, como é que surgiu a ideia de fazeres esta viagem?

Alexandre Figueiredo: “Tinha conversado com o meu amigo Pedro Lavrador, o qual já tinha adquirido a viatura para fazer esta aventura, que lhe tinha custado mil euros. E cerca de um mês antes, também eu tinha comprado uma viatura de mil euros e pensei que seria uma aventura divertida. Perguntei-lhe se queria um companheiro de viagem, pergunta à qual ele respondeu afirmativamente. E embarquei na aventura. Preparei o carro devidamente, para suportar a viagem sem sustos, e lá fomos nós. Comprei o carro sem a viagem em mente, mas, sem querer, este cumpriu a premissa de custar mil euros ou menos”.

 

MotorO2: Qual foi o maior desafio de toda a viagem?

A.F: “Decididamente o momento antes de entrar na pista de Nürburgring. Eu estava bastante nervoso, porque a pista esteve parada durante algum tempo, cerca de três horas antes de eu entrar. Muita gente se juntou, era fim de semana, e nós apesar de deixarmos o pessoal ir todo primeiro, ainda passou muita gente com a “faca nos dentes” por nós.”

 

MotorO2: Como foi andar numa das mais famosas pistas do planeta, num carro que tinha apenas 140cv… quando era novo?

A.F: “Aterrador. Porque, por exemplo, na secção a subir que depois vai ter ao Karrussel, eu ia em 4ª com o pé no fundo, a 120km/h, o carro não desenvolvia mais e lembro-me de vivamente de um Porsche passar por mim, no mínimo ao dobro da minha velocidade. Uma pessoa sente-se tão pequenina, eu só me chegava o mais à direita possível e fazia pisca sempre que via alguém no retrovisor, que é a regra de etiqueta da pista e sinaliza que já os viste e os queres deixar passar.”

 

MotorO2: E é totalmente diferente a pista na vida real? Ou os simuladores ajudam? 

A.F: “O simulador ajuda, mas nada te prepara para as diferenças de altitude e de camber na pista. Parece mesmo uma montanha-russa. No entanto, a pista tem bastantes momentos “cegos”, e por muito bem que a conheçamos dos simuladores, é vivamente recomendado que tenhamos cautela, e apenas pilotemos com aquilo que vemos. Pelo menos das primeiras vezes.”



MotorO2: Qual foi o momento mais emocionante, para além da volta em Nürburgring?

A.F: “Tenho vários, mas um dos mais marcantes foi percorrer as estradas nacionais ao pé de LeMans onde se faz o circuito, e pela primeira vez reconhecer na vida real algo que passei muitas horas a ver e a jogar no simulador. Ver pela primeira vez um McLaren F1 no museu de LeMans, e sem dúvida, testemunhar a grandiosidade dos Alpes em pessoa. Conduzir em Itália também é uma emoção hilariante!! Menção ainda novamente para Nürburgring, com o ambiente extasiante que se vive em Nurburg e Adenau, obrigatório para quem gosta de automóveis!”

 

MotorO2: Quantos quilómetros fizeste e quantos dias demoraste?

A.F: “Fiz cerca de 7500km em 8 países, durante 14 dias. Fizemos Espanha de tirada, pois fica sempre perto de casa, e o objetivo era conhecer sítios mais longínquos. Mas todos os outros países, especialmente França e Alemanha, explorámos bem.”

 

MotorO2: O que aconselhas a quem pretende fazer uma viagem deste tipo?

A.F: “Para além de juntar dinheiro, honestamente não é preciso grande preparação. Arranjem um carro que seja minimamente fiável, façam-lhe uma manutenção completa e vai aguentar seguramente, os carros são feitos para andar! A viagem foi planeada basicamente dia-a-dia, quanto muito planeámos dois a três dias. Tínhamos na mente uns sítios a visitar, e de resto fomos sempre livremente por onde nos apeteceu.”

 

MotorO2: Para quando a próxima aventura e com que carro?

A.F: “Bem, eu gostava que fosse o mais cedo possível, portanto 2022. Sendo que atualmente já consegui passar um ano sem comprar um carro, não sei se consigo passar outro ano, mas até agora o forte candidato é o meu BMW 330Ci (E46). Gostava de passar novamente por Nürburgring, conhecer o norte de Espanha, os Pirenéus e principalmente explorar mais os Alpes e Itália, que passei pouco por lá”.



 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!