
“Um verdadeiro festival”
A Toyota pode ser uma das escolhas mais racionais para quem procura um automóvel fiável, poupado e com o que necessitamos para a nossa vida. No entanto, erradamente, alguns não colocam nessa lista de atributos a emoção. Não podiam estar mais errados, já que para além de uma parte da gama mais pragmática, a Toyota conta com propostas que “bebem” inspiração da competição, como é o caso do GR Yaris e do GR Supra, modelos que testámos, bem como andámos nos seus congéneres de competição. Assim como ainda levantámos pó (e lama) na Hilux T1+ Evo.
Vamos contar tudo, nas próximas linhas.
O convite chegou à nossa caixa de correio e a combinação entre GR (que significa Gazoo Racing) e o AIA (que significa Autódromo Internacional do Algarve) fizeram-nos aceitar logo de imediato. Afinal, eram dois dias de emoção num dos melhores autódromos do Mundo, com o adicional que conseguir, nesses dois dias, experienciar três diferentes disciplinas do automobilismo (pista, rally e todo-o-terreno).
Este evento criado para os meios de comunicação e alguns clientes de frotas da marca em Portugal, estava integrado em pleno Algarve Classic Festival, que deixou o paddock repleto de todo o tipo de automóveis (e motos) nestes últimos dias do mês de Outubro. Isso tornou a experiência ainda melhor.
Então, qual foi o plano?
No Lounge que a Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal tinha no começo do Pit Lane da pista Algarvia foi nos dado a conhecer o plano para os dois dias. Primeiro seria uma volta com o Supra GT4 na pista do AIA. Mas antes, uma visita às boxes para conhecer em detalhe o modelo. Para além disso, foi apresentado pela primeira vez o plano desportivo para a participação oficial da Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal, nas 8 provas do Campeonato de Portugal da Ralis em 2025, com o piloto e copiloto ainda por anunciar. Uma boa notícia que irá aumentar a competitividade do nosso campeonato.
Começamos no asfalto
Acompanhados por José Pedro Fontes, o responsável pela Sports & You que corre com o Supra GT4 nº99, tripulado por Carlos Vieira/Bernardo Sousa, demostrou-nos os segredos do modelo, antes de nos colocarem um capacete na cabeça, nos abrirem a porta para nos instalarmos numa exclusiva bacquet direita para uma volta, à noite, pelos 4684m do circuito algarvio.
O Supra GT4 tem uma grande base no modelo de produção, contudo o seu peso é mais reduzido (1370kg) graças a adoção de diversos componentes fabricados com recurso a materiais compósitos. O motor tem por base o 6 cilindros em linha, turbo twin-scroll que desenvolve 430cv de potência, enquanto a transmissão automática ZF, com patilhas montadas atrás do volante, entrega a potência às rodas traseiras.
As sensações são aquelas que podemos esperar num automóvel de competição com um apoio aerodinâmico mais elevado, que é capaz de uma entrada em curva mais confiante, sem muitos movimentos de carroçaria e uma capacidade e grip mais elevados assegurados graças aos pneus slick. No entanto, como é também habitual em automóveis de competição, é a travagem que mais impressiona, mais mordaz e eficaz. O Supra GT4 ofereceu emoção e demostra que esta categoria tem um excelente compromisso entre oferecer as sensações de pista, sem perder a identidade do modelo de estrada.
Logo depois, entrámos no modelo de estrada, um GR Supra com transmissão manual, para entender as semelhanças entre o GT4 e este. As diferenças são mais notórias na travagem e na traseira mais “viva”, contudo, o GR Supra de produção já consegue oferecer bastantes emoções para quem vai ao volante.
A Chuva nem sempre é má
No segundo dia tínhamos reservadas mais atividades, desta feita começaríamos pelas disciplinas de fora de estrada, com a possibilidade de ser copiloto de Bruno Magalhães e de João Ramos, nos Toyota Yaris R2 e no Toyota Hilux T1+ Evo, respetivamente.
Mas, quando chegámos à pista off-road do complexo do AIA, começou a cair uma forte bátega de água. O que não é mau, logo começando pelo pó que foi bastante menos, assim como há algo belo em ver estes automóveis sujos com lama.
Primeiro, foi altura de sentar ao lado de Bruno Magalhães, um piloto com provas dadas, sendo tri-campeão de Ralis em Portugal e Vice-Campeão Europeu (ERC).
A chuva aumentou de intensidade e, por isso, as condições mudaram, tornando o Yaris Rally2 mais “escorregadio” graças a um piso escavado onde a água tocava na rocha que estava por debaixo da areia. Em termos técnicos, o Yaris Rally2 conta com um motor tricilindrico, sistema de tração integral e uma transmissão sequencial de cinco velocidades. O modelo está de acordo com os regulamentos internacionais da FIA, oferecendo um andamento digno de um campeonato mundial, onde acima só os Rally1 se situam. O modelo demonstrou-se bastante ágil, com o piloto de Oeiras a estar muito feliz por voltar aos comandos.
Será o piloto que falta anunciar? Merecido era, certamente…
Saindo do Yaris, foi altura de reencontrar João Ramos na sua “Dama Negra” como carinhosamente lhe chama. A Hilux T1+ Evo é a máquina mais impressionante das três, logo a começar pela sua dimensão. Está ainda mais larga do que anteriormente (+10cm), enquanto a ficha técnica continua a impressionar graças aos seus 400cv entregues por um V6 3.5L que continua com um som gutural que faria parte da playlist de qualquer amante por desportos motorizados.
A curta volta (tanto pela dimensão da pista como pelo tempo demorado) permite, no entanto, entender a “facilidade” como a Hilux absorve os buracos, com uma suspensão que impressiona e um andamento que fazia esquecer que existiam pedras do tamanho de autênticas bolas de bowling.
Mas agora era tempo, finalmente, de colocar as “mãos na massa”.
Na falta de um temos dois…ou três?
Para além da apresentação do plano desportivo da Toyota Gazoo Racing Caetano Portugal, outro dos motivos era o de conhecer em território nacional do GR Yaris, que foi revisto e apresenta agora, a par da transmissão manual, uma nova solução automática de seis relações.
A Toyota ouviu os proprietários do GR Yaris e corrigiu algumas “falhas” que um dos mais impressionantes pocket-rocket do mercado tinha. O modelo superou as expectativas da própria marca e tornou-se num sucesso imediato, tendo conquistado 20 mil clientes na Europa e 256 unidades – até agora – no mercado nacional.
Para além de ser um sucesso imediato, devido a ser um modelo de homologação do carro de ralis, o GR Yaris tornou-se também num clássico instantâneo.
Mas, mesmo que garantisse 99% de satisfação dos seus proprietários, o GR Yaris tinha as suas falhas, que a marca ouviu e resolveu nesta renovação. Entre elas estava um interior demasiado parecido ao modelo que lhe dá a base, uma altura do banco muito elevada, o que em conjunto com o espelho retrovisor muito baixo prejudicava a visibilidade numa condução em pista ou em estradas de montanha. O TSS (Toyota Safety System) era igualmente muito intrusivo.
Nesta alteração, para além desses pontos terem ficado resolvidos, a potência aumentou para os 280cv, mais 20cv que anteriormente, o para-choques dianteiro recebeu uma nova grelha metálica mais resistente, existindo igualmente um novo sistema de arrefecimento, bem como molas e amortecedores revistos, um novo controlo do sistema GR-Four, maior rigidez torsional e uma direção assistida elétrica que também revista.
Em termos estéticos, existe uma nova cor, assim como uns para-choques diferentes à frente e atrás, enquanto na traseira se notam as maiores diferenças com uma nova assinatura luminosa, que lhe confere uma maior modernidade.
No interior, o tablier é totalmente novo, com um cockpit orientado para o condutor, permitindo um acesso rápido mesmo que o condutor um dia opte por colocar cintos de quatro pontos. O painel de instrumentos é totalmente digital, oferecendo uma leitura mais fácil. No que diz respeito à posição de condução, essa está efetivamente mais baixa e orientada.
A outra grande novidade é a transmissão automática de 8 velocidades, que permite ao condutor focar-se mais na direção e pedais, permitindo alargar a faixa de clientes, nomeadamente no seu país de origem. Para além disso, esta transmissão permite a utilização de Lauch Control, algo que na transmissão manual não está disponível.
Conseguimos testar em pista os renovados GR Yaris, onde se notou que a transmissão automática funciona bem, reagindo bem às nossas ordens, mesmo nas reduções, algo que as transmissões automáticas por vezes falham. No entanto, é sempre necessário um contacto mais longo para tirar uma conclusão mais eficaz. De qualquer maneira, o comportamento dinâmico do GR Yaris continua a ser fenomenal, não sendo nós os únicos a sair do seu habitáculo com um sorriso no rosto, afirmando que esta criação da Toyota é um verdadeiro brinquedo.
Ao lado dos renovados GR Yaris estava ainda um GR Supra Legacy, com transmissão manual, que nós não pudemos deixar escapar e aproveitámos para dar umas voltas à pista e entender, uma vez mais, que este continua a ser um dos coupés desportivos (abaixo de 100 mil euros) mais atrativos do mercado.
Assim, em dois dias, voltámos a relembrar que a Toyota é mais do que uma marca que oferece qualidade e fiabilidade, oferece também emoção e desportividade. O novo GR Yaris já está disponível em Portugal, com preços a começar nos 58.000€ para o modelo equipado com transmissão manual ou 65.000€ para o GR Yaris equipado com a nova transmissão automática.