“De Encontro com as necessidades”
Tal como em todas as outras áreas, as marcas automóveis devem estar sempre emcontacto com o mercado para o qual produzem. E embora façam parte do quadro das mesmas, gestores de projecto e equipas de marketing, esses muitas vezes não conseguem analisar convenientemente as reais necessidades do mercado.
Entra então a necessidade de ouvir também os clientes actuais da marca.
Estes pediram incessantemente por um novo motor diesel debaixa cilindrada, capaz de contornar as fortes medidas fiscais que o velho continente têm sob motores de elevada cilindrada. E a Honda acedeu, embora sepossa dizer que algo tardiamente. No entanto, o lançamento do novo 1.6 I-DTEC tornou de imediato as propostas CR-V e Civic bem mais apetecíveis e capazes delutar com a concorrência.
Mas ainda faltava um outro “pormenor”, um igualmente importante na Europa. Dotar o modelo do segmento C, neste caso o Civic, de uma versão mais familiar.
Por isso, é na 9ª geração do Honda Civic que surge a Tourer,uma carrinha que tem como principais premissas o aspecto desportivo e o espaço interior sem perder as suas capacidades quer dinâmicas, quer ecológicas.
A sua estética tem muito que falar. A frente igual ao modelode 5 portas, tem um desenho incisivo e mergulhante. A grelha agora de cor pretaune-se com os faróis rasgados que contam mais abaixo com a “tira” LED para iluminação diúrna.
Mas se a frente é igual ao Civic que já nos é familiar, a lateral corta com toda essa herança.
A linha de cintura é alta e ascendente edestacamos o pilar C “invisivel”, os puxadores dissimulados nas portas traseiras e os flancos bastante musculados sobre a cava das rodas. Estes últimos ajudam a dar forma à traseira, também ela desportiva em que o maiorponto de destaque são os farolins com desenho arrojado, mas que possivelmente atrairão mais aceitação do que os do modelo do qual deriva. Por cima do vidro está presente um spoiler, que embora não seja muito notório, altera por completo a identidade da Tourer.
No interior o espaço é apanágio.
Curiosamente, a Tourer conta com a mesma distância entre eixos que o 5 portas, o que significa que onde cresceu mais, foi mesmo atrás dos bancos traseiros. Para comprovar, basta abrir o portão e logo nos deparamos com 624l, um valor referencial. São ainda facilitados pelo fácil acesso (baixo) e com formas rectas, sem grandes recortes. Se ainda assim necessitar de mais espaço pode rebater os bancos e terà sua disposição 1600 litros!
E foi na bagageira que a Honda mostrou um toque engenhoso. Digo isto porque todos nós sabemos o quão irritante é rebater os bancos e não saber onde colocar a chapeleira, por isso a Honda colocou um espaço dedicado àmesma, debaixo do piso.
Sentado no lugar do condutor percebemos outra vez porque o Civic tem alcunha de “Nave Espacial” (popularizada na 8ª geração). O tablier tem as informações divididas em dois módulos, superior e inferior. No superior encontramos o velocimetro digital e o ecrã multifunções a coreschamado i-Mid, que apresenta várias informações, quer seja o consumo, a lista telefónica ou a estação de rádio que estamos a ouvir. No modulo inferior encontramos os instrumentos analógicos, com o conta-rotações ao centro. A posição de condução, mesmo não sendo excelente, é ajudada pelo volante com excelente pega e boas dimensões. O ar condicionado bi-zona, câmera de ajuda ao estacionamento e todo o equipamento que se vê nestas fotos, está disponível de série.
Dinâmicamente falando, esta Tourer estreia o sistema desuspensão adaptativa, designado ADS, que funciona alterando o comportamento dasuspensão traseira. São três modos: Normal, Confort e Dynamic.
O primeiro, como o nome deixa adivinhar, é indicado para umacondução urbana e de estrada normal. O modo Confort é indicado para as estradasmais “esburacadas” ou para os passeios tranquilos em família. ODynamic é para quando a Tourer fica sem passageiros e quer aproveitar um bompedaço de estrada.
O comportamento é neutro, não se notanto perdas de tracção, nem grandes reacções. O Civic Tourer faz tudo sem comprometer. A maior dimensão também não é notória relativamente ao Civic 5 portas, porque tal como já foi dito, a distância entre eixos é a mesma. A direcção que é agora eléctrica, temum peso correcto, revelando-se como uma melhoria face à anterior geração, principalmente nas manobras citadinas.
O motor é o excelente 1.6 i-DTEC com 120cv, vindo da gama depropulsores EarthDreams e é o mais racional num automóvel deste género (existetambém o 1.8 i-VTEC a gasolina). O funcionamento deste Diesel é suave, não senotando nenhum movimento brusco aquando da entrada do turbo e a insonorização está num bom nível, bem notórioquando abrimos a porta com o motor ainda a funcionar.
Mas o mais interessante destemotor são os consumos, sendo o i-DTEC um recordista. Para chegarmos à casa de 5l/100 temos de levar um andamento já bem despreocupado, dado que o I-DTEC consegue muito facilmente médias abaixo deste valor.
Por isso, se para si o espaço, economia e fiabilidade sãopalavras de ordem, a Civic Tourer é a sua cara. O aspecto é subjectivo e gostosnão se discutem (pessoalmente acho a carrinha mais consensual que o automóvel).Uma opção mais que válida e que pode finalmente lutar com os rivais europeus,nomeadamente franceses e germânicos. Tudo isto, numa embalagem… radical!
Honda Civic Tourer 1.6 i-DTEC Lifestyle
Especificações:
Potência – 120cv às 4000rpm
Binário – 300Nm às 2000rpm
Consumo Anunciado (Medido) – 3,9l/100km (4,7l/100km)
Preço:
Gama Civic Tourer a partir de 25.900€
Versão ensaiada: 28.900€
Texto e Fotos: Rodrigo Hernandez
