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Alfa Romeo Stelvio Quadrifoglio: 510 úteis cavalos

Alfa Romeo Stelvio Quadrifoglio: 510 úteis cavalos
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“Desafiar as leis”

 

Um SUV com tração integral e mais de 500cv, italiano, de pedigree, e dono de uma elegância impar. Será este um dos desportivos mais polivalentes que o dinheiro pode comprar… ou é mais do que isso?

 

Depois de memoráveis momentos ao volante do Giulia Quadrifoglio com o mesmo bloco V6 de 510cv, foi agora (finalmente) a vez de testar o dinâmico SUV da marca de Arese, e entender se um automóvel deste tipo também pode ser um desportivo à séria.

É verdade que a um primeiro olhar isso poderá não fazer sentido. O Alfa Romeo Stelvio é grande, é imponente, seja pelas suas dimensões ou pelo seu desenho agressivo, ainda mais nesta versão Quadrifoglio. Depois, a ficha técnica indica-nos que o seu peso é de 1905kg, o que em conjunto com uma altura de 1,68m nos faz coçar a cabeça e questionar: será que isto vai funcionar?

 

Antes de conduzir:

Enquanto me preparo para descobrir isso, dou uma pequena volta em torno deste modelo italiano, de forma a descobrir as suas diferenças. Não trouxe comigo a lupa, mas quase precisava, já que não existem muitas alterações. Basicamente, a grelha (o Scudetto, como as amantes da marca lhe chamam) tem agora um acabamento em preto, enquanto só na traseira é que se encontra a outra diferença, tendo lugar nos farolins escurecidos. De resto, mais nada muda no exterior deste Alfa Romeo. Era necessário? Penso que não.

Antes de entrar para o interior, destaque para os para-choques mais agressivos na dianteira, com o traseiro a esconder as quatro “cornetas” de escape, que se fazem ouvir quando se liga este 2.9 V6. As jantes são de 20 polegadas, e escondem um sistema de travagem generoso, com os pneus traseiros a terem uma dimensão que demostra logo que a potência não tem muita alternativa a não ser pô-la no chão.



Abrindo a porta, aqui existem as maiores diferenças, iguais às encontradas no Giulia, num interior que não é muito diferente dessa berlina (se não leste o ensaio, é só carregar aqui). Muita pele no topo do tablier e nas portas, dando uma elevada sensação de qualidade, enquanto os frisos são revestidos a carbono, só para o caso de nos esquecermos que estamos a bordo de um Quadrifoglio. Bancos que nos abraçam e uma consola central redesenhada, com melhor qualidade e que facilita o uso do sistema multimedia que foi, e ainda bem, renovado. Atrás, é um desportivo com muito espaço e que permite sentar três passageiros, ainda que o túnel seja algo elevado, com uma bagageira de 525L de capacidade. Poderá não chegar tudo inteiro ao destino, mas isso depende do modo de condução usado.

 

Partir para a ação:

Claro que estas voltas foram rápidas, porque o que mais interessa num Alfa Romeo que tem um trevo de quatro folhas colocado nos seus flancos é a experiência de condução. E como eu estou aqui para isso, não quis perder muito tempo.

Botão vermelho no volante liga o motor, acorda com um som grave, mas não muito exagerado. Como sempre, os primeiros quilómetros são feitos com calma, para ajustar tudo à maneira, deixar o automóvel ambientar-se (e eu a ele) e aqui comprovar que este Stelvio é um desportivo que mostra ser bastante utilizável. Na verdade, esperava isso.



Mas é na saída de autoestrada, ainda em modo Normal, que me impressiona pela primeira vez. Num nó de saída entrou normalmente, mas sinto que para ele foi como se tivesse dado um beliscão a um boxeur; não se importou. Aproveitei a longa curva para premir mais o acelerador… e nada. O Stelvio catapulta-se, mas mostra ter a aderência à altura da largura dos seus pneus.

Ao contrário do Giulia, o Stelvio tem tração Q4, ou seja, às quatro rodas. Mas ainda assim, o seu comportamento não parecia ir ao encontro da sua dimensão massiva.

Saindo para longe do trânsito, o modo D (de Dynamic) tinge o painel de instrumentos de vermelho e o pedal fica extra reativo, com este bloco gasolina a ter uma resposta mais imediata, sem perdas. As trocas de mudança feitas nas patilhas acontecem com alguma brusquidão (desejada), quando vamos mais focados. A direção é rápida, e faz-me pensar que se este Stelvio não tivesse uma boa suspensão, noutro SUV já estaria a pedir para me comprarem livros de palavras-cruzadas para quando estivesse no hospital.

As sequências de curva começam e o Stelvio continua a ser um autêntico lutador que parece não se cansar. Acima do Dynamic, está o Race. Quando selecionado, abrimos um “novo mundo” com o escape a soar mais perto de uma proposta de Maranello; o alerta ESP OFF deixa-me apreensivo, mas as altas doses de aderência dão confiança para enfrentar esse aviso em amarelo que me diz: “agora não podemos brincar”. O som de escape invade o habitáculo, e cada passagem emite um som estridente e tudo fica ainda mais sensorial. Um SUV a fazer isto? Mas como? Que lei da gravidade é que eu ultrapassei com os 510cv?

A travagem com o pé esquerdo é possível aqui (ainda que não tão genial como no Giulia, por irmos mais elevados), aguentando bem as exigências de uma massa de 1905Kg. Nunca explorei os seus limites, até porque tal como o modo indica, estou no Race, mas andando a “três décimos” o Stelvio mostra que pode ser um verdadeiro Quadrifoglio.

A aceleração demora apenas 3,8s dos 0 aos 100km/h, com a velocidade máxima a ser de “apenas” 283km/h, digo apenas porque o Giulia atinge 307km/h. Os Italianos ainda não conheceram os limitadores de velocidade…

Vamos a valores. Os consumos, em andamento normal, sem abuso, mas também sem parecer um trabalhador a caminho do emprego depois das férias de verão, ficaram em 11,8L/100km. Se andarem a querer ouvir o escape, subimos para valores com os quais a refinaria de Sines ficaria feliz e um gestor de conta infeliz. Por falar nisso, o preço de um Alfa Romeo Stelvio Quadrifoglio começa nos 132.950€, com esta unidade, brilhantemente configurada, a custar 143.250€. Comparando os preços base com os do seu “irmão” Giulia Quadrifoglio, são mais 20.165€ a pagar, justificado pelo facto do Stelvio contar com tração integral.

Agora a questão que toda a gente faz: “Este, ou o Giulia?”

A resposta é simples: não são comparáveis. São automóveis com estilos diferentes, embora partilhem entre si muitos componentes, e um público alvo quase igual. Mas a diferença está no “quase”. Eu faço parte da equipa que continua a preferir o Giulia, porque gosto de “andar mais perto” do chão, mas ao contrário do que poderia fazer com propostas semelhantes (em comparações semelhantes), não irei criticar quem comprar o SUV, porque este Stelvio Quadrifoglio é um verdadeiro SUV Desportivo e que cumpre melhor do que seria esperado na parte dinâmica.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!