Home Ensaios Teste completo – Toyota Yaris Hybrid Premier Edition

Teste completo – Toyota Yaris Hybrid Premier Edition

Teste completo – Toyota Yaris Hybrid Premier Edition
0
0

“Um Yaris para todos”

 

Chegado à sua quarta geração, o Toyota Yaris mostra-se totalmente renovado em todas as áreas. O modelo junta agora a uma maior emoção das suas linhas exteriores, um interior mais tecnológico e agradável, para além de um novo sistema híbrido que promete ser ainda mais eficiente.

O objetivo deste modelo, num segmento que está marcadamente a “descartar” os motores diesel, é bastante claro: quer ser um dos mais vendidos da sua classe.

Se querem que vos diga, acho que tem atributos para tal, como entendi nos dias que andei com este pequeno Toyota. Sim, pequeno, isto porque ao contrário do que pode parecer, o Yaris está mais compacto, com a sua dimensão exterior a ser encurtada 5 milímetros no comprimento, medindo agora 3,94m. Mas, tal como a geração original lançada em 1999, o modelo conta com a filosofia big-small, com um aumento da distância entre eixos em 50mm, garantindo assim mais espaço para os ocupantes.

O seu novo desenho exterior esconde ainda mais diferenças no que toca a dimensões, é mais largo (50mm) e mais baixo (40mm), o que em conjunto com umas vias mais largas dão a este Yaris umas proporções mais agressivas, quase como se se tratasse de uma versão desportiva.

Mas não. Essa está destinada ao GR Yaris, que já me tira noites de sono.

Tudo isso em conjunto com linhas mais aguçadas, inspiradas também pelo Corolla, – que também teve uma evolução deste tipo, quando deixou de se chamar Auris – assim como um capot mais proeminente, tornam-no mais cativante esteticamente. A traseira é a secção mais desportiva do modelo, com uns grupos óticos colocados numa moldura negra que a atravessam de ponta a ponta, elemento que dá a sensação também de uma maior largura, assim como o para-choques com umas “ancas” mais proeminentes.

Nesta versão Premier Edition, a cor Coral Red é única e exclusiva, oferecida com o teto em contraste e jantes de 17’’ polegadas, tal como a versão Square Edition, aquela que se pensa vir a ser a mais vendida em Portugal.



Abrindo a porta, encontramos um interior que também ficou mais maduro e premium do que anteriormente. Os revestimentos são mais cuidados, ainda que se encontre muito plástico duro típico deste segmento, mas há uma maior sensação de bem-estar a bordo do novo Yaris. Ajuda a isso o novo desenho do tablier, que continua ainda tradicional, mas com uma boa ergonomia dos comandos. O painel de instrumentos é 100% digital nesta versão, com dois elementos redondos ao que a marca chama de “Mostradores Binoculares”.

O da esquerda, para além de informar a relação que temos engrenada, informa ainda o fluxo de energia que estamos a usar; enquanto o da direita, para além da velocidade, indica-nos o nível de combustível, assim como a temperatura da água.

Já ao centro, contamos com um computador de bordo, muito completo, a cores, que nos informa de praticamente tudo o que se passa com o nosso Yaris. Nesta versão Premier Edition, para além do bom sistema de som JBL, contamos ainda com Head-Up display que projeta as informações diretamente no vidro, e é elemento exclusivo no segmento.

Outro ponto importante, ainda cá na frente, é a muito boa posição de condução, que pode ser mais baixa e com pernas mais esticadas, conferindo uma boa ligação entre o condutor e o automóvel. Para além disso gostei igualmente dos espaços de arrumação centrais, seja nos porta-copos, no espaço abaixo do ecrã multimédia e ainda outro, com espaço para carregamento por indução, abaixo dos comandos da climatização.

Os lugares traseiros são suficientes para dois passageiros, não são os mais espaçosos da sua classe, mas também não estão muito abaixo da média se compararmos com marcas generalistas mais populares neste segmento. A bagageira apresenta 270L de capacidade, uma das mais pequenas da classe. Ainda assim, a Toyota, sabendo isso, prepara já o lançamento do Yaris Cross em 2021, para quem precisa de mais espaço.



Agora que já se viu tudo de forma estática, importa saber como se comporta este Yaris, já que a Toyota fez também mudanças neste campo, com essas diferenças a serem notórias desde os primeiros metros, parecendo até que o Yaris saltou uma geração.

Para começar, o sistema híbrido é novo, composto por um novo motor a combustão com 1.5L de capacidade e uma arquitetura de 3 cilindros, oferecendo 93cv e 120Nm de binário. Junta-se a outros dois motores elétricos e uma bateria que agora é composta por iões de lítio. No total, são 116cv que trabalham constantemente para conseguir consumos muito baixos, mas também um andamento mais interessante que na anterior geração.

Suave mesmo com três cilindros, o motor que teima em não se ouvir funciona em ciclo Atkinson, capaz de uma compressão de 14:1, e garante uma eficiência energética de 40%, o que em conjunto com os motores elétricos capazes de entregar 80cv garantem um consumo de combustível muito baixo, com 3,8L/100km a serem homologados pela marca em ciclo WLTP. Já eu consegui neste ensaio uma média de 4,2L/100km, no final de 600km de uso normal e combinado.

O sistema elétrico agora também está mais “forte”, fazendo com que este Yaris consiga, com algum jeito, circular até aos 130km/h em modo zero emissões. A bateria é nova, do tipo íon-lítio, mais pequena que anteriormente, com menos células e 12kg mais leve, o que também ajuda na dinâmica.

Tudo ajuda, ainda mais a um automóvel que tem agora uma melhor qualidade no seu pisar. É mais estável nas suas reações, ao mesmo tempo que ainda consegue oferecer uma maior dose de conforto face à geração anterior. Talvez o ponto mais responsável por estes melhoramentos seja a suspensão, que graças a um eixo traseiro que é 80% mais rígido que anteriormente, consegue montar um conjunto mais macio.

Basicamente, o Yaris parece mais “crescido”, está mais dinâmico, ainda que não seja uma proposta que paute pela diversão. Consegue, ainda assim, atacar percursos sinuosos um pouco mais “alegremente”, graças a uma direção que também me pareceu com melhor peso e mais direta. Ágil talvez seja a palavra certa para descrever o comportamento do novo Yaris.

Este Toyota consegue ser um bom companheiro de dia-a-dia, com um desempenho excelente em cidade onde o sistema híbrido usa muito os seus motores elétricos, conseguindo consumos abaixo dos 4 litros a cada cem quilómetros. Fora dela, consegue ser agora mais “adulto” e oferecer um maior conforto, com uma transmissão e-CVT muito mais “domada” e menos intrusiva, e que continua no compasso dos baixos consumos.

Que pontos menos positivos achei no Yaris?

Para além de um espaço interior e uma bagageira que poderiam ser mais generosos, mas que é justificado dentro da sua gama com opções mais familiares, achei o funcionamento da persiana do teto panorâmico algo frágil, com duas persianas que se unem a meio do vidro e que depois “destrancam” após pressionar as extremidades.  Algo que poderia ter sido descomplicado por parte da marca.

Apenas isso. E isso revela muito sobre o novo Toyota Yaris. Um automóvel que sabemos de antemão que não nos vai conquistar pela diversão ou dinâmica, mas sim pela sua utilização polivalente e uma economia praticamente sem igual, para além de uma elevada fiabilidade. Uma proposta que agora junta a isso uma imagem mais atraente e jovial, que também não choca a um cliente mais tradicional.

Esta versão Premier Edition mais parece um mostruário do que este modelo pode contar como equipamento, onde não falta o sistema de som JBL, os faróis LED, as jantes de 17, nem o teto panorâmico e toda uma panóplia de elementos de segurança ativa e passiva, onde se estreia o airbag central, entre o condutor e passageiro.

Tudo por um preço de 26.690€, mas numa gama Hybrid que se inicia nos 20.990€.

Basicamente, é difícil fazer render melhor um tanque com sem chumbo 95, por menos dinheiro.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!