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Teste Completo – DS 9 E-Tense 360 4×4 Performance Line +

Teste Completo – DS 9 E-Tense 360 4×4 Performance Line +
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“Premium exótico”

 

O DS 9 é o novo “porta-estandarte” da marca de luxo do grupo Stellantis. A tarefa não é fácil, a de combater com as propostas alemãs mais conhecidas, num mercado que parece não acalmar a “febre” pelos SUV, tentando, ao mesmo tempo, conseguir provar que é possível ser um automóvel de luxo francês no século XXI.

Para este primeiro ensaio completo, esteve à prova a versão mais apetecível – mas também a mais cara – do DS 9, o E-Tense 4X4. Um híbrido Plug-in (assim é composta toda a gama DS 9) com 360cv e, tal como o seu nome indica, tração integral. Será uma verdadeira “Escolha Premium”?

 

Exterior

O DS 9 é grande, é essa a primeira sensação que temos ao chegar perto da proposta da marca francesa. Na verdade são quase “cinco metros de automóvel” (4,93m), mas, depois do primeiro impacto, começamos a reparar nas suas linhas modernas, sem excesso de vincos, com superfícies suaves graças a elementos como os puxadores embutidos. Numa outra fase, começam a surgir os detalhes…

Na dianteira contamos com uma grelha típica da marca, a DS Wings, que nesta versão Performance Line + perde alguns dos seus cromados, dando-lhe uma imagem mais “misteriosa”, com um interessante e complexo padrão na grelha. Os grupos óticos recebem-nos com um “cumprimento” típico, como o já encontrado no DS 7  Crossback desde 2017, com a rotação dos elementos dentro do próprio farol. O grande motivo de destaque na dianteira é mesmo a faixa que percorre o longo capot, com um acabamento “Clous de Paris” a levar-nos para uma outra época de maior classe e requinte.

A lateral é a secção onde notamos até um certo ar “presidencial”, não sei se devido à cor preta, mas o DS 9 é um automóvel que impacta nas suas formas, simples e tradicionais, mas ao mesmo tempo com um elevado cuidado. As jantes de 20’’ polegadas, exclusivas desta versão E-Tense 4×4, escondem ainda um sistema de travagem sobredimensionado da DS Performance.

Se na lateral já os víamos, é na traseira que melhor os podemos apreciar. O DS 9 tem, no topo do pilar C, umas pequenas luzes laranjas que estão ligadas em andamento. Chamadas de DS Cornets levam-nos até à altura do “original” DS de 1955, sendo um ponto de destaque no design.

Mas não fica por aí, já que os farolins traseiros totalmente em LED contam com um desenho tridimensional, enquanto a terceira luz de stop, de grandes dimensões, está escondida numa espécie de spoiler mais recuado. O DS 9, no seu exterior, é feito de detalhes, o que lhe dá a distinção necessária num automóvel deste tipo.



Interior

O interior é onde o DS 9 pretende (também) cativar o seu cliente, com uma maior atenção ao detalhe e um requinte acima da média. No entanto, a versão DS Performance Line deixa o revestimento em pele em detrimento dos revestimentos em alcântara, algo que “mascara” um pouco a sensação de luxo que a DS pretende dar ao modelo. Aqui, deixamos o conselho para que se escolha a versão Rivoli +, que lhe dá um aspeto mais luxuoso e em linha com o propósito do modelo, com a possibilidade de escolher, no interior, o ambiente Opera que reveste muitas das superfícies em pele e que lhe dá “pontos extra” na sensação de qualidade, aumentando a sensação de conforto.

Deixando isso para trás, o habitáculo do DS 9 é agradável, contando com uma organização muito semelhante à que encontramos no DS 7 Crossback, produto vencedor da marca. No entanto, devido ao tempo que o modelo demorou a chegar ao mercado, não conta com o mesmo sistema multimédia que encontrámos no novo DS 4, uma evolução face ao que encontramos neste “topo de gama” da DS, algo que também é bem notório na qualidade inferior das câmaras de ajuda ao estacionamento e na ausência de tomadas USB-C. 

O espaço atrás, porém, é bastante maior do que encontramos no SUV da marca gaulesa, com boas quotas em todas as direções, principalmente para as pernas. Aqui ainda encontramos saída e controlo de ventilação dedicado, assim como duas tomadas USB. A bagageira é também “gigante”, com 510L de capacidade.

Voltando ao ponto anterior, no ambiente Opera, passam a contar com bancos laterais traseiros aquecidos, ventilados e com função de massagem.

Para além disso, o sistema de som Hi-Fi Focal (disponível por 1000€) é outro upgrade a ter igualmente em conta, algo com que esta unidade contava. O sistema é composto por 14 altifalantes, que conferem um som de elevada qualidade, algo essencial para um automóvel deste tipo.



Condução

Esta versão E-Tense 360 4×4 é a mais apetecível, mas por 12.800€ que a versão de 250cv e tração dianteira, conta com uma carreira comercial mais complicada, mais ainda quando não pode contar com o incentivo para empresas, já que não atinge os 50km de autonomia elétrica necessários para isso, algo que a versão mais comedida (E-Tense 250) atinge.

Por outro lado, sem pensar em custos, é a versão que todos gostaríamos de ter. Com 360cv, é impossível ser lento (os 5,6s que demora a cumprir os 0 aos 100km/h provam-no). Esta potência é conseguida graças ao conjunto entre o motor 1.6 PureTech com 200cv e dois motores elétricos, um de 110cv no eixo dianteiro e outro de 113cv no eixo traseiro, conferindo-lhe, por isso, a tração integral.

A agilidade acaba por impressionar face à sua generosa dimensão e peso (1984kg), com a tração integral a garantir uma boa dose de aderência e a parecer ser a escolha lógica para esta proposta – se os euros não fossem problema. Mesmo em condições de condução normal, é notória a ajuda do eixo traseiro, que ajuda a gerir a sua maior dimensão, digna de um modelo de segmento E.

A suspensão, porém, não é tão confortável como esperado, talvez a versão E-Tense de 250cv com jantes de menores dimensões e menos preocupações dinâmicas seja a ideal para o cliente mais maduro deste DS 9. Mas atenção, o DS 9 está muito longe de ser um automóvel desconfortável, nunca o é, mas nota-se que para conseguir oferecer algum dinamismo extra não se importou de deixar cair por terra algum daquele conforto que pensaríamos encontrar. No entanto, é mais confortável que o seu “primo” Peugeot 508. A autoestrada é claramente o seu lugar de eleição, mas em cidade e em piso empedrado, nota-se esse maior enrijecimento da suspensão, de forma a oferecer uma melhor experiência ao condutor.

Quanto a consumos, não conseguimos comparar com a versão E-Tense de 250cv, mas este 360 4×4 conseguiu apresentar, nos seus primeiros 100km, um consumo combinado de 4,7L/100km, continuando depois disso com um valor a rondar os 6,2 a 7/100km. Muito depende do modo de condução utilizado, que no caso deste DS 9 E-Tense 360 4×4 pode variar entre o Elétrico, Conforto, Hybrid, Desportivo e o inédito modo 4×4.

A autonomia elétrica apresentada pela marca é de 47km, mas podemos contar com uns mais realistas 40km. Em termos de carregamento, com uma ficha com potência de 7,4kW, é possível carregar totalmente a bateria em pouco mais de duas horas.



Conclusão 

O DS 9 tem uma tarefa bem maior do que a sua generosa dimensão. Não é fácil competir com uns concorrentes tão bem treinados quanto os alemães, com a dificuldade de combater num mercado que “foge” das berlinas preferindo os SUV. O preço desta versão Performance Line+ mais potente – a partir 76.000€, com a unidade ensaiada a custar 83.900€ – também não ajuda. Por outro lado, é agradável ver uma solução diferente, coisa que, para alguns, pode valer bem mais pela sua exclusividade. O espaço a bordo é outra das suas grandes vantagens. Mas faça um favor a si mesmo e opte pela versão Rivoli + com inspiração Opera, o que eleva o DS 9 a outro patamar.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!