“O bom gigante”
Regressámos ao Volvo XC90 T8, um dos melhores automóveis familiares premium. É também o maior Volvo que podemos comprar, por enquanto. Agora renovado, é mais eficiente do que nunca. Mas será o suficiente?
Mesmo após quase sete anos do seu lançamento no nosso mercado, o Volvo XC90 continua a ser um daqueles modelos especiais, ao qual não conseguimos ficar indiferentes na altura de partilhar uns dias a seu lado. O modelo contou com algumas, muito ligeiras, alterações estéticas que lhe permitem estar ainda atual, quase como se tivesse tomado um “elixir da juventude” de forma a manter os seus 4,95m de comprimento bastante atuais.
As diferenças são mais percetíveis em pormenores na sua grelha, assim como nos para-choques, mas só alguém muito atento irá reparar. As diferenças verdadeiramente importantes estão debaixo do seu “corpo”, mas já lá vamos…
O interior é um verdadeiro tratado de conforto, apresentando materiais de elevada qualidade e uma ampla sensação de espaço, fator aumentado graças ao ambiente mais claro desta unidade em ensaio. Falar de conforto não é surpresa, com uns bancos que nos sabem receber, garantindo elevado conforto em viagens mais longas. Atrás, três lugares independentes na segunda fila ajudam na gestão e espaço, sendo também muito confortáveis. Quando sete têm de ir a bordo, existem mais dois bancos escondidos no piso da bagageira, não sendo apenas de recurso. A bagageira, essa, passa dos 640L quando estamos com lotação para cinco, para os 262L quando vão sete a bordo. Ou seja, ainda há espaço para malas.
Mesmo estando perante uma versão “Recharge”, a boa arrumação das baterias e motor elétrico não impacta o espaço interior. Mesmo na bagageira, há um local próprio para a arrumação dos cabos de carregamento…
Voltando ao lugar do condutor, o painel de instrumentos é o que já conhecemos, 100% digital, possível de ser personalizado e bastante completo e de fácil leitura. O que se quer. Ao centro, esta unidade ainda não contava com o novo sistema multimedia feito em parceria com a Google. Ainda assim, é fácil de utilizar, destacando-se o facto de estar colocado em posição vertical. O sistema de som Harman Kardon, não está ao nível do anterior Bowers & Wilkins que já testámos, mas oferece, ainda assim, uma boa experiência acústica.
O que não mostra ter lugar a poupança é a segurança, não fosse esse o maior orgulho e herança que a Volvo nos deixou. Assim, existe um variado leque de equipamentos de segurança ativa, que não impactam muito na tarefa da condução, mas estão lá, sempre que necessário. Destaque para o cruise-control adaptativo que continua a ser um dos mais bem afinados do mercado, não apresentando hesitações, ainda que dê a opção de ser desligado pelo condutor de forma a ter um cruise-control dito “tradicional”.
Agora vamos às novidades.
Anteriormente, o Volvo XC90 T8 já contou com 407cv, vendo essa potência reduzir para os 390cv. Agora, graças a uma atualização no motor elétrico traseiro, a potência global aumenta para os 455cv. Dessa forma, estamos perante o Volvo mais potente de sempre, não apenas o XC90, mas todos os Volvo vendidos atualmente e que tenham o “carimbo” T8 na sua traseira.
Talvez mais importante do que isso, a bateria passou dos 11,6kWh para os 18,8kWh, o que permite que o XC90 T8 Recharge apresente uma autonomia elétrica de 64km em ciclo combinado, ou uns “muito confiantes” 81km em ciclo urbano.
Bem, na verdade e em condições normais, esse valor não foi atingido. Contudo, é notório o aumento dessa autonomia, que conseguimos com que fizesse mais de 50km em modo elétrico. Assim, e gerindo bem a carga graças aos modos de condução, assim como os modos Charge ou Hold, é possível fazer os primeiros 100km depois de uma carga completa com pouco mais de 5L aos 100km.
O pior é quando circulamos sem preocupações com carregamentos, aí temos de contar com valores que rondam entre os 8 e os 10L/100km.
Mas temos de ver que “durante a semana”, se for bem utilizado, este XC90 T8 Recharge já consegue, agora, ser mais eficiente. Mesmo tendo em conta as suas dimensões bastante generosas, os seus sete lugares e os 2300kg de peso.
Em termos de condução, o XC90 T8 Recharge não se sente como o Volvo mais potente de sempre, mas é um SUV rápido, isso é, uma rapidez suave com o ponteiro da velocidade a escalar mais rápido que deixa alguém que não saiba a potência, impressionado. Contudo, graças ao peso que foi dito acima, mesmo com tração às quatro rodas, não se espere performances excitantes em curva. Este XC90 quer oferecer conforto aos passageiros e não motivos de enjoo.
No final, o Volvo XC90 T8 Recharge continua a ser, para muitos, um automóvel de sonho, principalmente se precisarem de sete lugares, razão mais do que suficiente para escolher este Volvo. Contudo, se esse não for o caso, o XC60 poderá ser uma escolha mais indicada, graças a dimensões mais compactas e, graças a isso, uma condução mais ágil.
A situação da bateria aumentada é muito bem-vinda, permitindo que este XC90 T8 Recharge consiga fazer, pelo menos nos primeiros 100km, consumos dignos de um utilitário, sendo agora classe 1 nas portagens com sistema Via Verde, o que é mais uma ajuda nos custos de utilização. Já o preço, desde 88.743€ (unidade ensaiada 94.394€), é que não é bem um caso de acessibilidade, mas está em linha com os seus rivais… menos potentes.
