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Renault Kadjar 1.5 dCi 110 Exclusive

Renault Kadjar 1.5 dCi 110 Exclusive
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“Nunca é tarde”

O Kadjar é, talvez, um dos lançamentos mais importantes que a Renault já fez nos últimos anos. Para entenderem, comecem o seguinte pensamento juntamente comigo: a marca francesa é campeã de vendas no nosso país há 20 anos, e, nos últimos 10, começou por toda a Europa um interesse desmesurado por Crossover’s e SUV em vez das habituais carrinhas, que nós portugueses sempre adorámos. Portanto, se a Renault conseguiu ser campeã sem um crossover médio, alternativo às carrinhas, o Kadjar poderá assegurar essa liderança por mais uns bons anos. Mas para isso, terá de ser realmente bom. Vamos ver se ele está à altura da tarefa, e se consegue assegurar essa liderança.

Num primeiro impacto visual, podemos ver que muito é aproveitado do Nissan Qashqai, o seu “primo” da aliança Franco-Nipónica feita em 2001, o que começa logo por não ser mau, já que o seu “primo japonês” é líder de mercado, desde que a primeira geração foi lançada em 2007, e parece não sair de lá. Mas ainda assim, o Kadjar consegue ter uma imagem própria. Logo na frente, mais alta, trouxe-lhe alguns problemas a nível da classe das portagens, que lhe atrasou o lançamento em Portugal, mas com isso, dá ao modelo francês uma imagem mais robusta, muito inspirado no pequeno crossover, o Captur. Na lateral, não precisamos de fita métrica para ver que o Kadjar é bem mais longo que o Qashqai, são mais 11cm no comprimento total, o que fará concreta diferença no capítulo do espaço e da capacidade da bagageira.

A traseira é talvez o ponto que mais se diferencia do resto. A chapa da matrícula passa para o pára-choques, os farolins de grandes dimensões assumem o destaque, enquanto o nome do modelo se apresenta no portão da bagageira. Podemos começar a análise ao interior, precisamente por aí.

Abrindo este portão, encontramos 472l de capacidade, um bom valor, dos maiores do segmento. Este espaço conta ainda com um piso completamente plano e liso, facilitando as cargas e descargas, podendo ainda ser aumentado de duas formas: seja “jogando” com o piso da bagageira que pode ser retirado, dando assim mais 55l, ou rebatendo os bancos, criando uma superfície quase plana, com um total de 1478l.

O amplo espaço continua também nos lugares traseiros, com quotas de espaço bastante interessantes quaisquer que sejam as direcções, uma mais valia para um automóvel familiar deste tipo.

O resto do interior continua a diferenciar-se. O tablier prima por linhas simples, com os comandos a estarem dispostos de um forma ergonómica, exceptuando o cruise-control, na consola central. Este interior é também bem construído, mas cosegue, ainda assim, uma filosofia diferente do resto da gama, como por exemplo a do Megane ou da nova Scenic. Isto porque não conta com o design mais futurista destes dois, nem com o novo sistema multimédia de grandes dimensões, disposto de forma vertical, mas com um mais “normal” touchscreen de 8’’.

De qualquer maneira, nada falta no interior do modelo nesta versão Exclusive, ainda para mais devido à inclusão do opcional Pack Safety, que por 650€ oferece o alerta de ângulo morto, sistema de travagem de emergência e sistema de ajuda ao estacionamento lateral. De resto, os bons bancos revestidos a pele e tecido são de série, bem como a navegação e o ar condicionado bi-zona.

Sentados ao volante, contamos com uma posição de condução elevada e correta. O motor 1.5 dCi de 110cv é o único disponível da gama, com apenas duas versões à escolha, a XMOD, mais radical e aventureira, e a Exclusive, mais citadina e familiar. A última é a presente, e distingue-se devido ao menor uso de plásticos negros em torno da cava das rodas. O conforto é notório com acerto mais suave da suspensão que foi revista para a versão nacional, de maneira a ser Classe 1 nas portagens, com o uso da Via Verde. O eixo traseiro vem da versão 4×4 não comercializada no nosso país. Em condução, o Kadjar não pode ser considerado um fun-car. Também não é para isso que foi criado, mas sim para conseguir ser um excelente automóvel para se ir do ponto A ao ponto B, com algumas aventuras pelo meio, já que as irregularidades do piso são bem absorvidas. Sendo um bom estradista, este modelo está apto para grandes viagens, mas para isso precisamos da ajuda deste propulsor.

O 1.5 dCi consegue andamentos normais, mas não se espere dele um super-andamento, os 110cv não conseguem fazer milagres com toda esta carroçaria, contudo, a caixa é suave, mas não muito precisa tendo um curso longo, sendo tudo isso desculpado pelos consumos baixos conseguidos por este modelo, que em todo este ensaio, e numa condução normal, fixou esse número em apenas 5,5l a cada cem quilómetros percorridos.

É o Renault Kadjar uma boa escolha? A marca esforçou-se para criar um crossover para este segmento, e seguiu o pensamento lógico de usar a base do best-seller dos crossovers, dando a sua imagem pessoal, criando assim um produto bastante melhor que o antigo Koleos, que teve muito pouco sucesso a nível de vendas. Por isso, o Renault Kadjar é um automóvel espaçoso, confortável e económico. Contudo, não é a escolha certa para quem procura grandes emoções ao volante, nem grandes prestações. Mas essas duas coisas são estranhas para muitos dos clientes deste segmento, daí o Kadjar ser um automóvel mais racional.

Renault Kadjar 1.5 dCi 110 Exclusive

Especificações:
Potência – 110cv às 4000rpm
Binário – 260Nm às 1750rpm
Consumo Combinado Anunciado – 4,4L/100km
Consumo Combinado Medido – 3,9L/100km

Preços:
Renault Kadjar desde: 29.710€
Preço da unidade ensaiada com extras: 32.680€

Kadjar 1.5 dCi 110
14.9 Pontos
O que gostámos mais:
- Habitabilidade, Consumos;
O que gostámos menos:
- Apenas uma escolha de motor; Caixa de velocidades;
Resumindo e concluíndo:
O Kadjar é como dissemos, um modelo importante no seio da família Renault. É um automóvel completo, não sendo por isso brilhante em nenhum campo, ao mesmo tempo que também não desilude em nenhum deles. Muito ao exemplo do Nissan Qashqai
Motorização13.5
Perfomances14.5
Comportamento13.5
Consumos16.5
Interior15
Habitabilidade17
Materiais/Qualidade de construção14
Equipamento de Série15
Value for Money15

“A pontuação acima é totalmente da nossa opinião. Esta, tem a ver com o modelo e versão ensaiadas, tendo em conta o segmento onde a mesma se insere.”

Legenda da pontuação:
0-5: Mau;
5-10: Satisfaz Pouco;
10-15: Razoável;
15-17: Bom;
17-19: Muito Bom;
19-20: Excelente;

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!