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Mazda MX-5 (NA vs ND): Duelo de irmãos (Parte 2)

Mazda MX-5 (NA vs ND): Duelo de irmãos (Parte 2)
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“Modernista, não quer dizer comodista”

Eu respeito o Alexandre, aliás, quando tenho uma dúvida em alguma coisa técnica em relação a um automóvel é a ele que ligo. Mas há uma coisa em que não conseguimos concordar: na parte do “Novo vs Antigo”. Aí estamos quase sempre em desacordo.

Eu também me lembro bem quando chegámos à Mazda e, tal como ele, não olhei para o outro carro, o outro que era o NA. Atenção, eu respeito muito este que é “O” Roadster, acho que foi um dos mais importantes marcos do mundo automóvel moderno, e que sem ele, não tinha esta nova geração à minha frente. Mas como é que posso não estar aqui a exasperar por entrar neste brilhante ND com o motor 2.0, aspirado de 160cv, montado longitudinalmente!?

O Soul Red puxa por mim, os bancos Recaro opcionais pedem para que me sente, prometendo-me um abraço. Esta doença dos carros está a atacar-me de novo e com toda a sua força. Eu vou usar a mesma analogia que o Alexandre usou do Futebol, eu também torceria pelo Rio Ave, gosto de underdogs, mas não sou louco ao ponto de preferir jogar lá ao invés de driblar umas bolas pelo Real Madrid. Eu gosto de evolução e de mordomias. O ND é isso mesmo, o sucessor mais refinado. O ND é mais rápido, mais seguro, mais confortável, cheio de coisas que me vão tornar a vida melhor… penso que ele vai ter inveja do meu ar condicionado.

Outra coisa que me torna amante de objectos mais recentes é o design, embora admita que certos desenhos são intemporais. Acho o ND mais bonito, as suas linhas orgânicas e cheias de vincos (e de vida) dão personalidade a este modelo e as rodas bem nos cantos da carroçaria de certa maneira antecipam a diversão que vou ter nas curvas. Vamos lá embora que a estrada chama por nós!

Este MX-5 que eu conduzo tem apenas 17km no odómetro, ou seja, estou incumbido de fazer rodagem, o que não me chateia muito, já que este Mazda é conhecido por divertir até em baixas velocidades (e rotações, leia-se). O interior é muito acolhedor, vamos bem perto do chão, mas o banco é elevado. O meu colega dos anos 90 queixou-se do mesmo, talvez seja mesmo feitio. Mas o interior é também bastante ergonómico com o volante bem dimensionado, e tanto os pedais como o manipulo da caixa de velocidades ao estarem bem posicionados puxam-nos para a mais pura experiência de condução.

Mais potência e quase o mesmo peso: o ND só pesa mais 50kg que o NA, mas eu tenho mais 50cv no “meu carro”, algo que me dá assim uma ampla vantagem.

O motor 2.0 leva-nos a um lugar puro, ou seja, um motor sem turbo. Numa era em que todas as marcas optam pela ajuda da “turbina sugadora de ar”, a Mazda preferiu continuar com o motor normalmente aspirado. Ainda assim, as performances são bastante aceitáveis, ou seja, 7,3s dos 0 aos 100km/h e uma maior força nos regimes intermédios. Mas o motor “dois mil” ganha ainda uns outros dois trunfos extra.

Digo isto porque o MX-5 passa a contar com um diferencial mecânico autoblocante, que aumenta a tracção à saída das curvas, o que o pode tornar mais divertido de conduzir, bem como mais eficaz. Para além disso, conta com amortecedores Bilstein que reduzem muito o adornamento de carroçaria, tal como o diferencial que o torna mais eficaz, mas mais desconfortável graças também às jantes de maiores dimensões face ao 1.5 SkyActiv-G.  Ainda existe uma outra diferença: os travões são maiores nesta variante.

Na prática, não quer dizer que por este 2.0 ser mais potente seja mais divertido de conduzir. A incisão em curva continua a ser bastante directa e comunicativa graças à direcção, a caixa de velocidades manual é uma delícia de utilizar, mas sentimos falta do rolamento mais notório do 1.5, que nos dá uma ligação mais imersiva ao automóvel…

E aqui parece que estou a preferir algo mais básico, tal como um NA? Não necessariamente. Acho porém que as coisas têm limites, e que por vezes uma boa receita não precisa de ser alterada, deve manter-se simples.

Portanto finalizo como foi dito pelo Alexandre neste texto sobre o NA, não necessitamos de 627 modos de condução, nem de soluções muito complicadas. Nós, amantes de automóveis, só nos queremos divertir. Este duplo ensaio serviu-nos a ambos para respeitar tanto os antepassados, como as novas gerações. A Mazda conseguiu evoluir este modelo sem o estragar, e a versão 1.5 era a que eu escolheria…

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!