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Mazda MX-5 (ND) 1.5 SkyActiv

Mazda MX-5 (ND) 1.5 SkyActiv
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”Simplesmente perfeito”

Existem automóveis, que devido às suas qualidades e tradições, foram elevados quase a um estatuto de culto. Tal torna bastante complicada a tarefa das marcas quando toca a pensar e conceber a próxima geração do modelo. Evoluir, redesenhar e melhorar sem perder a essência e a personalidade que os caracterizam. Mas existem em ocasiões em que não só tais qualidades são mantidas, mas radicalmente melhoradas. Casos como por exemplo, o Mazda MX-5, na sua geração ND. Ao retirar peso e simplificar, a Mazda criou um automóvel que tem mais que o antecessor.

É inegável a filosofia Kodo patente na conecepção deste roadster. Este movimento, partilhado ao longo de toda a gama da marca japonesa, é caracterizado por uma série de vincos, linhas e superfícies bem ângulares e muito dinâmicas, com este MX-5 a surgir como a derradeira demonstração do conceito, resultado num modelo extremamente bem conseguido. Confesso que quando o vi pela primeira vez, fiquei um bocado em choque, afinal de contas o desenho que evoluiu desde o NA foi radicalmente alterado. Mas passado o período de habituação fiquei um grande fã do novo design, onde as marcas de identidade mantém-se e permitem que esta nova geração seja facilmente identificada como um MX-5.

A frente baixa conta com os seus expressivos “olhos rasgados”, onde a grelha inferior que arrefece o 1.5 SkyActiv de 131cv lhe dá um ar aguerrido, ao invés do esboçado sorriso da anterior geração. Um pormenor delicioso é o longo capot com as suas duas bossas que mostram o limite dos flancos quando estamos sentados ao volante, o que nos permite colocar o MX-5 na estrada com precisão. Mas antes disso, tempo de olhar para a bonita lateral, com os arcos das rodas mais alargados e uma linha de cintura elevada, mesmo que o roadster seja muito baixo. A traseira tem um desenho limpo, com a chapa da matricula a passar pela primeira vez para o para-choques e os farolins de desenho inédito a contar com a moderna tecnologia LED.

Estreia também é o interior orientado em torno do condutor, onde posição de condução ideal é fácil de encontrar e onde conseguimos “vestir” o MX-5 como se fosse feito à nossa medida. O volante horizontal perfeitamente alinhado, o ergonómico comando da caixa de velocidades ao qual a mão “cai” naturalmente e a pedaleira com um espaçamento mais-que-perfeito para a execução do ponta-tacão, para além de melhor orientada, de forma a eliminar a fadiga sentida na anterior geração após alguns quilómetros ao volante (embraiagem demasiado longe, acelerador demasiado perto).

Mas agora temos ainda um interior com mais gadgets e mais equipamento. Ao centro encontramos o ecrã táctil muito completo que equipa toda a gama, que é controlado pelo joystick na consola central, de forma a não tirar os olhos da estrada. E acredite, não vai querer mesmo fazê-lo, já que o MX-5 imerge-nos de forma absoluta na sua condução.

Basta ligar o motor, com as rotações do motor 1.5 a subirem propositadamente mais que o necessário. Depois vem o tacto ultra-sensorial de todos os seus comandos. A direcção eléctrica providencia um bom feedback e a rapidez desejada, enquanto a caixa de velocidades é tipicamente Mazda, tipicamente MX-5, tipicamente ideal. Damos por nós constantemente a engrenar mudanças só porque sim, ao que ajuda também o agradável trabalhar deste motor, notado quando se executa sem esforço um ponta-tacão perfeito, graças à pedaleira de disposição exemplar.

Focando no motor, podemos começar por dizer que não é um atleta de fundo e não podemos esperar acelerações inebriantes (8,3s dos 0-100km/h) ou recuperações explosivas, mas o Mazda MX-5 também nunca foi sobre isso. O seu talento sempre foi fazer com que qualquer viagem, por mais mundana que fosse, se tornasse um ataque aos sentidos. A sua postura baixa, a posição de condução perfeita, os comandos de tacto mecânico que nos inundam de informação e o seu comportamento benigno, que faz com que seja nosso parceiro ao invés de atacar quando menos esperamos. Prova disso é a suspensão ter propositadamente algum rolamento, a fim de nos informar do que se passa com o chassis e dar-nos tempo de reagir de acordo com isso. O baixo peso (1050kg) só ajuda.

E se desejar utilizar o seu MX-5 todos os dias, pode contar com um roadster perfeitamente utilizável, graças ao conforto proporcionado pelo seu habitáculo, onde naturalmente, apenas o espaço não abunda. Em auto-estrada, o cruise control, ar condicionado e sistema multimédia (com navegação) contribuem para que os quilómetros passem sem esforço.

E como cereja no topo do bolo, os consumos são baixos, muito baixos. Na ordem dos 6 litros, numa condução puramente normal, ou seja, em dialecto de MX-5, sempre a sorrir…

Temos então aqui um caso daqueles chamados de “no brainer” ou seja, o Mazda MX-5 (ND) é daqueles automóveis em que não há razão para não se adquirir, porque para além do seu prazer de condução imenso, um excelente design, bom equipamento e conforto, apresenta ainda um baixo consumo e um preço que é uma grande surpresa. A unidade que ensaiámos é a mais equipada do 1.5 SkyActiv, mas ainda assim são pouco mais de 31 mil euros!

Desta vez vai ter o anjo no seu ombro esquerdo e o diabo no direito a aconselharem-no a fazer o mesmo!

 

Mazda MX-5 Soft Top 1.5 Skyactiv Excellence

Especificações:

Potência – 131cv às 7000rpm
Binário – 150Nm às 4800rpm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 8,3s
Velocidade Máxima (oficial): 204km/h
Consumo Combinado Anunciado (Medido) – 6,0l/100km (6,2l/100km)

Preços:

Mazda MX-5 desde: 24.979€
Preço da viatura ensaiada : 32.470€

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!