Home Ensaios Mazda3 2.0 Skyactiv-G Excellence

Mazda3 2.0 Skyactiv-G Excellence

Mazda3 2.0 Skyactiv-G Excellence
0
0

“O valor da personalidade”

Se há valor que aprecio na Mazda é o de a marca ter uma personalidade vincada, querendo fazer as coisas bem-feitas, com preocupações gerais, mas sempre fiel aos seus princípios. O novo Mazda 3 é um verdadeiro exemplo disso, seja visualmente ou na sua concepção.

O visual é mesmo o primeiro ponto que merece destaque nesta 4ª geração do modelo que já vendeu mais de 1 milhão de unidades no nosso continente. A sua imagem é uma evolução do anterior modelo, sendo agora bem mais ‘concepcional’ do que anteriormente, com umas linhas fluidas do estilo Kodo, que estão agora mais dinâmicas, mas também naturais, sem vincos muito pronunciados. As linhas são simples e com proporções “fora da caixa”, que tornam este modelo mais emocional. Grande parte dessa sensação é criada pelos expressivos pilares C, que criam uma traseira larga e baixa, singular e de bom gosto. Para além disso, a dianteira opta por um desenho também ele minimalista, onde o destaque vai para os grupos óticos rasgados, que se unem com a grelha de grandes dimensões.

A nova cor Polymetal Grey, apenas disponível no hatchback é, segundo a marca, uma das melhores tonalidades para apreciar este desenho da melhor forma. E nós não podemos negar. Nesta versão Excellence, o destaque vai para as jantes de 18’’, que ajudam muito no impacto criado por este exterior.

“As linhas são simples e com proporções “fora da caixa”, que tornam este modelo mais emocional.”

Se o exterior nos impressiona por essa simplicidade e modernidade de linhas, o mesmo se passa com o interior. Mas, se no exterior poderá existir alguma dualidade de opinião, é quase impossível não se gostar do ‘cockpit’ deste modelo de segmento C da marca. O desenho é simplista, com tudo a estar colocado de forma bastante ergonómica. O estilo e qualidade estão num nível altíssimo, não apenas nos materiais e superfícies, mas até no toque dos botões, que estão bem ao nível de um fabricante premium.

Agora, o Mazda 3 passa a contar com um ecrã TFT de 7 polegadas como painel de instrumentos, não sendo 100% digital, mas que consegue ser dono de alguma personalização, apresentando uma fácil leitura, num “casulo” onde o condutor está inserido, numa área dedicada à condução. O volante pode parecer exagerado na sua dimensão, mas em condução mostra ser o ideal, seja no seu diâmetro ou espessura, com comandos fáceis e de fácil habituação. Muito ao género do resto do habitáculo, onde “menos, é mais”.

O tablier praticamente conta com os comandos da climatização, estando o resto dos comandos, que controlam o novo ecrã de 8,8’ polegadas, a estarem colocados na consola central. Comandos renovados para um software totalmente novo, de visual agradável e muito completo, que se junta ao Active Driving Display (HUD), e dá uma sensação superior de tecnologia a bordo.

Essa sensação aumenta mais quando vemos todo o equipamento de série que esta versão Excellence traz de série, como cruise-control adaptativo, assistente ativo de via, máximos adaptativos, câmaras 360º, alerta de veículo no ângulo morto, entre muitos outros pontos de conforto, tais como os bancos em pele aquecidos (elétrico e com memória para o condutor), assim como o muito agradável sistema de som Bose com 12 altifalantes, que nos garante confortáveis viagens ao som das nossas bandas sonoras favoritas, sempre com a melhor qualidade.

“O volante pode parecer exagerado na sua dimensão, mas em condução mostra ser o ideal…” 

No interior resta falar do espaço, e aqui o Mazda3 não é tão capaz como outras propostas. Os lugares traseiros são confortáveis, mas aconselhados para apenas dois adultos, já que o lugar central é estreito e penalizado pelo túnel central. Além disso, a bagageira, com 358l, não é pequena mas está na metade de baixo do segmento.

Mas sendo um Mazda, muitas das suas mais valias são conseguidas pela condução, e o novo Mazda3 não deixa isso por mãos alheias. Existem dois motores na gama, um diesel de 115cv, e esta gasolina, de 122cv, mas que tem a particularidade de não contar com turbo, nem uma cilindrada baixa.

Em vez disso a marca achou melhor criar um 2.0 Skyactiv-G aliado a um sistema Mild-Hybrid (Mazda M Hybrid), que alia a performance de um motor deste tipo a uma boa economia de combustível. Os seus 122cv são bastante suaves e progressivos, enquanto o binário de “apenas” 213Nm não está muito abaixo dos seus concorrentes de menor cilindrada. Para a melhoria dos consumos, para além do sistema de auxílio elétrico de 24V, o motor permite desativação de cilindros, que a velocidade de cruzeiro poupa também preciosas gotas de combustível. No nosso ensaio, a média ficou em 6,6l/100km, um valor que merece nota positiva.

“Mas sendo um Mazda, muitas das suas mais valias são conseguidas pela condução, e o novo Mazda3 não deixa isso por mãos alheias.”

Mas obviamente não é só isso importa, a condução também, e por isso a marca aprimorou o sistema G-Vectoring Control, que foi na geração passada do modelo o primeiro sistema de controlo a fazer variar o binário do motor de forma a otimizar a carga vertical em cada roda, proporcionando um comportamento mais preciso e melhores níveis de conforto. Na prática, o Mazda3 é muito certo nas suas reações e tudo parece estar “sobre carris”, com movimentos neutros e seguros. A suspensão tem uma afinação que pende mais para o lado desportivo, sem se fazer notar em demasia, só em pisos mais maltratados.

A direção é precisa e direta, não sendo demasiado rápida (graças ao volante de maiores dimensões), sendo fácil de apontar em curva, dando o resto da confiança que poderíamos esperar. Não é o modelo mais dinâmico do segmento, mas não está longe disso. Prefere antes fazer uma “ponte” entre esse dinamismo e o conforto de um modelo deste segmento que seja usado para tarefas mundanas do dia-a-dia.

Contudo, fica a vontade de uma versão desportiva. Que a Mazda nos ouça…

No final, depois deste contacto, ter um motor “dois mil” não é uma ideia errada, de todo, desde que seja bem “confeccionada”, e a Mazda assim o fez. O automóvel está (ainda) mais agradável à vista e ao tato, com um interior cheio de melhorias. O comportamento não tem mácula e o motor oferece uma suavidade impar, e que não encontramos noutro modelo do segmento C. É um automóvel diferente, e pegando no início da letra da música “Outro”, dos M83, o Mazda 3 podia muito bem exclamar: “I’m the king of my own land”.

Não admira que a marca a tenha escolhido como música do anúncio “Feel Alive”, que demonstra bem a missão da marca (e que podem ver aqui)…


Mazda3 2.0 Skyactiv-G Excellence

Especificações:
Potência – 122cv às 6000rpm
Binário – 213Nm às 4000rpm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 10,4s
Velocidade Máxima (oficial): 197km/h
Consumo Combinado Anunciado (Medido) – 6,2l/100km (6,7l/100km)

Preços:
Mazda3 desde: 26.408€
Preço da unidade ensaiada: 32.156€


Carrega nas fotos e vê o Mazda 3 em maior detalhe:

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!