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Primeiro teste ao Honda Civic Type-R

Primeiro teste ao Honda Civic Type-R
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“Testámos o novo Honda Civic Type-R na Pista de Castelloli”

A letra R presente na sigla que equipa o mais desportivo dos Civic, o Type-R, representa “racing”, por isso, que melhor local para ter um primeiro contacto com este desportivo do que numa pista?

Assim foi, a Honda convidou-nos e sem hesitar seguímos para Barcelona, mais precisamente para o peculiar circuito de Castelloli, a cerca de 30 minutos da capital da Catalunha para ter um dia diferente, na companhia de quatro pilotos de primeira classe.

Este encontro ibérico tinha um ar informal. Da parte de Espanha, eram três os pilotos, todos das “duas rodas”: Márc Marquez e Dani Pedrosa, ambos do campeonato MotoGP e o campeonissímo na categoria de trial, Toni Bou.

A representar Portugal, e a receber por nós uma maior atenção estava Tiago Monteiro, que inicia em 2016 a sua terceira temporada com a Castrol Honda no muito disputado campeonato mundial de automóveis de turismo, o WTCC.

O plano era simples, depois de uma breve conversa com os quatro pilotos iríamos seguir para uma pista de testes no complexo da parcmotor, onde teríamos um primeiro contacto com o Civic Type-R, para depois ter a companhia do Tiago para 3 voltas bem “lançadas” na pista.

O ambiente bastante descontraído de pilotos em férias trespassou para toda a plateia de jornalistas e fez-se notar a camaradagem entre os  pilotos da marca, bem como o profundo conhecimento entre todos eles sobre as várias categorias disputadas. Foi também a altura perfeita para questionar um pouco sobre o futuro, com Marc Márquez e Dani Pedrosa a darem pela primeira vez as novidades acerca da moto Honda que irá competir no campeonato do mundo de MotoGP em 2016.

Toni Bou, o menos conhecido por nós demonstrou também uma grande simpatia e revelou já ter participado em várias corridas a bordo de um automóvel. O 18 vezes (!) campeão de Trial chegou mesmo a participar numa prova de resistência de 24h.

Tiago Monteiro parou o seu plano de testes a ter lugar em Jerez, para estar presente neste evento: “este ano vamos ter muitas diferenças no carro, mas ainda falta o upgrade de motor que deve chegar daqui a duas semanas (…) penso que estaremos mais competitivos no próximo ano”- revelou o piloto do Porto, sempre muito acessível, respondendo a todas as questões. Nós preferimos perguntá-las a bordo do Civic, durante as voltas que faríamos ao seu lado, mas já lá vamos.

Estava na hora de matar a nossa curiosidade em conduzir o Civic Type-R. Deram-nos a chave para a mão de uma unidade pintada de branco e partimos…

O primeiro contacto deu-se numa outra pista dentro do complexo, que também serve de escola de pilotagem. O trajecto bastante sinuoso e com diferentes tipos de pisos são óptimos para testar os diferentes de modos de condução e sentir como os 310cv se controlam num espaço tão apertado.

Primeiro, optei por seguir com todos os controlos de assistência ligados e ir descobrindo o Type-R. Os bancos são “obras de arte” e conferem um apoio muito bom, com todos os comandos a estarem perfeitamente posicionados. Nas primeiras curvas nota-se logo a precisão da direcção, quase telepática e o som do motor invade o habitáculo. Aqui foi logo um respiro de alívio por saber que o Type-R não perdeu uma das suas características mais marcantes. É diferente na tonalidade, mas nem por isso menos entusiasmante.

Na parte inferior da pista, encontra-se o Skid Pad com pouca aderência, onde éramos convidados a usar o travão de mão para “soltar a traseira” e ver a intervenção dos diferentes níveis de assistência. Se o VSA no modo normal é restritivo, embora não em demasia, um toque no botão +R e o problema estará resolvido.

As luzes outrora brancas viram vermelhas, o som de escape fica mais alto, a direção mais pesada, e o pedal do acelerador ganha uma precisão milimétrica. A suspensão procura agarrar cada milímetro de asfalto e tudo isto torna o Type-R num “monstro”!

A pista que era curta passa a ser ainda mais diminuta e as reações têm de ser hiperápidas, com o Type-R a parecer que se “dobra a meio” graças ao sistema que torna a condução mais ágil melhorando a estabilidade especialmente no responder aos mais rápidos golpes de direcção, como por exemplo as manobras que efectuávamos nesta pista. O sistema é acionado através do controlo de estabilidade que trava imperceptivelmente a roda traseira interior.

Passadas algumas voltas, constatamos que os travões Brembo de alto rendimento assumem muito pouca fadiga, com os discos ventilados e perfurados de 350mm na frente a dissiparem muito bem o calor.

Altura de seguir até ao circuito de velocidade, com 4146m e uma diferença elevatória tremenda, apresentando um pendente de subida e descida de mais de 8%. Este circuito foi desenhado com o auxilio de pilotos de motociclismo como Carlos Checa, Toni Elias e Alex Crivellé.  Inaugurado em 2009 apresenta também uma configuração muito distinta em forma de “8”.

O Tiago espera-nos num Type-R vermelho. É agora que vamos poder constatar a potência do motor 2.0 Turbo com 310cv e como disse anteriormente, aproveitar também para fazer algumas perguntas.

Como só conhecia a pista em vídeo, o piloto da Honda fez questão de me mostrar à mais rápida velocidade. Esta é exigente para as mecânicas, com uma mistura de curvas lentas e rápidas com a maior parte dos pontos de travagem a serem feitos em descida. A vantagem era a baixa temperatura que se fazia sentir, a rondar os 4º graus centígrados.

Primeiro perguntei ao Tiago acerca das férias:

“Foram só dez dias, acabámos muito tarde, dia 3 ou 4 já estava a voltar ao trabalho. Voltei agora a testar e a preparar o carro para a próxima temporada, mas é um bom trabalho, não me posso queixar…”

Concordando com a última afirmação do Tiago toco em duas questões acerca do WTCC, a primeira sobre os seus novos colegas de equipa (Norbert Michelisz e Rob Huff) e a segunda sobre a entrada da Volvo:

“O Norbert já o conhecia, trabalhava connosco numa equipa satélite da marca, ele é bastante rápido, o Huff não conheço tão bem, mas é campeão do mundo, é uma mais valia para a equipa.”

Já quanto à Volvo, o piloto mostra-se prudente: “Acho que vão ser rápidos, mas não posso ter a certeza. Eles não testam em conjunto, não sabemos o seu andamento. Sabe-se sim, que têm um grande budget, tem dois bons pilotos e estão há cerca de seis ou oito meses a testar. A única coisa que lhes pode faltar é pilotos com mais experiência no nosso campeonato.

Depois a última pergunta:

“Tiago, que carros tens na tua garagem?”

Tiago: “Embora seja piloto de automóveis o que eu gosto mais é de motos (…), é a minha paixão. Tenho 7 ou 8, mas guardo o meu primeiro carro, um Chevrolet Tahoe de 1997 e tenho um Jeep Wrangler. Há dois anos descobri uma nova paixão pelos clássicos e agora tenho cinco Porsches clássicos, sou apaixonado pela Porsche. Mais importante que tudo, tenho dois CR-V e vou receber hoje o meu Type-R…”

E quando estamos prestes a voltar às boxes, o Tiago remata:

“…agora isto na estrada tu nem imaginas a bomba que isto é!”

E por agora ficamos com estas palavras na nossa memória, até ao ensaio de estrada que acontecerá em breve e poderão ler em detalhe aqui no MotorO2!

Fotos: Honda/Manuel Portugal

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!