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Pela N2 no Alfa Romeo 4C Spider Italia

Pela N2 no Alfa Romeo 4C Spider Italia
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“Património na Estrada”

Voltar onde se é feliz é uma receita praticamente infalível. Um lugar pode não ser só um local, mas sim um automóvel, e o Alfa Romeo 4C é um daqueles “locais” bastante especiais para quem gosta de conduzir, em que guardamos praticamente só boas memórias.

Então, para concretizar este regresso, a ideia foi a seguinte: juntar um património de automóvel como é o Alfa Romeo 4C a uma Estrada, que também ela é um património, a “muito nossa” Nacional 2, que percorre todo o país de norte a sul.

Visto que somos de Lisboa, vá, arredores de Lisboa, o mais prático é fazê-la por partes. Para isso apontamos para Sul, começando desde a região de Torrão, ali perto de Alcácer do Sal, terminando no fim desta Nacional, em Faro, mostrando o que pode ser um bom plano de fim-de-semana…

Mas, mesmo que o Alfa Romeo 4C já seja um automóvel devidamente exclusivo e especial, esta unidade que tínhamos aqui era ainda mais peculiar, já que era a nº35 das 108 unidades que representam a série Especial Spider Italia.

Esta edição destaca-se pela sua exclusiva cor Azul Misano, que reveste muito bem a pequena, mas bem elegante, carroçaria deste desportivo italiano, que na lateral tem a inscrição desta versão que comemora os 108 anos da fundação da marca de Arese. Na traseira, encontramos o escape desportivo Akrapovic, que por vezes consegue produzir um verdadeiro “concerto sobre rodas”, e o difusor que aqui montado nesta unidade tem um acabamento em preto brilhante.

Para além disso, são muitos os detalhes em amarelo, sejam as maxilas dos travões Brembo, que se escondem atrás das elegantes jantes de 18’’ e 19’, com essa tonalidade garrida a também ter espaço no interior por via dos pespontos de contraste a “segurarem” a pele nas bacquets Sabelt, no volante e no tablier.

Para “refrescar”, importa ressalvar que o Alfa Romeo 4C Spider tem 240cv de potência, vindos do bloco 1.75 MultiAir, e um peso de somente 940kg. Tudo é orquestrado pela transmissão de dupla embraiagem DCT de 6 relações, com patilhas montadas atrás do volante.

“All Abord!”

Bem, não é uma expressão muito correta, porque no pequeno habitáculo do Alfa Romeo 4C Spider apenas cabem duas pessoas, e uma mala de desporto (trocada pela de viagem, de modo a caber a capota em lona). Escolhemos este modelo porque a Estrada Nacional 2, embora já comece a ter o seu devido reconhecimento, é ainda muito apreciada pelos motociclistas, e tal como eles, quisemos fazer a nossa quota parte de “esforços”.

Estou completamente disponível para fazer mais destes, ouviram?

Optámos por sair de Setúbal pela A2, salvando algum tempo até Alcácer do Sal, para depois fazer a ligação pela N5 até Torrão, onde parámos de forma a analisar o mapa, na região que marca o quilómetro 565 desta nacional, que totaliza 738km de extensão. Portanto, tínhamos uma “etapa” de 173km, onde iríamos passar por aldeias com história, muitas zonas verdes e uma estrada que, de Almodôvar até São Brás de Alportel, prometia ser a ideal para testar o dinamismo deste Alfa Romeo.

Assim seguimos, às 12:00 arrancámos de Torrão, perseguindo o rasto de alcatrão que rasga o “coração do Alentejo”, e onde as paisagens se pautam pelos campos de cereais, e “túneis” naturais criados pelas próprias árvores plantadas bem à beira da estrada.

Esta N2 nem sempre entra pelas “aldeias adentro”, por isso, passámos junto a Odivelas (não é a que pensam, obviamente), Ferreira do Alentejo (fosse mais cedo e comíamos por lá), Ervidel e Aljustrel, Carregueiro e Castro Verde.

Esse panorama é alterado quando chegamos a Almodôvar, onde entramos e decidimos mesmo parar para encher o “nosso depósito”, nesta vila que conta com mais de 7 mil habitantes. Se estão de dieta, vão ter de dar uma pausa nisso, não há muitas hipóteses…

“Let the fun begin”

Acho que não foi só por ter a barriga cheia (ou de ter quebrado um pouco a minha dieta), mas mal saímos de Almodôvar as coisas ficam bastante melhores. Se até aqui a beleza natural dos campos nos acalmam e fazem crescer a vontade de encostar e vislumbrar tudo com mais serenidade, as estradas desta zona foram, certamente, desenhadas por alguém que um dia saberia que os automóveis iam ser coisas muito mais divertidas do que eram!

As curvas, com visibilidade e bom piso, misturam-se com o relevê para o sítio certo, leia-se, a “empurrarem” para o interior da curva, e os desníveis fazem com que isto se torne um bom ‘playground’ para um carro como este. A aderência não apresenta falhas, graças às vias largas. Vias essas que também garantem que as duas mãos fiquem sempre bem agarradas ao volante, porque a ausência de direção assistida faz com que este Alfa Romeo siga tudo o que sejam rodeiras.

Ao volante do 4C, o que importa é a concentração e respeito pela máquina.

O modo Dynamic é ativado (não é o mais puro, esse é o Race, mas deve ser reservado apenas para circuito), e o som de escape aumenta, com a presença de todos os efeitos sonoros que um amante automobilístico pode pedir. Basicamente, é o cardápio completo! A mecânica ouve-se muito bem, com a descompressão do turbo a estar mesmo ali, atrás da nossa cabeça, e a ter variações dependendo do piso e da carga do acelerador. O disparo de curva em curva é célere, com pouco lag do turbo, o que garante que estes menos de 1000kg sejam verdadeiramente uma bala. O pedal de travão, que “pede” para que se trave com o pé esquerdo, com decisão, aciona o sistema de travagem que garante que não tornamos este 4C, que é uma verdadeira obra de arte clássica, numa obra de arte moderna…

Resultado: já me doía a cara de tanto sorrir. Acho que o que faz uma estrada é muito a companhia que usamos como automóvel, clima ou o dia, mas neste caso, acho que qualquer pessoa se diverte aqui. Mas neste dia, nesta estrada, naquela tarde de Fevereiro, sem dúvida que fui eu a pessoa mais feliz a passar por ali.

Estes quilómetros passaram num instante, e se pensam que há fotos desse local, lamento, não há. Não consegui largar o volante, e muito menos perder o timing e concentração daquele momento, pelo que aproveitei para fazer isso no miradouro da Serra do Caldeirão, onde o pequeno 4C também arrefeceu a sua mecânica.

Bem, na verdade, ele parecia-me estar bem, já eu, estava bem mais entusiasmado. Para o Alfa Romeo foi só mais um passeio normal, mostrando que está preparado para andamentos mais rápidos.

Daqui para “baixo”, em direção a Faro, optamos por “acalmar os cavalos”, e voltar a usar este 4C Spider como um automóvel de turismo, tirando (finalmente) a capota, deixando que os raios de sol entrassem pelo pequeno habitáculo, constatando que devagar também se anda bem. Ainda no caminho, paragem obrigatória no Palácio de Estói, obra que foi iniciada em 1840, mas que só foi finalizada já na segunda metade do século passado. Hoje, é uma Pousada de charme, e um local onde a calma e o silêncio imperam.

Daqui até Faro é “um salto”. Portanto, eram 16h20, e chegámos. Assim se passaram 173km, e a Nacional 2 acaba aqui.

O Alfa Romeo 4C Spider vai continuar comigo pelo Algarve, onde deverá subir pela costa vicentina até casa. Mas, por mim, fazíamos esta Nacional 2 toda, ou mesmo uma volta Ibérica. Bem, talvez pudéssemos ir até ao “local do nascimento”, em Modena… Sei lá, não me canso disto!

O Alfa Romeo 4C não é um automóvel fácil. Tem as suas lacunas como já falei no ensaio ao Coupé, mas é altamente gratificante de se ‘pilotar’, não admite erros, e isso, torna-o especial. Para além disso, entra na categoria de: “punha-o na sala, para quando não o estou a conduzir”.


Alfa Romeo 4C 1.750 240cv TCT Coupé

Especificações:
Potência – 241cv às 6000rpm
Binário – 350Nm às 2200 ~ 4250rpm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 4,5s
Velocidade Máxima (oficial): 257km/h
Consumo Combinado Anunciado (Medido) – 6,9l/100km (8,1l/100km)

Preços:
Alfa Romeo 4C Spider desde: 82.150€
Preço da unidade ensaiada: 91.643€


Carrega nas fotos e vê este Alfa Romeo 4C Spider Itália pela N2:

 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!