“Saudável Loucura”
Está provado que é bom ser louco de vez em quando. Para além de saber bem libertar as endorfinas, tira-nos aquele stress cada vez mais entranhado nas nossas vidas, também elas, loucas. É quase como quando chega o verão e sentimos que os problemas desaparecem e viramos costas aos pensamentos menos positivos.
Neste momento, posso-vos dizer: sinto-me louco e por isso, sinto-me bem. Sinto o sol quente de verão a refletir numa pintura que teima em ser mais luminosa que o astro que todos os dias faz os galos cantarem e o calendário avançar mais um dia.
O que me faz sentir louco? O caminho até aqui. O que brilha assim? O Renault Mégane RS Trophy, o mais louco hatchback do mercado! E a junção dos dois factos faz-me ficar assim…
“Estou numa estrada ideal, o céu está limpo, a temperatura é perfeita, e eu estou a suar das mãos… mas com uma sensação de calma fora do normal.”
Cheguei aqui cansado, mas com sentimento de dever cumprido. Este carro ensina-nos a perceber que um automóvel não é um simples objeto, um utensílio sem alma nem emoção, tal como um frigorifico que tem apenas o propósito de manter os alimentos frescos. Um automóvel tem de transmitir emoções e este faz isso particularmente bem…
Mas vou (tentar) largar este entusiasmo todo e ser um pouco mais racional…
Pronto, o carro que estamos aqui a descrever é como já disse, o Megane RS na versão Trophy, ou seja, mais radical. Conta com mais 10cv, jantes especiais na minha opinião mais bonitas que as do RS “normal”, bem como um escape opcional da Akrapovic que faz as delicias de quem gosta do cheiro a gasolina pela manhã, acompanhado por uns “estalidos”, e umas faixas cinzentas que supostamente servem para lhe dar mais uns cavalos extra que a Renault não anunciou na ficha técnica.
Este é um carro para “petrolheads”, um carro para amantes da condução, um carro para aquelas pessoas que dizem: “Que se lixe a lógica” e “segue o coração!”.
Assim fiz, segui o coração e vim ter a um dos pedaços de asfalto que mais gosto, sentado nas fantásticas bacquets Recaro e bem agarrado ao volante forrado a Alcântara. A esta hora da manhã (7:30), de janelas abertas, rádio desligado, com o modo RS ligado. Não consigo descrever a sensação, mas vou tentar.
É algo avassalador, a dureza da suspensão que se está completamente a lixar para a nossa saúde cervical, o som que invade o habitáculo de cada vez que solto o acelerador parece que rebentou uma panela cheia de pipocas e nas curvas, o íman que está debaixo do alcatrão mantém-me no caminho certo desafiando a lógica. As travagens são fortes, o pedal transmite um bom feeling e dá a impressão de que quem se vai fatigar primeiro aqui sou eu e não as pastilhas. Apenas a caixa podia ser mais rápida, mas não belisca o desempenho excelente deste Renault Sport.
Estou na Arrábida ao volante um automóvel com 275cv, mais rápido que muitos super-desportivos neste território. Aqui sou o Rei e Senhor, apareça que aparecer. Este Renault é o rei do inferno verde e foi o “incendiário” do avanço incrível no que toca à evolução dos desportivos de tracção dianteira que temos vindo a testemunhar. E mesmo que o seu recorde seja batido, o que vai ser eventualmente, este Megane RS já teve o seu papel na história do automóvel.
Vá, mas como é viver com o Megane RS Trophy?
O aspecto é o que está a ver nas fotos, é amarelo. Por isso, não vai conseguir passar despercebido em lado nenhum, mas por outro lado não o vai perder em parques de estacionamento.
O conforto? Isso não é pergunta que se faça. Estas bacquets são mais finas que a costeleta grelhada que comi ao almoço! Mas por outro lado dão um apoio fenomenal quando atacamos uma estrada com mais “raiva”. De resto é um Megane “normal”. Pode ir às compras com relativa à vontade já que a mala mantém a sua volumetria, recomendo apenas a ter mais cuidado com ovos, porcelanas e outras coisas que se partam. Tem também cinco lugares, por isso, se escolher em preto ou branco pode enganar a sua cara metade/pais/amigos, ao dizer que comprou um practico hatchback. Apenas tente não quebrar muito a aparência com o ritmo a que este Megane quer sempre andar…
Quanto a consumos, bem pode vir a ser um conhecido na sua bomba habitual, já que o Megane RS embora não sendo um “bêbado”, faz com que a emoção tome conta de si, levando muitas vezes a mão esquerda ao botão RS e o pé direito a insistir em afundar o acelerador. Se cumprir estas premissas, o Trophy vai responder com números engraçados. Mas posso dizer que com andamentos normais, o Renault faz à vontade menos de 9l aos cem, tem é de ter controlo sobre si… Eu tive, algumas vezes, por isso não há-de ser difícil!
Este ensaio foi diferente? Sim, mas o Trophy também é diferente e por isso não merecia um ensaio igual aos outros. Pode ser que volte de novo um dia e aí sim, tentamos falar mais a sério… Tentamos…
Renault Sport Megane R.S. Trophy 275
Especificações:
Potência – 275cv às 5500rpm
Binário – 360Nm às 3000rpm
Consumo Anunciado (Medido) – 7,5l/100km (8,7l/100km)
Preços:
Megane RS Trophy 275: 44,150€
Texto por: Rodrigo Hernandez
Fotos por: Alexandre Figueiredo/Sérgio Gonçalves
