“Trocar os Dês pelos Bês”
“Ai as emissões, a guerra que para aqui vai.” As marcas automóveis nunca estiveram tão constrangidas ou limitadas no desenvolvimento de motores, e agora o cerco aperta cada vez mais. Contudo, para além de propostas “radicais” como os elétricos, há os híbridos que são mais “normais” e que não necessitam de tantos cuidados. Porém, ainda há uma outra hipótese, que muitas construtoras estão a optar nas suas gamas, falo dos Mild-Hybrid, que são maneiras de “dar a volta à situação”.
No que consiste?
Basicamente, pega-se num motor já existente, e conecta-se um pequeno motor elétrico, assim como uma bateria. Com isso, a potência aumenta, mas vê as emissões reduzirem, graças a um auxílio nos arranques e acelerações, com o grupo propulsor a “pendurar-se” menos no motor a combustão, emitindo por isso menos gases pelo escape. Para além disso, no papel, o consumo será mais baixo.
Só vantagens, não é?
Pois, para descobrir, viemos conhecer o novo Volvo XC60 B5. Sim, o “D” foi-se embora e agora é um “B”, mas para complicar mais a coisa, o “B” tanto pode significar gasolina (que era anteriormente um “T”) como diesel. Neste caso é mesmo um diesel… daí ter trocado os “Dês pelos Bês”.
Obviamente, o Volvo XC60 merece sempre ser relembrado, portanto estamos perante um dos “pilares” da gama da marca Sueca, e que é um dos best-sellers da marca. Um SUV premium médio, que luta com as principais referências germânicas. A sua estética exterior é de beleza unânime, com um estilo atual, e que mesmo dois anos após o seu lançamento ainda não chama por uma renovação. Os grupos óticos são como “manda a lei Volvo”, ou seja: “Martelo de Thor” na frente, faróis verticais atrás.
Para além disso, a cintura bem definida, assim como os cromados desta versão Inscription, não nos fazem esquecer que estamos perante um Volvo.
O mesmo se passa com o interior, onde a primeira sensação que temos é a de qualidade, com o tablier a ter um revestimento de “luxo”, ou seja, com muita pele, e quando isso não acontece, é quando aparece ora a madeira clara, plástico mole ou alcatifa. O seu desenho é simplista, com o painel de instrumentos 100% digital como conhecemos nas outras propostas da gama, ou o ‘tablet’ central que é o “cérebro” de tudo o que se passa no interior.
Depois da sensação de qualidade, vem o conforto, seja pelo vasto equipamento e sensação de proteção, seja pelo conforto dado pelos bancos da Volvo, algo que nunca é demais destacar. Aqui, num revestimento âmbar de muito bom gosto, são aquecidos e arrefecidos, consoante a necessidade…
Para os outros ocupantes, o espaço a bordo é suficiente e não falta o cuidado também com quem circula atrás, seja pela regulação individual da temperatura, ou pelo “mais normal” apoio de braço central. A bagageira, ainda que não seja referência, conta com uns generosos 505L de capacidade.
Mas passemos para o volante, de forma a testar a verdadeira novidade deste XC60, o seu “renovado” motor B5.
O motor D5, que já não está disponível na gama, debitava 235cv, provenientes do motor 2.0 Diesel. Com a troca do “dê pelo bê”, os cavalos sobem até aos 249, graças ao incremento de potência “elétrica” de 14cv e 40Nm. Graças a isso, ao cronómetro a tarefa dos 0 aos 100km/h demora apenas 7,1s, um bom valor para um automóvel com estas dimensões, e sem pretensões desportivas, mas sim familiares.
Mas, e funciona?
Sim. E para descobrir, parti numa aventura de 600km “de seguida”, ou seja, saí de casa bem cedo e só voltei 12h depois, tudo para testar em vários terrenos como se iria portar este “Mild-Hybrid” da Volvo. Em direção ao centro do país, o rumo foi tomado por estradas nacionais, e os consumos conseguiram baixar até abaixo dos “seis litros”, algo impressionante num automóvel com uma potência que roça os 250cv, com quase duas toneladas de peso e “puxado e empurrado” pelas quatro rodas.
Depois de alguma cidade, percursos de montanha com um ligeiro off-road à mistura, e uma tirada de autoestrada por mais de 250km, o consumo final ficou nuns “envergonhados” 7,0L/100km, aproveitando o modo ECO (um dos quatro disponíveis) para ganhar algum “coasting” nas descidas.
E se pensa que o modo ECO torna este Volvo XC60 aborrecido, desengane-se.
Quanto ao dinamismo, a Volvo conseguiu um acerto interessante neste XC60. A direção, ainda que penda mais para o leve, consegue informar, enquanto a caixa automática é suave e praticamente impercetível. A suspensão preocupa-se com o conforto, mas não nos dá adornares excessivos. Basicamente é um equilíbrio interessante, que contrasta com a vontade por vezes “exageradamente dinâmica” de alguns dos seus rivais.
Em resumo, a Volvo mostra aqui o início da “ponte” que pretende fazer até uma eletrificação completa da gama. Estes motores da família “B” são opções a ter em conta se pretende alguma poupança extra, sem perder o dinamismo ou ter de se preocupar com carregamentos, ou condução mais cuidada. Este é um “híbrido” que parece não o ser, mas que funciona, ainda para mais para quem anda muito nas autoestradas ao longo do país.
Volvo XC60 B5 Inscription
Especificações:
Potência – 249cv às 4000rpm
Binário – 480Nm às 1750 ~2250rpm
Consumo Combinado Anunciado – 5,9L/100km
Consumo Combinado Medido – 7,0L/100km
Aceleração 0-100km/h (oficial): 7,1s
Velocidade máxima (oficial): 220km/h
Preços:
Volvo XC60 desde: 52.542€
Preço base da versão ensaiada: 75.974€