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Tesla Model X 100D

Tesla Model X 100D
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“Anti Pragmatismo”

Atenção: Se para si as coisas têm de seguir uma certa ordem, e é uma pessoa que adora tradicionalismos e não gosta de mudanças radicais na sua vida, aconselhamos a não ler o resto deste ensaio, porque o automóvel que será protagonista, não opta por nenhuma dessas características.

Pois bem, aviso feito, apresento-vos o Tesla Model X, o modelo de maiores dimensões da marca fundada por Martin Eberhard e Marc Tarpenning, e que é todo ele nos seus 5052mm de comprimento, um concentrado de inovações, pronto para quebrar convenções. Quanto a este automóvel, abordei-o de forma totalmente diferente face a qualquer outro modelo que até hoje testei. Ou seja, sem saber nada sobre ele, segui com a chave na mão, complemente sem expectativas.

Obviamente, o único ponto sobre o qual podia ter já uma opinião é o seu exterior, já que é cada vez mais normal cruzarmo-nos com automóveis deste construtor nascido em Silicon Valley. Aqui, a Tesla criou uma mistura entre as dimensões generosas, tipicamente americanas, com o uso de superfícies lisas e com um grande cuidado no que toca à aerodinâmica, e isso efetivamente nutriu efeito, já que o seu Cx de 0,24 é um dos mais baixos da indústria. A frente elevada destaca-se por não contar com uma grelha de refrigeração, de que não necessita, os grupos óticos em LED e o ‘gigantesco’ para brisas são os pontos de destaque quando o vemos de frente. Se a questão de “o que está debaixo do capot” passou pela sua cabeça, saiba que a resposta é: nada.

Ou seja, tem, uma bagageira suplementar de 187L.

A lateral é a área que menos esconde as dimensões, e exemplo disso são as jantes de 22’’, que parecem ‘normais’ neste automóvel. Mas é também aqui que notamos a filosofia futurista, graças às suas portas. Se as dianteiras abrem “normalmente” (basta um toque no puxador e elas abrem, para fechar basta carregar no pedal do travão), as traseiras já não são bem assim. As portas “Falcon Wings” abrem sempre de forma diferente, analisando o que se passa à sua volta através de câmaras e sensores montados em torno do Model X. Graças a isso, e mesmo contando com todo este aparato, necessitam apenas de 30cm para conseguirem abrir. Solução original, mas que conta com dois contras: por vezes era bom que abrissem mais rápido, e em intempéries conseguem dar um “banho” ou um “novo penteado” a quem circula nos bancos traseiros.

Chegados à traseira, a sua altura impressiona, e é talvez a área mais normal deste Tesla. Como elemento de destaque, a asa traseira que agora é fixa (nas primeiras unidades, não) e que assegura uma boa aderência em alta velocidade.

Aqui aproveitamos para parar e falar dos opcionais exteriores, que são dois: pintura vermelha multicamadas (2.700€), e as jantes Turbine de 22’’ (5.900€).

Depois disso, passamos para o seu interior. E aqui efetivamente, a sensação de ‘Futurista’ leva-nos a outro patamar.

O interior conta com uma atmosfera totalmente ‘clean’ e confortável, juntando a pele que reveste a maior parte do habitáculo com o metal e a madeira de carvalho que adorna grande parte do tablier. Os materiais são, por isso, de ótima qualidade, e à vista tudo funciona muito bem. Contudo, existem algumas falhas de montagem, algo perfeitamente compreendido pela juventude da marca. Um desses exemplos é aparente nas palas do sol, de pequena dimensão e que não ajudam muito na hora em que o sol está de “frente”. Quando “arrumadas” fazem algum ruído em mau piso, o que num automóvel completamente silencioso não é agradável.

Mas, felizmente, essa juventude tem muitos outros pontos positivos!

O ecrã central é um “hino” à tecnologia, são 17’’ num ecrã de elevada qualidade, que permite ser ajustado ao gosto do condutor, e que dali são feitos todos os ajustes a este modelo, já que no resto do habitáculo, os botões são algo em “vias de extinção”. Nesse sistema multimédia, a navegação com imagem de satélite leva-nos para outra realidade, e permite-nos descobrir, por exemplo, que vizinhos têm piscina no seu jardim. Brincadeiras à parte, funciona muito bem, e graças à internet a bordo garante-nos sempre o melhor caminho para o destino, assim como uma pesquisa mais fácil e completa por pontos de interesse. Essa internet a bordo garante também a melhor música para cada percurso, graças ao Spotify Premium. Se o trânsito estiver parado, pode optar por encostar e usar a internet, sem restrições, como se estivesse no seu iPad!

Existem ainda uns “Easter Eggs”, mas disso falaremos mais à frente.

A juventude, felizmente, não prejudicou o conforto a bordo, e isso é conseguido através de umas verdadeiras poltronas para o condutor e passageiro, que garantem viagens para muitos e bons quilómetros. A posição de condução é obviamente elevada, mas correta. Ainda no posto do condutor, convém falar do painel de instrumentos, totalmente digital, de fácil leitura e que nos ajuda a ver o que se passa à nossa volta, assim como o fluxo de energia que estamos a usar.

Atrás, viajam sem problemas três passageiros, com os da ponta a contar com teto em vidro, já que a parte superior das ‘Falcon Wings’ é deste material, o que aumenta em muito a experiência de viajar num Tesla. O chão obviamente é plano, contudo, no lugar central, a altura é mais limitada, continuará a haver lutas para o melhor lugar.

O Tesla Model X permite escolher entre cinco lugares (o que tivemos em ensaio), mas também seis (+6.500€) ou sete (+3.200€), isto porque a bagageira é monumental: são 1090L de capacidade! Portanto, se acha que vai transportar mais alguém, e não precisa de tanta capacidade de mala, pode sempre meter um ou dois lugares extra para partilhar o seu Tesla Model X com os amigos ou família.

Mesmo sem contar com lugares extra, o interior tinha mais um opcional: Interior Creme Premium (1.600€).

Passamos para a condução, e o Tesla Model X conta com três níveis de potência: 75D, 100D ou P100D. Para nós, ficou reservada a versão intermédia, a 100D, que já garante performances acima da média, graças a uma bateria de 100kW, com a potência a ser entregue através de dois motores montados em cada um dos eixos. A potência combinada é de 423cv e 660Nm, com a vantagem de estarem “sempre a postos”. Graças a isso, a aceleração demora apenas 4,9s e a velocidade de ponta chega aos 250km/h, o que é impressionante para um automóvel com mais de 2500kg de peso.

Na prática, podemos usar dois modos: o Chill, que nos permite circular normalmente, e de forma mais poupada; ou o Standard, que é tudo menos normal, já que a resposta é imediata, no sentido lato da palavra. As recuperações são o mais impressionante, principalmente nos 80-120km/h. A suspensão pneumática absorve bem as irregularidades, e “aprende-as”, guardando-as no GPS e levantando a suspensão numa próxima passagem por esse local. A direção não é das mais comunicativas, mas isso seria complicado com o peso elevado do Model X, no entanto, não compromete. Este modelo consegue oferecer uma grande capacidade direcional, graças ao seu centro de gravidade elevado, o que também o torna num dos automóveis mais seguros do mundo, com a Tesla a dizer mesmo que “é praticamente impossível capotar um Model X”.

Passando para as prestações de consumo, o Model X poderia ser mais “regenerativo”, já que mesmo nesse modo “produz pouca energia”. A Tesla anuncia 563km (NEDC), contudo, a sua autonomia real ronda os 450km, o que já é bastante positivo num automóvel elétrico, mas acreditamos que com mais um algum cuidado, e uns bons quilómetros na sua companhia, nos faria aumentar esse número. O modo ‘AutoPilot’ é efetivamente avançado e bastante evoluído, de qualquer maneira, a legislação ainda não permite que seja usado completamente “mãos-livres”, por isso, esses dois membros que usamos para conduzir, têm de continuar naquele objeto que usamos para mudar de direção…

Aqui, apenas mais uma ressalva. O Tesla Model X conta com assistente de ângulo morto, mas esse não aparece nos espelhos, mas no painel de instrumentos, o que não é o mais intuitivo. Nesse campo, destaque também para outro assunto que achámos algo desconcertante: com tantas câmaras em redor deste Model X, a Tesla só disponibiliza uma para o estacionamento. Seria muito útil contar com essa atualização para breve, garantindo uma visão 360º, o que acreditamos que vá acontecer, mas que até lá nos vai dar ataques de nervos sempre que queiramos estacionar, ou mesmo descer até àquele centro comercial que existe no centro de lisboa, e cuja descida é em “parafuso”, de forma a evitar deixar lá uma recordação em formato de jante…

É a tal juventude que falámos. O certo é que para uma marca automóvel que é uma “Start-Up”, este Model X está muito bom, há muito tempo que um construtor não agitava assim tanto o mundo automóvel. A sua estética pode não agradar a todos, mas assim como o seu interior, não deixa ninguém indiferente. É das propostas mais avançadas na mobilidade elétrica, mas prepara-se para ter agora concorrência feroz com a entrada das marcas premium. Acreditamos que com o knowledge que ganharam nestes anos, consigam acompanhar. Se tudo correr bem. Quanto ao preço, este Model X 100D não é uma proposta para todas as bolsas, contudo, face ao que oferece, os 133.080€ pedidos não parecem exagerados. Agora, resta saber como será a evolução das baterias…

Pensavam que me esquecia dos ‘Easter Eggs’?

No topo do ecrã de 17’’, ao centro, carregando em cima, aparece um “menu secreto”. Lá, podemos optar por mudar o nosso Planeta Terra por Marte, entrar no espírito natalício com o modo Natal, criar uma folha de desenho ou mesmo ver o nosso Tesla… dançar!

Isto mostra que o Tesla Model X é tudo menos pragmático, deixa cair barreiras na indústria e quer dar ao condutor a possibilidade de contar com um automóvel que está em permanente atualização. Veremos o futuro, e ele está já aí à porta, com o “Tesla para as massas”, o Model 3.


Tesla Model X 100D

Especificações:
Potência– 423cv
Binário – 660Nm
Aceleração do  0-100 (oficial): 4,9s
Velocidade Máxima (oficial): 250km/h
Autonomia anunciada – 565km
Autonomia conseguida – 453km

Preços:
Gama Tesla Model X desde: 102.430€
Versão ensaiada: 120.880€
Unidade testada: 131.080€


Carrega nas fotos e vê este Tesla Model X 100D em detalhe:

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!