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Jeep Grand Cherokee 3.0 CRD Limited

Jeep Grand Cherokee 3.0 CRD Limited
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“Uncle Sam”

Todos nós convivemos regularmente com objetos americanos. Seja o nosso telefone, computador, ou em casos mais culturais, como as nossas musicas preferidas ou mesmo filmes que marcaram a nossa vida e nos que nos inspiram.

A alimentação é outro desses casos, tomada por impulso, isto porque a maioria das vezes não é a mais cuidada, fazendo-nos cometer “o pecado” de a comer. A verdade é que a América, mesmo que seja sempre alvo de histórias conturbadas, fascina-nos a todos.

A questão que aqui se coloca, neste ensaio, é porque é que os automóveis americanos não nos fascinam tanto como as suas músicas, filmes ou gadgets?

Para tirar essa dúvida, fomos ao “balde de brinquedos” da Jeep, buscar aquele que é o modelo que tem mais dificuldades em vingar no nosso mercado, e dessa forma entender o porquê deste Jeep Grand Cherokee não conseguir ser tão bem-sucedido em vendas quanto os seus rivais vindos do nosso continente Europeu.

A sua imagem agrada até os mais difíceis de convencer. Não nos vencem por formas suaves ou muito torneadas, mas sim por um aspeto robusto, e isso é o que nos transmite confiança, mesmo nos maus caminhos, dando no final uma aparência elegante.

A alta e longa dianteira, tem na sua grelha a imagem de marca, com as sete barras cromadas, acabamento esse que se estende ao longo dos mais de 4,80m de comprimento deste SUV de grandes dimensões. A sua lateral, com uma linha de cintura elevada, ostenta o nome do modelo, enquanto as jantes de 18’ estão revestidas por uns pneus mistos para aventuras fora do asfalto. Visto de traseira, a dupla ponteira de escape faz antever a larga motorização que anima este conjunto, assim como a assinatura luminosa dada pelos novos farolins LED, que lhe dão um toque extra de modernidade, nesta que é a 4ª geração de um modelo que foi lançado ao público pela primeira vez em 1993.

Essa apresentação robusta contrasta com um interior de carácter mais clássico e acolhedor. A pele clara contrasta com a madeira e com o topo do tablier em preto. Os materiais têm um bom tato, ainda que existam alguns mais rijos na consola central, que como justificação estão bem montados, não originado ruídos, como poderemos constatar mais à frente neste ensaio.

Essa apresentação clássica dá-nos acesso a um tablier fácil de usar, onde se destaca obviamente o grande sistema multimédia de 8,4’, com uma utilização simplificada por ícones de grandes dimensões. O conforto de utilização sempre foi um dos pontos mais objetivos da “vida” do Grand Cherokee, com os confortáveis bancos a dar uma boa posição de condução, regulável eletricamente (banco e volante) de forma a dar uma boa visibilidade ao condutor. O seletor está bem posicionado, e pode ser utilizado de forma semiautomática, pelas patilhas colocadas na coluna de direção. A informar de forma clara e eficaz está também o painel de instrumentos, com a parte central a ser 100% digital e personalizável.

O espaço é também outro dos fatores que melhora ainda mais esse conforto, sem qualquer condicionamento atrás, onde os bancos podem ser reclinados e mesmo aquecidos, com a vantagem de ainda possuírem luzes de leitura dedicadas, bem como saídas de ventilação ou fichas USB. Para dar um melhor ambiente ao interior, o Grand Cherokee Limited dispõe, de série, do sistema de som surround Alpine com 9 altifalantes, assim como o teto panorâmico de abrir com dois painéis que dá uma superior luminosidade ao interior.

Importa falar na bagageira, com uns massivos 782L, que consegue ainda albergar debaixo do piso uma roda suplente de dimensões normais…

Mas é na estrada que se descobre um automóvel, por isso é altura de ligar o motor 3.0 V6 de 250cv, o único disponível nesta versão Limited, que está conectado a uma caixa automática de 8 velocidades.

Este é talvez o primeiro ponto que condiciona a carreira do Grand Cherokee, a sua pouca escolha de motores. Sim, eu gosto deste propulsor, a potência dada por um motor três litros mostra-se superior em alguns casos, assim como a suavidade de uma mecânica com seis cilindros em V. Mas a nossa tributação não acha o mesmo, dando uma grande “multa” no que toca a impostos. Ainda que as suas emissões não sejam muito mais elevadas que automóveis com cilindradas e potências inferiores, o que não justifica um aumento de quase 50% no IUC…

Deixando esse importante ponto para trás, o Grand Cherokee faz notar o seu peso, de mais de duas toneladas, o que se nota em curva. Após um breve contacto com a versão Summit, na altura do verão, que contava com a suspensão pneumática, podemos dizer que esta montada no Limited (mais tradicional) acaba por se ressentir em pequenas depressões no asfalto, como oscilações ou em pisos degradados, sacudindo um pouco os ocupantes. Nada de muito prejudicial, apenas inferior face à versão equipada com essa suspensão mais evoluída.

Em andamento, este motor consegue rolar de forma muito tranquila em Autoestrada e nacionais, com rotações baixas e consumos abaixo ou em torno dos 8 litros a cada cem quilómetros, com um som de seis cilindros a que já não estamos habituados. A caixa de velocidades é rápida a reagir (q.b), e suave no seu funcionamento. Em cidade, o Grand Cherokee não se intimida em espaços pequenos, apresentando uma boa brecagem e vários sensores que nos avisam de obstáculos, fazendo prever que a sua pintura se manterá intacta por longos anos.

Fora de estrada é onde este automóvel se pode destacar dos seus rivais. Concebido por uma marca que tem uma vasta experiência neste campo, o Grand Cherokee apresenta ao centro o sistema de controlo de tração Selec-Terrain que permite ao condutor escolher entre os modos Snow, Sand, Mud; e para os mais aventureiros existe ainda o modo Rock, que para ser ativado tem que ser selecionado o modo 4WD Lock. Mas é o modo Auto está sempre ligado por definição, sendo mais que suficiente em estrada e em pisos molhados. O modo Sand é o modo que se deve usar em incursões leves por fora de estrada, como foi o nosso caso. Entre pistas lamacentas e subidas de areia mole, este modelo revelou-se bastante desenvolto, exibindo por vezes alguns sons vindos dos diferenciais ou do sistema ABS, de forma a ganhar aquela aderência extra para avançar mais no terreno. Quanto a ruídos torsionais, esses não apareceram, o que prova que a construção está num melhor nível.

Portanto, o que falha no Grand Cherokee? Não falha nada de mais, é um automóvel que temos de ter em conta que tem seis anos de mercado e que é alvo de uma forte carga de impostos. Não é o mais desportivo de se conduzir, mas é um dos melhores fora-de-estrada, e uma ótima maneira de se viajar. Apenas aconselhamos a optar pelo TrailHawk, que conta com um superior nível de equipamento e com a tal suspensão pneumática. Apenas uma última nota: Jeep, aquele travão de mão de pé, era desnecessário…

Jeep Grand Cherokee 3.0 CRD Limited

Especificações:
Potência – 250cv às 4000rpm
Binário – 570Nm às 2000rpm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 8,2s
Velocidade Máxima (oficial): 202km/h
Consumo Combinado Anunciado (Medido) – 7,5l/100km (9,2l/100km)

Preços:
Jeep Grand Cherokee desde: 90.500€
Preço da versão ensaiada: 90.500€
Preço da unidade ensaiada: 94.550€

Carrega nas fotos e vê este (nome do carro) em detalhe:

Jeep Grand Cherokee
15.8 Pontos
O que gostámos mais:
- Motor - Espaço interior - Imagem - Capacidades Off-Road
O que gostámos menos:
- Bagageira - Travão de mão "de pé" - Preço
Resumindo e concluíndo:
Um modelo distinto, para uma pessoa distinta. O Jeep Grand Cherokee é uma boa proposta, se esquecermos o seu preço. Bom companheiro de viagem, e bastante confortável, é das melhores propostas do segmento para andar fora do asfalto.
Motorização17.5
Perfomances15
Comportamento15
Consumos15.5
Interior16
Habitabilidade17
Materiais/Qualidade de construção15
Equipamento de Série16.5
Value for Money15

“A pontuação acima é totalmente da nossa opinião. Esta, tem a ver com o modelo e versão ensaiadas, tendo em conta o segmento onde a mesma se insere.”

Legenda da pontuação:
0-5: Mau;
6-10: Satisfaz Pouco;
11-15: Razoável;
16-17: Bom;
18-19: Muito Bom;
20: Excelente;

 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!