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Ford Grand Tourneo Connect: Será um familiar puro?

Ford Grand Tourneo Connect: Será um familiar puro?
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“Espaço, bem te quero” 

 

Correndo o risco de me repetir, familiares há muitos, mas as propostas derivadas de comerciais conseguem oferecer um espaço interior sem rival. Ao contrário de outros tempos, estas propostas têm vindo a ser aprimoradas, com a Ford Tourneo Connect a ser um dos mais recentes exemplos a chegar ao nosso mercado. Para a conhecer e saber se são (mesmo) uma opção a ter em conta para a família, passámos uns dias ao volante de uma versão Grand Tourneo – ou seja, a versão longa – com a motorização diesel de 122cv e transmissão automática de 7 velocidades. 

Será que chega para mudar o estereótipo? 

 

“O elefante na sala…”

Antes de continuarmos, um olhar mais atento repara que esta Ford Tourneo Connect é muito parecida com a Caddy da Volkswagen. E não, não é uma ilusão de ótica, já que esta proposta foi desenvolvida em estreita colaboração entre as duas marcas, tal como acontece nas mais recentes gerações da Ranger e Amarok, da Ford e Volkswagen respetivamente. 

Assim, a plataforma empregue foi a conhecida MQB, assim como os seus motores, pormenores e soluções interiores (que já lá vamos), o que são boas notícias, mesmo que a Ford tenha uma longa história neste tipo de veículos. No entanto, a marca americana dotou a dianteira da “sua” Torneo Conncect com uma imagem bastante própria, com um aspeto bem conseguido e consensual, que pode assumir três diferentes estilos: Titanium (a versão mais sóbria que esteve em teste), Active (para um cliente mais aventureiro) e Sport (para uma imagem mais dinâmica). 

Em termos de design encontramos um desenho elegante, sóbrio e robusto, graças a linhas bem vincadas. Nesta cor Ink Black, esta Ford parece pronta para um qualquer serviço de transporte, mas existem mais 9 cores de forma a torná-la mais ao gosto de cada um. Na versão Titanium contamos com estas jantes de 16’’, que privilegiam mais o conforto do que o estilo. Para isso existem umas de 17’’ que melhoram o aspeto exterior, por pouco mais de 300€. 

A traseira é outra secção bem conseguida, onde se destaca o vidro traseiro de generosas dimensões, assim como os farolins verticais, estilo que transitou da anterior geração desta proposta. Existem dois níveis de comprimento, 4.500mm para a Tourneo e 4.853mm no caso desta Grand Tourneo Connect. 

Ambas as versões são compatíveis com uma terceira fila de bancos, elevando a capacidade total para sete ocupantes, algo que esta versão não contava, mas que é a ideal para esta escolha, já que conta com uma maior distância entre eixos e permite ainda uma capacidade de bagageira suficiente com esses sete lugares “ocupados”. Com apenas cinco, o valor da bagageira apresenta uns astronómicos 1720l de capacidade. Aqui, reparo para a minúscula chapeleira que apenas cobre cerca de 1/3 de toda esta bagageira, o que é difícil de entender… 

Continuando de forma inversa ao habitual, passamos aos bancos traseiros, que pecam por não ser individuais, contando apenas com ajuste em termos de inclinação, ao contrário do que poderia ser expectável. No entanto contam com um espaço mais do que generoso, já que não há hipótese de haver queixas por aqui, seja em altura, espaço para as pernas ou ombros. As janelas não abrem convencionalmente, estando disponível apenas a abertura em compasso para a janela da 2ª fila direita (49,20€). Ainda em termos de conforto, não falta a saída de ventilação direcionada para quem vai “cá atrás”, assim como uma dupla ficha USB-C, para que os gadgets estejam sempre “online” e mesas “tipo avião” que fazem as delícias dos mais novos.

Passando para os bancos do “capitão” e “co-piloto” de família, encontramos um ambiente quase integralmente vindo do “mundo Volkswagen”, ainda que conte com alguns, pequenos, detalhes Ford. O tablier destaca-se pelo ecrã central, com comandos táteis para selecionar a temperatura e o volume, como “desculpa” de não existirem comandos específicos e físicos para climatização. Mesmo que o sistema tenha reminiscências do utilizado nos Volkswagen, o arranjo estético é Ford, com uma personalização própria. 

Existem suficientes espaços de arrumação, num habitáculo bem construído, robusto e isento de ruídos parasitas, mesmo em mau piso. Algo que parece vir a aguentar bem a passagem dos anos, mesmo com vários abusos seja pelos miúdos ou graúdos. 

O volante… adivinharam, é igual ao que pensam. Os comandos são físicos em vez de hápticos, algo que (ainda bem) a Ford não utilizou da marca de Wolfsburgo, enquanto o painel de instrumentos também tem parecenças, mas com a Tourneo Grand Connect a contar com as “agulhas” no azul típico da marca oval azul. 

 

“A andar é que a gente se entende…”

Para quem tem este tipo de dúvidas sobre este tipo de automóveis face a outras propostas mais “tradicionais”,  muitas vezes é na condução que a esta opção ou avança… ou sai fora. Aqui há boas notícias. 

Se gostar (ou tolerar) um aspeto exterior, que ainda não consegue fugir totalmente de uma proposta comercial, é muito provável que acabe com um automóvel destes na garagem, isto porque esta proposta apresenta um maior nível de conforto, não apenas em nível de amortecimento, mas sim pela insonorização, vibrações ou conforto dos próprios bancos.

Neste ensaio, contámos com os préstimos daquele que será ainda o motor mais escolhido por parte dos clientes desta proposta, o 2.0 EcoBlue de 122cv que é, também, de origem Volkswagen. Assim, em conjunto com a transmissão automática de dupla embraiagem de sete velocidades, este conjunto mostra-se ideal para somar quilómetros, mesmo com uma potência que poderia parecer, numa primeira instância, reduzido. É suficiente para este tipo de proposta, sendo ainda capaz de consumos bastante razoáveis, com médias abaixo dos 6l/100km com a lotação mais reduzida, pouco acima dos 7l/100km com “lotação esgotada”, tanto de passageiros como de bagagens. 

Boa nota também para as sensações dadas pela direção, comunicativa e ao nível dos automóveis de turismo a que estamos habituados, pontos que fazem a diferença para “normalizar” estas verdadeiras escolhas familiares, ainda que a suspensão, mesmo que mais evoluída, faça notar um pouco as suas “origens”, sendo algo seca em mau piso. 

 

“Ser ou não ser…”

A questão é o preço, fator que muito “manda” na altura de escolher um novo automóvel. A gama Tourneo Connect começa nos 32.852€ para a versão curta equipada com o motor gasolina de 114cv. As versões longas não chegam a custar mais 1.000€, sendo escolha primordial e lógica para quem quer os dois lugares extra que também se pagam (922,50€).

Esta unidade, pedia em troca 44.031€, um valor que pode ser um entrave para muitos que têm a coragem (ou o pragmatismo) de optar por uma destas propostas para o novo familiar puro “lá para casa”. Mas uma coisa é certa, aqui não há queixas de falta de espaço, o que melhora o conforto durante as viagens em família, enquanto o condutor não conta com uma proposta com os “handicaps” de outrora, sendo agora uma verdadeira proposta de passageiros. Ainda que o aspeto ainda não consiga disfarçar isso totalmente… mas uma configuração mais feliz do que esta melhorará e amenizará essa questão de sobremaneira, quebrando o estereótipo que foi referido acima.

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!