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Ensaio by MotorO2 – Mazda MX-5 (NC)

Ensaio by MotorO2 – Mazda MX-5 (NC)
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“Cavalo e cavaleiro em perfeita harmonia”

Em japonês Jinba-Ittai, é uma expressão utilizada pelos arqueiros montados japoneses, chamados Yabusame, para descrever o momento em que os dois seres se fazem sentir como um só, tal é o grau de ligação, entendimento e apreço mútuo.

E foi precisamente esta expressão que a Mazda utilizou para descrever as sensações transmitidas pela terceira geração do seu MX5, aquando do seu lançamento em 2005. Agora, com a quarta geração à vista, vamos ver se passada quase uma década, o MX5 NC que se despede de nós, ainda é capaz de entregar uma experiência de condução inesquecível…

Escrevo-vos estas linhas desde a Ponta de Sagres, derradeiro final da Costa Vicentina, e um dos sítios ideais para terminar uma viagem ao volante deste belo Roadster japonês. Infelizmente, já não estou acompanhado do mesmo e escrevo-vos este ensaio no tempo passado, mas acreditem que as sensações ainda estão bem vivas na minha memória.

Olho para Oeste, e do outro lado do Oceano Atlântico ficam os EUA, onde o MX5 foi elevado a um estatuto de mito. Foi aqui que o MX5 Miata se tornou no Roadster mais vendido de sempre, conquistando o coração de americanos habituados a automóveis grandes, desajeitados e brutos, através do seu charme minimalista, divertimento garantido ao volante e baixos custos de manutenção.A Mazda optou sabiamente por nunca revolucionar o MX5, mas sim adaptá-lo continuamente aos gostos e tendências das épocas por que tem passado, retendo sempre uma linha e pormenores característicos que o tornam facilmente reconhecível. O seu desenho baixo e esguio demonstra dinamismo, embora não ao nível das últimas propostas da marca. Relembremos que o MX5 NC é pré-Kodo.

Mas tal não é propriamente mau, pois empresta ao MX5 uma espécie de nostalgia e simplicidade quase a fazer lembrar os seus antepassados espirituais, os roadsters britânicos do pós-guerra.O MX5 por nós ensaiado é a actual versão topo de gama, contanto com, puristas fechem os olhos, uma capota rígida retráctil. Este extra faz com que o “nosso” MX5 seja denominado de RC, siglas de Roadster Coupe.

Abrindo a porta, somos brindados com um habitáculo acolhedor, simples e focado na tarefa da condução. Não existem “modernices” como instrumentos digitais ou gráficos a cores, apenas um volante bem dimensionado, uma caixa de velocidades de tacto exemplar e correctamente posicionada e uns bonitos pedais em alumínio. Óbvio que temos direito a pequenos luxos como o rádio com leitor de CD e ar condicionado, mas esqueça por exemplo o computador de bordo. O que até é bom, assim pode divertir-se à vontade sem ter que estar sempre a verificar um consumo na casa dos dois dígitos e ficar com a consciência pesada… a agulha logo lhe diz quando está na altura de fazer um pit stop!

Rodando a chave, o motor de 2.0l e 160cv acorda com um trabalhar rouco, e transmite a sua potência exclusivamente às rodas de trás através de uma espectacular caixa de 6 velocidades e um diferencial autoblocante mecânico. Ou seja, teoricamente, não falta aqui nenhum ingrediente…

Em andamento, o MX-5 é uma máquina sensorial, e tão diferente do que a indústria automóvel nos tem habituado nos últimos anos. As acções do condutor têm reacções imediatas por parte do automóvel. É puro, é gratificante, é ridiculamente divertido. É Jinba-Ittai… A direcção é milimétrica informa-nos claramente do que se passa com as rodas da frente e o facto de irmos baixos e bem sentados, faz com consigamos entender o que o eixo traseiro nos está a comunicar.

E nunca é demais frisar a delícia que é utilizar a caixa manual de 6 velocidades. Precisa e curta, com um feeling magnificamente positivo e oleado. A manete controla por sua vez os rapports curtos que emprestam uma vivacidade muito interessante ao MX-5.

Durante a condução, o MX5 faz-nos entender porque amamos automóveis. O facto de podermos recolher a capota, faz com que possamos acalmar os ânimos e desfrutar da sua condução sem grandes alaridos. Aliás, o MX5 é um automóvel que não é preciso andar nos limites nem perto deles para ser um carro muito gratificante de se guiar, apenas pede uma boa estrada.

Mas tal como em todos os automóveis, existem pontos negativos. O pedal do acelerador está disposto de maneira a que quando premido o pé fique num ângulo muito fechado, o que se torna incomodativo findos alguns quilómetros. Tal é ainda mais agravado pela inexistência de cruise-control. A bagageira é pequena e só possui abertura pelo habitáculo ou pela chave. Apesar de perceber o porquê da sua não inclusão, devia ainda haver um computador de bordo, embora o mesmo apenas servisse para nos brindar com médias sempre perto dos 10l/100km.

No entando, sejamos honestos. Ninguém se importa com consumos num carro como o MX5. O sorriso sempre presente quando estamos ao seu volante, a felicidade que encontramos ao passar numa estrada montanhosa, a simplicidade aliada à parte sensorial já quase extinta no mundo automóvel, são tantas as razões positivas que encontro para gostar deste carro que vou continuar aqui sentado a olhar para a América, e a agradecer-lhes por terem gostado tanto deste Roadster. Afinal de contas, sem eles não estaria aqui a escrever estas linhas…

 


Mazda MX-5 (NC) 2.0 Sport RC

Especificações: 

Potência – 160cv às 7000rpmBinário – 188Nm às 5000rpm
Consumo Anunciado (Medido)  – 7,8l/100km
(9,2l/100km)


Mazda MX-5 2.0 desde: 38.587€ 
Modelo ensaiado: 39.466€

Texto: Rodrigo Hernandez
Fotos: Rodrigo Hernandez/Alexandre Batista

MotorO2 | Respiramos Motores

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!