
“Parabéns, ícone!”
O convite falava-nos dos “50 Years of Golf”, uma efeméride que merece (e bem) ser festejada por parte da Volkswagen. Mas a marca alemã tinha mais planos para esse dia, com o aparecimento em palco do Passat e do Tiguan.
E nós conduzimos todos! Mas por enquanto, neste artigo, vamos focar-nos apenas no Golf…
A (breve) história do Golf
O Volkswagen Golf marcou uma verdadeira viragem para a Volkswagen, que necessitava de um sucessor para o seu mítico “Carocha”. E o que fez? Alterou tudo!
Criou um automóvel de tração dianteira em vez de traseira, adotou um design angular, ao invés de curvilíneo, e utilizou um motor refrigerado a água em vez de ar. Um passo que a marca tomou e que se revelou, desde muito cedo, uma aposta vencedora.
Antes de passar à sua história, algumas curiosidades: em Portugal existem em circulação 190.000 Volkswagen Golf, distribuídos entre todas as suas gerações. Se somarmos os quilómetros percorridos por todos os Golf vendidos no mundo, daria algo como 350 mil milhões de quilómetros!
A primeira geração nasceu pelas mãos de Giorgetto Giugiaro e viu a “luz do dia” em 1974, tendo comercializado 6,9 milhões de unidades. Revolucionário, o Golf mostrou, tal como o Carocha, vir a ser o responsável por mover milhões de alemães e europeus… Nesta geração nasceu desde logo o GTI e contou até com uma variante Cabrio.
A segunda geração marcou a primeira evolução, mostrando que o modelo iria evoluir em vez de se revolucionar. Ainda assim, o Golf II contava já com catalisador, sistema ABS e até o primeiro sistema de tração integral na história do modelo. Esteve no mercado de 1983 até 1991, e foi responsável por 6,3 milhões de unidades vendidas.
A terceira geração marcou pela segurança, contando com airbags para os passageiros dianteiros, assim como reforços estruturais para proteger todos os ocupantes em caso de colisão. Para lá da segurança, o VR6 foi a versão “picante”, com um motor de seis cilindros. Para garantir uma maior frugalidade, a terceira geração contou igualmente com motores diesel, nomeadamente o primeiro de injeção direta na história do Golf. Mesmo no final da sua carreira, passou a contar com Airbags laterais. Entre 1991 e 1997, foram vendidas 4,8 milhões de unidades do Golf III, que foi marcada igualmente pela introdução da Variant (a versão carrinha).
A quarta geração foi um ícone de estilo para a marca. Um automóvel para todas as circunstâncias. Para além disso, a sua sensação efetiva de qualidade colocou o modelo como a referência no seu segmento.
No seguimento da anterior geração, o Golf IV contou igualmente com um compromisso elevado com a segurança, com a Volkswagen a dotar o modelo com ESP (Controlo de Estabilidade). Em termos de inovações mecânicas, o Golf IV foi o primeiro a contar com uma transmissão DSG no R32, a versão mais desportiva que fazia par com o GTI. Entre 1997 e 2003 foram vendidas 4,9 milhões de unidades.
A quinta geração marcou de novo uma evolução de estilo, mas uma continuação na qualidade. O Golf V contava com uma rigidez torsional melhorada em 35% graças a novos processos de montagem, bem como seis airbags de série, onde se podia somar, por opção, airbags laterais para os ocupantes traseiros.
O modelo contou ainda com uma nova transmissão DSG de sete velocidades, bem como o regresso do “verdadeiro GTI”. Entre 2003 e 2008, saíram das linhas de montagem 3,4 milhões de unidades desta geração, que incluía também o Golf Plus, uma novidade.
A chegada da sexta geração é talvez a que menos se notou à vista, mas das que mais fez pelo Golf. Um cuidado ainda maior na qualidade e no toque, que lhe valeu o galardão de “Car of the Year 2008”. O Cabrio surge nesta geração, depois de 10 anos de ausência. Esta geração somou mais 3,6 milhões de unidades vendidas entre 2008 e 2012.
A sétima geração é a preferida de muitos. Distância entre eixos alargada, significava mais espaço a bordo, com uma aparência exterior mais dinâmica, onde os motores acompanharam esse dinamismo, graças a uma gama ampla. Os sistemas de segurança tiveram igualmente um peso importante nesta geração, como o ACC (Active Cruise Control) ou o “Front Assist”. Em 2014 surgiu ainda o e-Golf, uma versão 100% elétrica que foi o percursor para o futuro elétrico da marca alemã (a família ID.). Entre 2012 e 2019, 6,3 milhões de Golf VII saíram dos portões das fábricas.
Nesta oitava geração, que tem como foco a digitalização, a marca quer continuar com uma verdadeira história de sucesso, numa indústria cada vez mais competitiva onde os segmentos SUV conquistam uma grande fatia de vendas. Sabendo disso (e que ainda existem bastantes clientes a procurar berlinas) a marca renovou o Golf, ouvindo as opiniões dos jornalistas especializados e dos consumidores.
O que mudou no Golf?
Esteticamente, a Volkswagen consegue fazer muito bem renovações onde, na verdade, muda pouco em termos de estilo, mas que no resultado final o modelo parece bastante distinto. Na dianteira, destaca-se o logo iluminado, os novos faróis IQ. Light LED Matrix retocados, bem como o novo pára-choques mais vincado. Na lateral encontramos ainda o novo posicionamento dos badges da versão, bem como cinco novos estilos de jantes, que se juntam a três novas cores.
Atrás, o destaque vai para o novo difusor traseiro sem design de escape, assim como para as luzes traseiras IQ. Light 3D, que contam com três diferentes animações de boas-vindas e despedida. Pormenores que conseguem tornar este modelo bastante atual, sem perder a sobriedade que é elogiada por muitos.
Passando para o seu interior, notam-se mais diferenças. E foi aqui que a Volkswagen ouviu, aceitou as suas falhas, e tornou o Golf num produto ainda mais capaz. O volante passa a contar com comandos físicos, deixando “cair” os controlos hápticos, menos práticos. O novo ecrã central pode assumir uma dimensão de 12’’ ou 15’’ e está agora mais rápido e intuitivo de utilizar, graças ao novo software MIB4. Abaixo, o “slider” de atalho passa a ser iluminado, o que melhora a utilização em condução noturna. Este novo sistema integrará ainda, no quarto trimestre de 2024, o assistente de voz com Chat GPT.
No interior, encontramos igualmente novos revestimentos e inserções interiores.
Mas é debaixo do seu “corpo” que encontramos as diferenças mais importantes.
Para base de gama, o motor 1.0 TSI desaparece, sendo substituído pelo bloco 1.5 TSI evo2 com uma potência de 115cv ou 150cv, caso se opte pela versão mild-hybrid eTSI, estando esta disponível somente em conjunto com a transmissão DSG.
Ainda nos propulsores gasolina, o Golf GTI passa a contar agora com 265cv (+20cv) e o Golf R com 333cv (+13cv). O GTI Clubsport permanece com a potência inalterada nos 300cv.
No que diz respeito aos Diesel, continuam presentes com duas versões: 2.0 TDI de 115cv com transmissão manual ou 2.0 TDI de 150cv em conjunto com a transmissão DSG.
Mas é no PHEV que existem as maiores alterações. Tendo o bloco 1.5 TSI evo2 como base, é possível optar por dois níveis de potência: o eHybrid conta com 204cv enquanto o GTE oferece agora 272cv (anteriormente 245cv). Mas mais importante do que isso, é a capacidade de fazer “quilómetros elétricos”, com a marca a anunciar até 140km, possíveis de carregar em carga rápida até 40kW (11kW em AC).
Graças ao tanque de combustível de 40 litros e à bateria de 19,7kWh de capacidade, é possível uma autonomia híbrida máxima de até 900km.
O Volkswagen Golf Variant também foi renovado, contando com uma gama dividida em quatro versões (Golf, Life, Style e R-Line) e uma escolha de motorizações mais compacta: 1.5 TSI de 115cv, 1.5 eTSI DSG de 150cv, bem como os propulsores Diesel com dois níveis de potência: 115 e 150cv.
Ao volante
O contacto foi breve ao volante do Golf com o propulsor 1.5 eTSi aliado à transmissão DSG, revelando-se uma vez mais como um automóvel muito fácil de conduzir e dono de uma elevada suavidade. A suspensão destacou-se pelo conforto, enquanto a dinâmica consegue um bom equilíbrio entre o controlo dos movimentos e a garantia de comodidade para quem vai a bordo. Os comandos contam igualmente com um peso correto.
A resposta do propulsor 1.5 TSI evo2 é rápida e disponível, desde baixas rotações, com a transmissão DSG a ajudar no capítulo da suavidade, oferecendo mesmo um modo “vela” para que os consumos se mantenham reduzidos. Quanto a isso, devido ao curto percurso não conseguimos aferir com exatidão, prometendo para breve um teste mais completo a este renovado Golf, nas suas mais diversas versões.
No entanto foi possível constatar que as alterações feitas no interior beneficiaram de sobremaneira o conforto e a facilidade de utilização por parte do condutor e ocupantes.
Preços do renovado Golf e Golf Variant
A gama começa na versão “Golf” por 28.620€ para a versão 1.5 TSI de 115cv ou 33.784€ para o Diesel com o mesmo nível de potência e transmissão manual. Destaque para a versão 50 Anos (que estará disponível até final do ano) e que conta com um generoso acréscimo de equipamento, estando disponível desde 29.597€, com três tipos de tecnologia: Gasolina, Mild-Hybrid e Diesel.
O eHybrid inicia-se nos 45.345€, enquanto o GTE de 272cv está disponível por 50.111€, o GTI de 265cv por 49.078€, o Clubsport de 300cv por 58.796€ e o Golf R com 333cv por 62.145€.
No que diz respeito ao Golf Variant, os preços começam nos 33.478€ para a versão Golf e propulsor Diesel de 115cv podendo ir até aos 49.351€ para o Diesel de 150cv na versão Style.
Clientes fiscais (com contribuinte a iniciar em 5) poderão contar com versões gasolina por 25.000€ para o Golf e os 27.490€ para o Golf Variant. O PHEV estará possivelmente disponível com um preço a rondar os 27.500€ + IVA.
Que conclusões tiramos?
Os primeiros 50 anos do Golf foram dignos de um verdadeiro sucesso. Agora, na sua oitava geração, a indústria passa por um momento de grande revolução, o qual a Volkswagen tudo faz para que o Golf se mantenha como uma das soluções cimeiras no seu segmento. Os seus pergaminhos continuam bem presentes, com as alterações feitas a terem sido dirigidas na direção certa, modernizando o modelo.
Que venham os próximos 50 anos, Golf!