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Hyundai i30N Performance

Hyundai i30N Performance
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“Mais do que uma letra”

Para a Hyundai, e para todos os apreciadores de automóveis, a letra N passa agora a ser mais do que a “14ª letra do alfabeto latino”, é também a letra que designa os desportivos da gama da marca coreana. Nesta primeira incursão no mundo dos desportivos, conceberam o Hyundai i30N, um modelo que passa a entrar num dos segmentos em mais forte ebulição do mercado, onde alguns dos seus rivais já contam com décadas de experiência. Será que a idade ainda é um posto?

Para dar provas, usaram os ingredientes certos, juntando a uma carroçaria com detalhes estéticos interessantes um interior desportivo, bem como um motor de altas prestações.

Começando pelo exterior, este acrescenta à imagem sóbria, mas elegante do “normal i30”, pormenores que o distinguem do seu “irmão atinado”. O Hyundai i30N diferencia-se pelos elementos de contraste em vermelho e pelos seus para-choques mais agressivos, com a dianteira a contar com entradas de ar exclusivas, destinadas a refrigerar os maiores travões dianteiros. Na lateral é visível a sua silhueta mais esguia e perto do solo em 8mm, sensação aumentada graças a umas saias que lhe conferem o aspeto extra de “agarrado ao asfalto”. Para além disso, as bonitas jantes de 19’’ estão envoltas em pneus Pirelli P-Zero exclusivamente desenvolvidos para este modelo, escondendo o potente sistema de travagem, com pinças vermelhas e a inscrição N. A traseira é talvez a secção mais agressiva, destacando-se desde logo o spoiler preto que prolonga o tejadilho, e que inclui o terceiro stop de formato triangular. No para-choques verifica-se a preocupação com a aerodinâmica, como é o caso do difusor traseiro, que acolhe a dupla ponteira de escape. Ah! E a cor exclusiva é inspirada na equipa de Rallies da marca: o Azul Performance.

O mesmo estilo é seguido pelo interior. Com uma boa construção e com materiais de bom toque, destaca-se pelos bancos com excelente apoio e de ampla regulação (elétrica), assim como outros detalhes, onde se inclui a manete exclusiva da caixa manual de seis velocidades, bem como o volante em pele específico, mais largo e com dois botões da mesma tonalidade que o exterior. O da esquerda permite eleger um dos três modos de condução: Eco,Normal e Sport, enquanto que o da direita permite selecionar ainda mais dois modos: um personalizado e “afinado” por nós (Custom) através do ecrã central táctil, podendo eleger (na maioria dos casos) entre três hipóteses para diferentes aspetos como resposta do motor, do diferencial, da direcção ou mesmo do sistema de escape. A outra função é o “Modo N”, onde tudo está na potência máxima e totalmente dirigido para as performances!

Mas antes de falar disso, importa relembrar que este desportivo continua a ser um Hyundai i30, ou seja, continua a conseguir acomodar três passageiros na traseira, com a vantagem de não contar com túnel central intrusivo. Na bagageira encontram-se os mesmos 395L de capacidade, aqui apenas com a diferença de contarem com uma barra de torção para aumentar a rigidez, um fator em que a Hyundai muito trabalhou.

Essa rigidez ajuda a comprovar o bom comportamento deste modelo, muito neutro, mas visceral quando pedido, tolerando bem o seu potente motor 2.0 T-GDi de 275cv, que impressionam graças também ao seu binário que com a ajuda do overboost ascende aos 378Nm, disponíveis numa ampla gama de rotações (entre as 1450 e as 4000rpm). Isto permite ao Hyundai i30N Performance (sim, este é o nome completo desta versão) acelerar dos 0 aos 100km/h em apenas 6,1s, chegando aos 250km/h de velocidade máxima limitada eletronicamente. Mas não são só os números que fazem um automóvel, mas também as sensações. Ainda que sejam complicadas de descrever por palavras, esse é o meu “trabalho”, portanto, aqui vai:

Carregamos no start, e ao mesmo tempo que o banco se aproxima do volante, as luzes iluminam o habitáculo. O rugido feroz do escape faz lembrar que este é um Hyundai com mau feitio, muito provavelmente um dos melhores sons provenientes de um motor quatro cilindros. A caixa manual de seis velocidades possui um tato correto, bem como um funcionamento mecânico e curso curto, ao estilo das japonesas. A marca informa ainda que a embraiagem foi reforçada, bem como todo o sincronismo de forma a aguentar os fortes abusos que este desportivo deverá sofrer ao longo da sua vida.

Outro ponto importante, ou pontos importantes, são visíveis quando abordamos uma curva. Primeiro, na travagem. Decidida, potente e fácil de dosear, conseguimos ajustar bem a entrada com a traseira a “rodar” ligeiramente, mas sempre em sintonia com a dianteira, e aqui é também de elogiar a permanência do travão de mão mecânico! Depois da entrada em curva, é notória a aderência dada pelos pneumáticos, mas muito pelo diferencial eletrónico que nos mantém bem presos ao asfalto e sem perdas de aderência. Para alem disso, é bem visível o quase inexistente adorno da carroçaria, dando uma superior confiança, já que os técnicos da marca, nas centenas de voltas que deram a Nürbugring (incubadora deste carro e circuito que lhe dá o nome), afinaram da melhor maneira a suspensão e amortecedores, com uma geometria ao nível do camber e caster alterada. Para além disso, a suspensão, que conta com molas mais rígidas, é variável para tornar este automóvel num verdadeiro automóvel de pista, ou num simpático “all rounder” para a família.

Esse espírito camaleónico é mais facilmente visto alternando entre os diversos modos, notando que o escape, que num contorno mais desportivo dá verdadeiros “tiros”, no modo normal ou Eco torna-se bem mais tranquilo graças à válvula de escape…

Este é um dos grandes aliados à condução, com um som que cativa e que dá mais vontade de aproveitar todo este conjunto. As “shifter lights” no painel de bordo ajudam a aproveitar cada relação, enquanto a caixa de seis velocidades responde de forma rápida. Aqui, encontramos talvez o único ponto que gostámos menos no i30N. A consola central, poderia ter o apoio de braço um pouco mais baixo, já que em trocas de 5ª para 4ª, o cotovelo pode bater lá. Nada de muito grave e facilmente habituável, mas num automóvel tão bom, este pequeno aspeto acabou por vir ao de cima. Ainda falando na transmissão, o Hyundai i30N conta com o sistema de “Rev Matching” que faz o ponta-tacão por nós.

Quanto ao resto do equipamento, a Hyundai, nesta nova proposta, continuou igual a si própria, o que quer dizer que o que está disponível de série é bastante vasto. Seja a navegação que inclui os sistemas Android Auto e CarPlay, ou os elementos de segurança ativa: assistente de travagem automática, cruise-control, limitador, assistente ativo de saída de faixa de rodagem e leitura de sinais de trânsito. No capítulo do conforto, os vidros escurecidos, os bancos dianteiros elétricos com memória, aquecidos tal como o volante, são também elementos que estão disponíveis sem custo adicional. Para além de tudo isto, a garantia joga aqui também um importante papel: 5 anos, sem limite de quilometragem.

Como veredicto, este Hyundai i30N impressiona, conta com uma estética apelativa, sem ser demasiado chamativo como outras propostas rivais e que podem afastar certos interessados. Por outro lado, graças às suas configurações, pode variar entre um automóvel familiar com um pouco mais de “salero”, para um verdadeiro “animal de pista” muito eficaz. O seu motor de 275cv está, tal como este i30N está para o mercado, a meio das opções. E já a minha avó dizia: “É no meio que está a virtude”. Se calhar chegou a altura de a ouvir…

Hyundai i30N Performance

Especificações:

Potência – 275cv às 6000rpm
Binário – 353Nm às 1450 ~ 4500rpm
Aceleração dos 0-100 (oficial): 6,1s
Velocidade Máxima (oficial): 250km/h
Consumo Combinado (Medido) – 9,2l/100km

Preços:
Hyundai i30N desde: 39.900 €
Preço da versão ensaiada : 42.500€

Carrega nas fotos e vê este Hyundai i30N em detalhe:

Fotos: Rodrigo Inocêncio

Hyundai i30N Performance
17.4 Pontos
O que gostámos mais:
- Diversão ao volante - Sonoridade - Equipamento - Preço - Garantia
O que gostámos menos:
- Consola central - Consumos em condução desportiva
Resumindo e concluíndo:
O Hyundai i30N é uma mostra que podemos efectivamente contar com o construtor Coreano. As "mãos" de Albert Biermann (antigo engenheiro da BMW M) fizeram a diferença, e tornaram este i30N em um dos modelos desportivos mais equilibrados do mercado.
Motorização18
Perfomances18
Comportamento18
Consumos16.5
Interior17
Habitabilidade17
Materiais/Qualidade de construção16.5
Equipamento de Série18
Value for Money18

“A pontuação acima é totalmente da nossa opinião. Esta, tem a ver com o modelo e versão ensaiadas, tendo em conta o segmento onde a mesma se insere.”

Legenda da pontuação:
0-5: Mau;
6-10: Satisfaz Pouco;
11-15: Razoável;
16-17: Bom;
18-19: Muito Bom;
20: Excelente;

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!