Home Ensaios Ensaio MotorO2 – Honda Civic 1.4 Sport

Ensaio MotorO2 – Honda Civic 1.4 Sport

Ensaio MotorO2 – Honda Civic 1.4 Sport
6
0

 

“Um Lobo em pele de Cordeiro”

Antes de avançar para o ensaio em si, quero dizer que este titulo não é mau, porque ser um cordeiro tem os seus pontos positivos, imagine-se, um cordeiro precisa de se alimentar bastante menos (leia-se gasolina) que um lobo, que se cansa mais atrás do cordeiro.. e acaba por fazer o mesmo (leia-se 120 Km/h que é o máximo permitido nas nossas estradas).
Mas Chega de analogias com animais, vamos ao que realmente interessa…

O Civic nesta sua 9ª geração (em que comemora 40 anos de sucesso, sendo um dos veículos mais antigos deste segmento a manter-se no activo, lançado em 1972 o Civic já vendeu mais de 20 milhões de unidades em todo o mundo), mostra-se mais como uma evolução, e não uma revolução do anterior modelo,  conhecido como “Nave Espacial”, este modelo reparou os erros e os pontos menos conseguidos da anterior geração, o que vou agora explicar em pormenor neste ensaio.

O Exterior

O seu aspecto musculado, é ainda mais evidente nesta nova geração produzida, desenvolvida e testada na Europa, para os Europeus, com a sua linha de cintura alta e bem marcada tendo um perfil desportivo,  o novo Civic conta agora com tons cinza na sua grelha a dividir o para-choques no qual se incluem as luzes diurnas, o que torna a frente mais agressiva, na traseira é onde está o elemento sem dúvida mais “ousado” do novo Civic, a sua Asa com os Faróis Traseiros Esculpidos,

esta para além de um efeito estético marcante e de servir de terceira luz de stop, baixa também o coeficiente aerodinamico do automóvel Japonês para uns incríveis 0,27cx o que contribui de uma forma muito importante no trabalho que a Honda teve na redução de consumos deste automóvel em 10,8% nesta versão a gasolina face á anterior geração.

O Interior

Continua a ser a parte mais incrível do Civic, que manteve o mesmo tema da anterior geração, em de dar ao condutor um espaço só seu , com tudo á sua volta sendo fácil de chegar a qualquer comando, como de um de um cockpit se tratasse.

Os materiais melhoraram imenso ao toque, agora estando ao mesmo nível dos seus rivais Europeus. Não sendo surpresa a Honda manteve o painel de instrumentos de dois níveis, a de cima mantém-se parecida, com o velocímetro contando agora com o modo ECON, que muda as cores consoante a nossa condução, azul para condução gastadora, verde para condução económica, mas no de baixo, existem diferenças… o computador de bordo já não está lá, está agora no cimo da tablier juntamente com as informações de rádio, e já não se chama Computador de Bordo mas sim, i-Mid.

O que é o i-Mid?  Passo a explicar, é um ecrã a cores que permite visualizar um maior número de informações, como por exemplo o sistema de aúdio (rádio, mp3, ipod), quilometrarem e a muito útil câmara de estacionamento traseira, que resolveu um dos problemas do anterior Civic, a sua visibilidade traseira, se calhar este é o momento oportuno de dizer que o Civic foi uma das escolha das senhoras para o WWCOTY (Womens World Car Of The Year) na categoria de Economia, e pela a câmara de estacionamento, penso eu..

os comandos no volante são bastante intuitivos nas tarefas básicas, mas quando queremos explorar mais o sistema torna-se demasiado confuso, sendo dificil de percorrer alguns atalhos, assim como trocar algumas das informações prestadas (só com o carro parado, situação já resolvida no Civic 1.6 i-Dtec).

A Habitabilidade continua a ser um dos pontos-fortes do Civic, o espaço para as pernas dos ocupantes traseiros é boa, dispondo de um túnel central pouco intrusivo, os “bancos mágicos”como a Honda assim os apelidou também marcam presença como no “mano” mais novo, o Jazz, estes bancos podem rebater na vertical, juntando os assentos aos encostos, possibilitando o transporte de objectos mais altos.

A Mala, é uma das maiores, com os “enormes” 477 Litros de capacidade quase tanto ou mais que uma carrinha do seu segmento, (por exemplo a bagageira da Opel Astra Sports Tourer leva apenas mais… 23 Litros,) com os bancos totalmente rebatidos num piso completamente plano a capacidade ascende aos 1210 Litros, o acesso á mala também é fácil devido á sua largura de entrada e á sua pouca distância ao solo.

A Dinâmica

É aqui que o Civic mostra que afinal as diferenças não são só vistas apenas á lupa, aqui sentem-se, na altura do desenvolvimento, a equipa de engenheiros abordou os condutores e concessionários bem como os jornalistas especializados para que avaliassem o Civic (8º geração) os pontos  que foram apontados como sendo menos positivos era que o ruído da suspensão poderia ser reduzido e que o conforto de condução poderia ser aumentado.

O conforto em mau piso, um dos pontos mais criticados na geração anterior, que os engenheiros da Honda resolveram de uma forma engenhosa, o Civic foi equipado com uma suspensão traseira totalmente revista, retendo o básico eixo por barra de torção (de forma a maximizar o espaço interior, mantendo a funcionalidade dos “bancos mágicos”) mas a suspensão recebeu novos casquilhos elásticos cheios de fluido, substituindo os casquilhos convencionais de borracha.

A suspensão goza agora das vantagens  das molas mais baixas, reduzindo o ruído de rolamento, mas oferecendo elevadas caracteristicas de amortecimento que absorvem as vibrações e os ressaltos.

Outra das Alterações, foi a direcção que ficou com uma relação mais directa, o que reduz o ângulo do volante necessário para mudar de direcção em estradas mais sinuosas, o que poderia ter o seu ponto negativo em cidade, o que não se veio a revelar visto que a nova direcção está bem mais leve e mais agradável de usar sendo menos cansativa a tarefa de condução.

Uma palavra também para os os travões, que fazem parar o Civic dos 100 aos 0 Km/h em apenas 34,5 metros, quase digno de um desportivo.

O Motor

Não se espere aqui o motor 1.6 Turbo que o Tiago Monteiro usa no seu Civic do WTCC (a Honda entrou nas últimas três provas do campeonato do mundo de turismos, em que conseguiu mesmo um pódio na Prova de encerramento, em Macau)

Aqui neste Civic está mesmo o motor 1.4 i-VTEC (admissão variável)  que exibe apenas maior prontidão nos regimes mais elevados, já que nas rotações inferiores é algo lento e demora a reagir, isso foi mais sentido no início do ensaio, porque passado algum tempo com o Civic, já estamos habituados e colaboramos com ele, este é um motor suave, e que requer que sejamos suaves com ele, é um motor discreto, tão discreto que por vezes, ao ralenti parece-nos estar desligado, o que nalgumas ocasiões está mesmo, derivado ao sistema start-stop que na Honda é dos mais suaves e intervém sem dar-mos por ele.

A caixa de 6 velocidades é muito boa, sendo muito facil de usar devido ao seu seletor ser muito preciso e suave, fazendo com que a tarefa de conduzir este 1.4 i-VTEC se torne mais fácil e agradável e que nos ajudou a proporciorcionar um consumo combinado de 6,1l/100km.

Pontos Fortes e Menos Fortes:

Nos pontos fortes, está o interior, com um grande salto qualitativo face á geração anterior, sendo um espaço agradável confortável e acolhedor.

O conforto e presença em estrada também marcam pontos,  visto que Honda conseguiu mesmo fazer do Civic um carro mais europeu, valeu a pena ser o Honda com mais quilometros percorridos em desenvolvimento na Europa, e por melhorar o problema da suspensão traseira de uma forma tão inteligente. A direcção com sistema EPS (direcção assistida eléctrica) contribuindo para a dinâmica desportiva do carro, tendo uma direcção mais directa e linear.

Também o seu extenso equipamento é um ponto forte.

Nos pontos menos fortes, está sem dúvida este motor 1.4 i-VTEC, dá a sensação de estar a “sofrer”, isso podia ser resolvido com a criação de um motor de pequena cilindrada turbo (sei que não é barata a concepção de um novo motor) como os seus concorrentes têm em que o turbo entra em “acção” nos nas rotações mais baixas auxiliando o condutor.

Outro ponto menos bom mas que foi em parte resolvido, é o de o volante continuar a tapar parcialmente o velocímetro. O último e talvez o mais fácil de resolver é o só poder mudar as funções do Sistema i-Mid com o carro Parado. (Como disse, já resolvido na nova versão turbodiesel 1.6 i-DTEC, o que leva a crer que será em toda a gama de motores e versões)

Em síntese: O Civic 1.4 i-VTEC Sport é uma excelente opção para quem faz poucos quilómetros durante o ano, e quer um automóvel funcional, confortável e com bastante equipamento. Este motor chega para quem faz uma condução mais calma, suave como um cordeiro que chega para a “encomenda”, existem também as motorizações mais frugais: o recém-lançado 1.6 i-Dtec (120cv)e o 2.2 i-Dtec (150cv) duas motorizações a diesel com um andamento mais rápido mas com uns consumos mais comedidos.

Ou mesmo o 1.8 i-VTEC com 143cv que se afasta mais do cordeiro e se aproxima do Lobo, mantendo consumos muito comedidos, o verdadeiro Lobo esse sim será o Type-R que será lançado mais lá para a frente    ( e que se prevê que venha a ter cerca de 300cv)

 

 

Equipamento e Números:

Civic 1.4 i-VTEC Sport, 1339cm3; 100cv/6000rpm; 127nm/4800rpm. Caixa manual de 6 velocidades; Consumo Oficial : 5,5l/100km Consumo Medido : 6,1l/100km; Comprimento: 4,285; Altura: 1.472; Largura: 1.770; Capacidade da Mala: 477l; Capacidade do Depósito: 50l
Equipamento de Série:
Jantes de Liga-Leve 17″; Faróis de Nevoeiro; Luzes Diurnas; Volante em Pele Multifunções; Pedais em Alumínio; Ecrã Multifunções a Cores, Câmara de estacionamento traseiro; Rádio Leitor de CD/Mp3; Ficha de ligação USB/iPod®; Limpa para-brisas com sensor de Chuva; Faróis com Sensor de Luz; Alarme Periférico; Sistema VSA; Cruise-Control Adaptativo; Paragem Automática ao Ralenti; Hill Start Assist

Texto: Rodrigo Hernandez

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!