
“O menino bonito”
A Renault passa por uma revolução à qual chama de Renaulution. Os frutos começam já a ser bem visíveis, como uma gama cada vez mais ampla e capaz de lutar contra os seus principais rivais. Depois de uma ofensiva forte no segmento B e C, o segmento D conta agora com mais um modelo que assume, de certa forma, o papel de topo de gama da marca. O Rafale é um SUV Coupé que utiliza um nome de muito significado, tal é o orgulho neste que é o primeiro Renault desenhado “de alto a baixo” por Gilles Vidal e sua equipa de design.
Mas antes de avançarmos, porque dissemos que o nome Rafale tem muito significado? Porque é a palavra francesa que evoca o vento, sendo também uma referência aeronáutica que desempenhou um importante papel na rica história da marca. Como exemplo, o Caudron-Renault Rafale, que voou a 445km/h de velocidade…em 1934!
Assim, a marca quis dotar este modelo com este importante nome, com o Rafale a apresentar a nova linguagem visual, que foi revelada no concept-car Scenic Vision em 2022. Esta nova imagem destaca-se pelas formas esculpidas e curvas bem evidenciadas, atribuindo ao modelo um maior carácter e singularidade.
Os pormenores podem ser vistos na grelha dianteira, tendo como padrão o diamante losangular, imagem da Renault, que parece estar em movimento dependendo do local onde a observemos. A dianteira adota uma imagem vincadamente desportiva graças às nervuras do capot, mas igualmente pela agressividade das suas linhas.
Observando a sua silhueta SUV coupé, evidencia-se o seu óculo traseiro bastante inclinado (17 graus), para uma melhor eficiência aerodinâmica, algo que também justifica o seu nome Rafale. As vias são mais largas que o Espace em 4cm, o que lhe confere uma imagem mais atlética e presença na estrada. A traseira conta com os elementos luminosos esguios, inspirados nos tangrans chineses, com o nome Rafale em destaque, assim como um generoso spoiler integrado que ajuda na continuação do aspeto dinâmico do modelo.
Em termos de dimensões, com 4,71m, o Renault Rafale é apenas 1cm mais curto que o Espace, sendo 20cm mais longo que o Austral. A revestir a carroçaria desta unidade está o tom Azul Alpine, inédito deste Renault Rafale.
Passando para o interior, a inspiração é clara no Espace e Austral, contudo temos detalhes específicos neste Rafale Esprit Alpine. O tablier tem como principal destaque o sistema OpenR Link com Google integrado, que já por aqui falámos diversas vezes da sua capacidade prática. Já o painel de instrumentos salta à nossa vista, por contar com um grafismo semelhante ao encontrado no novo Scenic, modelo que também lhe “empresta” o tejadilho em vidro panorâmico Solarbay, que graças à sua capacidade de opacidade, permite tornar o ambiente mais luminoso ou acolhedor.
Os bancos contam com um apoio suficiente, com o destaque da mistura dos materiais (tecido, pele e Alcantara), algo que é encontrado um pouco em todo o habitáculo, assim como os pespontos tricolores com as cores da bandeira francesa. Mas é o “A” bem conhecido da Alpine, é o que mais se destaca, por ser retro iluminado. As bolsas das portas e os tapetes são tingidos de azul, o atribui um ambiente mais peculiar a este interior.
Mas nem só de estilo e tecnologia vive o Rafale, já que existiu uma verdadeira preocupação com o espaço a bordo, arrumação e conforto. Atrás senta-se confortavelmente dois passageiros adultos, com o suporte central do braço a contar com diversas funções, como por exemplo suporte para um tablet, assim como saídas de ventilação e tomadas USB-C. A bagageira, de abertura elétrica oferece 532l de capacidade, mais 102l que o Austral, provando que o estilo não necessita de empatar a praticidade. Sobre a bagageira, ponto positivo para a roda suplente de emergência.
Ao volante
O Rafale é um automóvel eletrificado, mas não 100% elétrico. Portanto, neste seu início de carreira conta com o conjunto E-Tech Hybrid, um híbrido convencional sem recurso a cabos de carregamento que consegue oferece um conjunto de 200cv de potência, entregues às rodas dianteiras. Existe também a versão PHEV, com 300cv e tração integral, que testaremos em breve.
Esta receita já é conhecida, tanto no Espace como no Austral, revelando-se vencedora por garantir consumos comedidos, sem esquecer a performance proveniente seus 200cv. Tal como estes modelos, o Rafale conta igualmente com sistema 4Control, com o Rafale a contar com o Vehicle Motion Control 2, um sistema eletrónico que controla as rodas traseiras de forma a antecipar a perda de aderência. Para além disso, o modelo conta com regulações especificas das molas e amortecedores, assim como das barras estabilizadoras.
Em condução nota-se que o Rafale está mais orientado para o condutor do que os seus companheiros de gama, sendo mais reativo e dinâmico de conduzir. Os 200cv fazem-se sentir, embora a transmissão multimodo não seja a mais adequada a explorações deste tipo. Já o sistema 4Control tem a sua dupla faceta: prático numa condução citadina, principalmente nas manobras, bem como na condução mais desportiva, com as rodas traseiras a virarem na mesma direção das dianteiras, de forma a ajudar numa entrada em curva mais eficaz, assim como uma aderência superior.
Os consumos revelaram-se comedidos no nosso ensaio, mesmo que tenhamos feito alguma estrada de montanha com condições climatéricas adversas. No computador de bordo ficou marcado, após 400km, 6,4l/100km, um número positivo tendo em conta que este é um SUV de segmento D, com 200cv.
Em termos de preços e de forma a comparar, a gama Rafale começa nos 45.500€, o que significa mais 5.711€ do que um Austral Techno ou 1.920€ do que um Espace na mesma versão e motorização que estes dois. Já este Esprit Alpine tinha um preço que ultrapassava a barreira dos 55 mil euros, com todos os opcionais, o que o tornou supercompleto em termos de equipamento, algo que mesmo de série é já muito bem recheado.
Como conclusão, a Renault tem no Rafale um produto especial e que embora não seja para as massas como outras propostas da sua gama, consegue demonstrar as capacidades da marca, sem ter caído no erro de voltar a criar uma berlina que poderia estar bem longe de ser um sucesso. A sua imagem distinta poderá cativar, por um preço não muito mais elevado que um Austral, ganhando até mais espaço e bagageira pelo caminho.