
“A tradição ainda é o que era”
Na chegada à sua 9ª geração, o Volkswagen Passat passa a contar com um só estilo de carroçaria mais familiar – outrora denominado de Variant – responsável por 2 em cada 3 vendas do modelo de segmento D da marca alemã. Estivemos ao volante da nova geração, equipado com o motor Diesel 2.0 TDI de 150cv, para um Teste Completo.
Tudo isto para entender se “a tradição ainda é o que era”.
Exterior
A nova geração do modelo de grande sucesso da marca, presente na gama desde 1973, conta com um desenho fácil de gostar, embora não conte com rasgos radicais que pudessem afastar os potenciais clientes deste “fiel” familiar germânico.
A dianteira é longa, com uma grelha de maiores dimensões na sua secção inferior, o que lhe confere uma imagem distinta face ao ID.7, modelo com o qual partilha o segmento, estando esse apenas disponível com propulsão 100% elétrica. No entanto, o Passat conta com alguma inspiração desse modelo da família ID, algo que a marca está a fazer para tornar a sua gama de modelos mais homogénea.
Visto de perfil, nota-se que o Passat cresceu de forma notória face ao anterior Passat Variant. A diferença é de 14cm a mais nesta geração no que diz respeito ao comprimento, com uma dimensão total de 4,92m. Um valor generoso, fazendo antecipar o amplo espaço interior, quer para os passageiros, quer para as bagagens.
Nesta versão Business (a que será mais vendida), as jantes de 17’’ são de série, parecendo pequenas no novo Passat, mas que se revelaram um bom compromisso no que diz respeito ao conforto. Estas podem atingir as 19’’ polegadas, na versão de imagem mais desportiva R-Line, que muda igualmente o desenho dos para-choques dianteiro e traseiro.
Atrás o que mais se destaca é o elemento luminoso, muito em linha com o apresentado pela nova geração Tiguan, ajudando uma vez mais a criar uma imagem de marca bem definida. Para revestir o exterior, estão disponíveis 8 cores.
Interior
O que procuramos num familiar? Primordialmente espaço.
Encontramos isso no novo Passat? Bastante.
Sim, a sensação de espaço a bordo é efetivamente garantida. No crescimento conseguido no exterior, 5cm foram destinados ao aumento da distância entre eixos, o que oferece um generoso espaço habitável. Mas comecemos pelos dois lugares dianteiros.
Os bancos são confortáveis, graças à assinatura ErgoActive, que nos oferecem uma boa postura e um amplo ajuste, alguns deles manuais e outros elétricos. As massagens estão igualmente disponíveis. A isso junta-se uma boa posição de condução, mais baixa que num SUV, mas que oferece igualmente uma boa visibilidade para o exterior.
A digitalização, como era de esperar, chegou também ao Passat. Com um tablier muito semelhante ao que encontrámos no novo Tiguan. Destacando-se os dois ecrãs (um para o painel de instrumentos e outro para o sistema multimedia) que oferecem uma boa leitura, no caso do primeiro, assim como um funcionamento mais fácil por parte do segundo, graças a novos atalhos iluminados e uma maior personalização do ecrã, que nos permite ter “na ponta dos dedos” os menus que mais necessitamos. Existem ainda vários espaços de arrumação na consola central, de ampla capacidade, devido ao seletor de transmissão ter passado para a coluna de direção, tal como nos mais recentes modelos da marca, tanto da gama “térmica” como elétrica.
Passando para os lugares traseiros, temos espaço para três ocupantes, embora o lugar central não seja, obviamente, tão confortável como os lugares “à janela”. Existe saída de ventilação dedicada, com possibilidade de escolher a própria temperatura, um apoio de braço quando o passageiro central não viaja connosco, assim como práticas cortinas para tapar o sol nas portas (para além dos vidros escurecidos), ideal para quando viajamos com os mais novos.
Mas é a bagageira que mais impressiona. Com 690l de capacidade, são quase necessários dois carrinhos de compras para encher este verdadeiro compartimento de carga que conta com uma altura correta no bocal de carga, assim como soluções inteligentes para compartimentar a carga. Seja através de um carril que permite dividir em diferentes secções, peças que aderem ao piso prevenindo que a carga “escorregue” pelo piso, ou mesmo um grande compartimento lateral para objetos mais preciosos…ou sujos. A abertura (e fecho) são elétricos e mãos livres, assim como a chapeleira, que recolhe e volta ao seu lugar, sem necessidade da nossa ação.
Condução
Para além do espaço no interior, um automóvel familiar pede igualmente conforto. O novo Volkswagen Passat passa com distinção?
Podemos desde já dizer que é um bom companheiro de viagem, e isso quer dizer muito. Com um motor Diesel de 150cv (existe de 122cv também), o Passat pede por longas tiradas para justificar a escolha desta motorização que a Volkswagen fez bem em continuar a disponibilizar. Existe um eTSI (gasolina mild-hybrid) com o mesmo nível de potência e ainda solução PHEV (capaz de fazer mais de 100km com uma carga) com 204 ou 272cv, ficando estas prometidas para mais tarde.
Voltando ao nosso Passat, os 150cv parecem equilibrados para os 1678kg de peso, provando que vale a pena o custo extra inferior a 2000 euros face ao de 122cv. A resposta é rápida e a suavidade é garantida por um cuidado extra com a insonorização, algo que é notório graças aos vidros laminados com isolamento acústico, bem como pela transmissão DSG de sete velocidades que ajuda igualmente a que as trocas sejam rápidas e suaves na maior parte das vezes.
A isso alia-se o conforto de um automóvel com dimensões mais generosas e uma suavidade conseguida por este tipo de carroçarias que, se compararmos com o Tiguan, o que é inevitável, já que encontramos menos resistência com o ar em autoestrada, logo menos consumo, assim como uma maior precisão nas reações e menos adornar de carroçaria.
O consumo é, a par com o espaço e o conforto, outra das suas vantagens, sendo bastante fácil garantir valores abaixo dos 5l/100km em autoestrada. Este Teste Completo terminou com um valor de 5,3l/100km após 860km… com o computador de bordo a informar que ainda tínhamos gasóleo para continuar viagem sem ir à bomba por mais 440km. Vantagens de um baixo consumo aliado a um depósito de 66 litros de capacidade.
Conclusão
O Volkswagen Passat cumpre assim tudo o que é mais necessário para um automóvel familiar: espaço, conforto e baixos consumos. A escolha pela variante mais familiar, que deixa de se chamar Variant para ser simplesmente Passat é lógica, com o ID.7 a ficar responsável por conquistar os clientes mais tradicionais.
Em termos de preço, o Passat está bem colocado face à concorrência, no entanto a motorização Diesel, a começar nos 49.640€ para a variante de 122cv (unidade em teste custava 61.116€) revela ser uma solução mesmo para quem necessita, já que o PHEV com 204cv é bastante apetecível, estando disponível por apenas mais 1.119€. No entanto, não se esqueça que existe o 1.5 eTSI (desde 42.725€), que poderá ser, para muitos, a escolha ideal…
De qualquer maneira, existem escolhas para todos, num automóvel que é um familiar por excelência.