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Toyota RAV-4 Square Edition

Toyota RAV-4 Square Edition
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“Sem pudores” 

Vou-me sentir velho neste ensaio (ou talvez o contrário), mas lembro-me de ser muito pequeno e achar o primeiro Toyota RAV-4 um carro engraçado. Pois bem, estávamos em 1994, e nessa minha memória que ainda estava muito “enublada”, já que mal tinha feito 2 anos, lembro-me que o “pequeno” Toyota era um automóvel diferente. Mas o certo é que quando comecei a ter maior noção (e idade), o RAV-4 deixou de ser o tal automóvel de aspeto divertido, passando a ser apenas mais um, de aspeto algo… aborrecido.

Também com essa maior noção entendi que este Toyota fazia tudo bem, mas que não tinha aquele cunho da sua primeira geração, da qual eu me lembro dos meus primeiros anos de vida. E aí questiono-me: se ele fosse assim desde início, como foi nas gerações seguintes, será que me lembraria dele?

Pois bem. A Toyota resolveu fazer uma inversão na estética, e tornar o Toyota RAV-4 de novo um automóvel “fora da caixa” como o original, mas sem esquecer as necessidades atuais, porque uma marca não vive apenas de carros divertidos…

Vamos lá então analisar essa estética.

Acho que se tapássemos todos os logos e símbolos, e se perguntássemos de que país seria este crossover, acho que seria unânime que a maioria dos questionados diria que era japonês. O seu estilo é um corte com a anterior geração que, por não ser muito inspirada, conseguia uma sobriedade que este modelo deixa ficar para trás.

Com isto, não queremos dizer que o Rav-4 seja desagradável no ponto de vista estético, muito pelo contrário. A sua dianteira é agressiva, diferente dos restantes modelos da marca, mas que não deixa de se parecer com um Toyota. Na lateral, o ponto de destaque é o desenho dos arcos das rodas, que na verdade são “arcos quadrangulares”, diferentes do que podíamos estar à espera, mas que se unem bem a um estilo tão “samurai” como o que este Toyota tem. A traseira é mais convencional, mas não perde o seu aparato radical, como Akio Toyoda assim pretende, ao dizer há uns anos que “não quer mais automóveis aborrecidos!”.

Nesta versão, “Square Edition”, a diferença passa pelas jantes de 18’’ em preto, assim como teto da mesma cor, que faz um interessante contraste que lhe fica muito bem, e podemos também avançar que é talvez a melhor escolha dentro da gama RAV-4.

Sobre o interior, a revolução está em igual nível à do exterior, e aqui o habitáculo não é tão radical, mas felizmente é uma evolução tanto em termos de estilo com de qualidade face ao anterior modelo. O ecrã central está agora em posição de maior destaque, com a ergonomia praticamente sem reparos, e aqui conseguimos sentir que alguns dos comandos têm um tato “aborrachado”, com a marca a justificar-se que será mais fácil de operar com luvas nas aventuras da vida. A Toyota ainda pensa que o RAV-4 pode ter grandes aventuras, até porque os ângulos estão um pouco piores que na geração passada.

Continuando no interior, o espaço é outra das suas vantagens. À frente, os dois ocupantes contam com uns bancos confortáveis, e uma entrada simples. Atrás, sem problema para três passageiros, com o banco (bipartido) a poder ser regulado em longitude ou em inclinação. Atrás dos cinco lugares está uma bagageira que aumentou face à geração anterior, com 580L de capacidade. Isto foi conseguido graças à nova plataforma modular da marca, que garante uma maior dimensão entre eixos (30mm), num exterior que diminuiu em comprimento (5mm) e aumentou em largura (10mm).

Mas essa plataforma tem outras vantagens, nomeadamente no capítulo dinâmico, já que conduzir este novo RAV-4 é uma tarefa melhor que a geração anterior, já que melhorou a rigidez torsional, ao mesmo tempo que reduziu o peso, que globalmente é 35kg mais ligeiro.

O novo motor 2.5 Dynamic Force (nome pomposo) é agora mais potente e disponível, que em conjunto com o motor elétrico desenvolve 218cv e um binário que melhorou em ambos os motores. A transmissão CVT orquestra tudo isto, e está agora mais suave no seu funcionamento, com menos “gritar” do que estamos habituados. Continua a não ser perfeita, mas revela-se eficaz quando olhamos para o painel de instrumentos, que marca consumos que são complicados de acreditar.

Isto porque não é difícil de fazer menos 6 litros de média combinada, graças à entrada (quase imperceptível) do motor elétrico, que em cidade faz muitos quilómetros sem consumo. Em autoestrada, os mais de 200cv são mais do que suficientes, principalmente se mudarmos o modo de condução para um mais desportivo (ECO, Normal, Sport), com resposta rápida. A transmissão tem ainda um modo “sequencial”, com seis velocidades virtuais.

Dinamicamente, como dissemos, o Toyota RAV-4 está mais acutilante e com um melhor pisar. Não é um “crossover dinâmico”, mas também não pretende ser, contudo não é inseguro nas suas reações mesmo quando saímos da sua zona de conforto. Só temos a apontar o tato do pedal de travão, que graças ao sistema de regeneração acaba por fazer com que o ABS ou ESP intervenham cedo demais.

Por fim, o preço de 45.795 euros pedido por esta unidade parece justo, tendo em conta um automóvel deste segmento com um espaço interior sem mácula e um equipamento completo, onde não faltam os faróis LED, cruise-control adaptativo, sistema de alerta de ângulo morto, bancos aquecidos em pele, com o do condutor elétrico, vidros escurecidos e portão da bagageira elétrico. O sistema de navegação é opção. Os consumos fazem-nos mesmo pensar: para quê um diesel?

Ainda para mais se circular muito tempo dentro das coroas citadinas…


Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!