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Roadtrip by MotorO2 – Encontrar o Norte com RCZ R (Parte II)

Roadtrip by MotorO2 – Encontrar o Norte com RCZ R (Parte II)
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“Dia Dois, Dia D…”

Hoje começa a “roadtrip” propriamente dita, porque como disse no artigo anterior, o objectivo desta viagem é percorrer a N222. E agora estamos mesmo à sua beira!

Ontem ao jantar, o tema foi de onde começar então esta jornada. A N222 é uma estrada bastante grande, que parte de Vila Nova de Gaia e termina em Almendra. Após recomendação de amigos, decidimos pernoitar em Penafiel e entrar na “melhor estrada do mundo” em Castelo de Paiva.

Decisão acertada, pois pouco tivemos de percorrer até parar para admirar a paisagem, algo que se tornou bastante recorrente nesta nossa pequena jornada. Nesta parte a estrada é boa, mas percorre povoações e tem inúmeros acessos, logo convém ter cautela e não fazer muito o gosto ao pé direito, para evitar dissabores. De qualquer maneira, a belíssima paisagem nunca nos deixa andar depressa durante muito tempo…

Ao passar por Cinfães, vemos uma placa a indicar um miradouro. Já entusiasmados pelo que conseguimos ver da estrada, aproveitámos para fazer um pequeno desvio. E caramba, ainda bem que o fizemos!

A vista do Miradouro do Teixeirô não é nada menos que incrível, com vistas e lugares que pouco ou nada deixam a dever a paisagens do norte do Mediterrâneo. É simples, mas ao mesmo tempo tão cheia de pormenores , a vista é interminável e os meus olhos não alcançam tamanha grandeza. Lá em baixo, o Rio Bestança desagua no Douro, delineado por uma pequena aldeia que parece saida de um postal. Apesar de nos custar bastante, temos de continuar caminho. Será que a estrada passa por ali, questionamo-nos…

A resposta é obvia não é? Nunca parando de surpreender, a N222 forma um cotovelo encabeçado por uma ponte, que nos faz atravessar o Bestança para a outra margem, transportando-nos até Porto Antigo. Paramos no pequeno cais para observar a paisagem de mais um incrível ângulo e a conversa flui no sentido de deixar a nossa vida perto da Grande Urbe e comprar uma propriedade no Douro…

Antes que se riam, pensem no quanto tem um lugar de mover um Homem para o fazer pensar, ainda que por momentos, em mudar de vida… o silêncio tranquiliza-nos e faz-nos pensar, coisa que não encontramos nas grandes cidades onde vivemos. É o mesmo que olhar para o céu nocturno sem a interferência de milhares de luzes a ofuscar-lo. É o reencontro de algo que o Homem primitivo sempre teve como garantido, mas que o moderno por vezes se esquece.

O calor faz-se sentir fortemente, são 34º graus, apenas amenizados pela brisa vinda do Rio Douro. Ligámos o ar condicionado, mas mantivemos as janelas abertas, de maneira a absorver o máximo deste lugar. A paisagem é agora tomada quase inteiramente pelas características vinhas, afinal de contas, estamos agora em pleno Douro Vinhateiro. Como Vinho do Porto e condução são coisas que não se podem juntar, decido ainda assim exercitar o palato e adocicar ainda mais esta viagem. À beira da estrada, paro para comprar umas doces cerejas, também tradicionais desta zona. Abasteço-me quase de forma industrial. Acreditem que vale a pena!

Após almoçar em Resende, estamos a aproximarmo-nos do Peso da Régua e é a partir daqui que a AVIS declarou que a N222 é a “Melhor estrada do Mundo para conduzir”, mas até lá, mais subidas, ganchos, pontes e paisagens deslumbrantes.

O RCZ R já acumula bastantes quilómetros, mas agora vai fazer os 14 mais importantes, os que ligam o Peso da Régua ao Pinhão. A rota é bonita, circulando a escassos metros do nível do Rio. Passamos ao lado dos típicos cruzeiros em que desfilam os turistas deslumbrados por tamanha beleza. Cá eu, não troco a minha montada por nada, este Peugeot tem-me apaixonado (e já não é a primeira vez…).

A estrada em si é pouco ou nada desafiante, as curvas são pouco pronunciadas, mas circula-se com fluidez e é excelente para andamentos descontraidos, a saborear a paisagem. Optamos por relaxar e olhar para todos os montes à nossa volta, até chegar ao Pinhão.

Não nos sentido satisfeitos, continuámos a seguir a N222, passando por São João da Pesqueira, quase até Foz Côa. Aqui a estrada retomou o traçado sinuoso e ganchos que encontrámos antes do Peso da Régua. Parámos à sombra para apreciar novamente a vista e degustar as cerejas e apenas supirávamos só de pensar que aqui na grande Lisboa, não há nenhuma estrada assim e no entanto, no Norte e Centro estão por todo o lado. Pessoal do Norte, vocês têm noção da sorte que têm?

Com o relógio a somar cada vez mais horas, está na altura de nos despedirmos da adorada N222. Quase à chegada de Foz Côa, rumamos a Sul pela N102, rápida e panorâmica, ideal para acalmar os ânimos, ligar o rádio e desfrutar da viagem de regresso.

Quase a chegar a Viseu, o céu escureceu e caem os primeiros pingos desta nossa aventura. Com 31º, a chuva fresca a cair no alcatrão quente rapidamente se evapora, criando uma nébula fantástica…
De Viseu até Coimbra fomos pelo IP3, sempre em ritmos calmos, retomando a N1 em Coimbra. Já com as pernas a precisarem de serem esticadas, fazemos uma pequena pausa na Batalha, aproveitando para conhecer, de fora, o belo Mosteiro.

Chegados a casa, é altura de fazer contas a esta viagem. Foram 956km, com a média do nosso “companheiro de quatro rodas” a cifrar-se nos 6,6l/100km, muito ajudados pelo percurso calmo na Nacional, mas sem nunca empatar o trânsito. E acreditem que ainda nos divertimos um pouquinho nas Serras…

Eu não quis acreditar na média, tal como não consegui acreditar na beleza do Norte. Foi a primeira Roadtrip feita pelo MotorO2 e tenho a concluir que não foi nada menos que um sucesso absoluto. Conhecer novos lugares, pessoas e costumes é sempre muito gratificante, e se pelo meio o pudermos fazer com amigos, ao volante de uma grande máquina, o que fica em falta?

Ficou a certeza de querer lá voltar, se possível, novamente aos comandos do RCZ R. Este Peugeot baixinho demonstrou ser um “compincha” à altura da viagem, sendo refinado , confortável (tanto quanto um automóvel com “R” no nome possa ser) e económico quando um ritmo mais vivo não se justifica e ágil, rápido e tremendamente eficaz quando as condições convidam a tal.

Obrigado por nos acompanharem, com a promessa que em breve voltaremos à estrada com mais aventuras..

 

 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!