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Renault Megane R.S. IV EDC

Renault Megane R.S. IV EDC
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“Peso nos ombros”

Se há automóveis que têm uma enorme responsabilidade em continuar as pisadas do seu antigo modelo, um desses pode muito bem ser o Renault Megane R.S., modelo conhecido pelas suas fortes performances, assim como um comportamento dinâmico exemplar e condução divertida. Será que este novo Megane vai contar com esses mesmos ingredientes, ou seguirá um caminho diferente?

Podemos desde já “quebrar o gelo”, e dizer que seguiu um diferente.

E as diferenças começam logo no seu exterior, já que o Renault Megane R.S. passa, pela primeira vez, a estar disponível numa variante cinco portas, a única disponível, já que a Renault, tal como outras marcas, deixou de oferecer o seu modelo desportivo de segmento C em três portas. Ainda assim, o seu look desportivo não foi deixado ao acaso.

Este Megane é bem mais largo nas suas vias (60mm na dianteira, 40mm na traseira), o que lhe confere uma imagem mais dinâmica, o que é igualmente conseguido graças às enormes tomadas de ar, que podemos encontrar nos ‘quatro cantos’ deste modelo. O ‘elefante na sala’ é claramente a nova cor exclusiva deste modelo, a Vulcanic Orange, que é também a cor certa para enaltecer as suas linhas sensuais.

A dianteira conta com as já conhecidas luzes auxiliares que caracterizam as versões R.S. As R.S. Vision têm a tarefa de serem luzes diurnas, luzes de curva, assim como auxiliares de máximos, estando inseridas no exclusivo para-choques dianteiro, com um desenho inspirado na F1, categoria em que a marca participa novamente de forma 100% oficial.

A lateral é igualmente muito distinta, notando-se a maior aproximação ao solo, e a saída de ar por detrás da roda dianteira mostra-nos que não estamos diante de um normal automóvel de segunda a sábado, mas sim um Megane que no domingo pode ir para a pista. Mas, para este último ponto haverá uma outra versão que falaremos mais à frente…

A traseira é, talvez, a área mais fácil de gostar. As luzes em LED que atravessam a bagageira continuam, são ponto de destaque, mas muito ofuscadas pelo generoso para-choques com um enorme difusor, que a marca diz ter esta dimensão para evitar o uso de um spoiler maior do que o que é usado, de forma a garantir um look desportivo, sem ser exagerado. No centro deste difusor está o escape, forte animador do espírito desportivo do modelo.

Passando para o interior, continua uma espécie de toada mais subtil, com uma aproximação ao nível GT, ou seja, as bacquets são iguais, mas muda os tons. Enquanto que no Megane GT, e até GT Line, o contraste é azul, no RS é o tom vermelho que predomina em detalhes nos bancos, tablier ou comando da caixa automática EDC.

Calma, não se assustem! Primeiro, porque existe também a possibilidade de contar com uma caixa manual de seis velocidades; e segunda, porque esta transmissão de dupla-embraiagem está mais rápida e decidida. Mas quanto a isso, já lá vamos.

Continuando no interior, as diferenças surgem no volante mais espesso revestido em couro perfurado, que conta com o ‘ponto zero’ no topo. Existem ainda diferentes perfis de condução que podem ser personalizados, para conquistar a performance perfeita em cada pedaço de estrada. O espaço a bordo permanece inalterado face a qualquer Megane de cinco portas, por isso podemos contar com suficiente espaço para as pernas, assim como uma bagageira de 384L de capacidade.

Mas vamos passar para o que interessa: a condução. E neste campo, também podemos encontrar fortes mudanças.

O motor é totalmente novo, passando a ser o 1.8 tCe que também equipa o Alpine A110, mas que neste Megane R.S. conta com 280cv de potência, o que significa umas performances de alto nível, e que representa uma aceleração dos 0 aos 100km/h que são cumpridas em apenas 5,8s, conseguindo “conquistar” os primeiros 1000m em 25s, até chegar a uma velocidade máxima de 250km/h.

Tal como no Clio, o Megane R.S também conta com dois tipos de chassis, o Sport, mais “macio” e tolerante, e o “Cup”, com uma maior dose de dinamismo e um importante atributo, o diferencial autoblocante mecânico. Neste nosso primeiro contacto, o Chassis Sport foi o que nos saiu na rifa, portanto se o Megane R.S está agora mais familiar, com esta escolha isso é ainda mais notório.

Portanto, todo aquele “desconforto” que poderíamos sentir na anterior geração, aqui parece não existir, com uma boa filtragem de irregularidades, facto aumentado devido às “pequenas” jantes de 18’’. Ainda existem as de 19’’, em opção.

“Ainda assim, ser Sport não é ser inválido…”

Nada disso, o comportamento dinâmico continua bem presente, com uma importante adição, que a Renault gosta bastante e diz-nos ser uma grande vantagem no segmento: o sistema 4Control, que até aos 60km/h vira na direção inversa das rodas dianteiras, e que acima dos 60km/h, até aos 250km/h, passam a curvar na mesmo sentido, tudo de forma a melhorar a agilidade.

Na prática, nota-se essa diferença e até aplaudimos nas curvas lentas, já que faz o Megane R.S. parecer mais pequeno. Mas em curvas mais rápidas, a inserção parece, por vezes, ser rápida demais, requerendo uma habituação e mudança de mentalidade. Isso também faz a traseira “descolar” de forma mais fácil, sem provocação, mas ainda assim fácil de controlar.

O modo Race é o mais desportivo de todos e desliga os sistemas de apoio à condução, permitindo uma maior gama de rotações e um acionamento totalmente manual da caixa EDC, que neste modo se revela muito rápida e cooperante com o condutor. As patilhas, na nossa opinião, estão 50% positivas, ou seja, gostamos que estejam em posição fixa, mas podiam contar com uma dimensão mais generosa.

“Os 280cv revelam-se vivos…”

Na altura do 2.0 do anterior Megane R.S., a resposta era mais explosiva, é certo, mas este novo 1.8 tCe tem uma grande margem de evolução. Lembrem-se que a anterior geração surgiu com 250cv e depois terminou com os 275 do Trophy. Quanto ao novo, já sabemos que chegará aos 300cv, o tal ótimo para o track-day de domingo…

Na prática, revela-se mais linear e fácil de conviver do que anteriormente, tendo a sua “força” distribuída de melhor forma, seja qual for o seu uso. Com isto conseguimos reduzir os consumos em ritmo normal, sendo que, em uso mais “ofensivo”, o computador de bordo teima em mostrar números para lá dos dois algarismos, sem muita dificuldade.

No final, consegui entender a ideia da Renault. Embora este Megane R.S com chassis Sport não seja o ideal, consegue ser uma escolha mais acertada para quem não quer andar de “faca nos dentes” e vejamos, existem três tipos de Megane R.S e dois tipos de transmissão. Nunca foi tão fácil encontrar o R.S. perfeito….


Renault Megane R.S 1.8 tCe 280 EDC

Especificações:

Potência combinada– 280cv/6000rpm
Binário combinado – 390Nm às 2400 ~ 4800rpm
Aceleração do  0-100 (oficial): 5,8s
Velocidade Máxima (oficial): 250km/h
Consumo Combinado Anunciado – 7,0L/100km
Consumo Combinado Medido – 9,0L/100km

Preços:
Renault Megane R.S desde: 40.200€
Preço da viatura ensaiada: 44.250€


Carrega nas fotos e vê este Renault Megane R.S em detalhe:

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!