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Nova Citroën C4 Picasso: Puretech vs BlueHDi

Nova Citroën C4 Picasso: Puretech vs BlueHDi
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”Desmistificar o Mito”

Existiu no final dos anos 80, até meio dos anos 2000, um autêntico “boom” de monovolumes. Era o automóvel da moda, a resposta a todas as necessidades. Um conceito visionário e um automóvel obrigatório numa gama que quisesse ser competitiva a nível de vendas. Hoje, o panorama mudou e os monovolumes foram, de certa forma, substituídos pelos SUV, numa espécie de re-edição desse fenómeno a que assistimos há uns anos atrás…

Mas como é normal, ainda existem monovolumes, já que são claramente mais práticos que um crossover, se os compararmos nas mesmas dimensões. Muitas das marcas optaram por substitui-los, mas esse não foi o caso da Citroën, que já vai na terceira geração da sua Picasso, um monovolume médio que continua a ser uma referência no seu segmento.

Surge agora com um “micro”-restyling, que a melhora em diversos campos, e a aproxima das novas propostas que a marca tem vindo a lançar. Por isso, vamos analisar as diferenças e conduzir dois motores, os que a Citroën estima que tenham mais protagonismo, o 1.2 PureTech de 130cv e o 1.6 BlueHDi de 120cv.

Para começar, a estética não sofreu praticamente diferenças, sendo essas notórias apenas na secção dianteira. A assinatura luminosa da marca, em três níveis, permanece com a diferença de uma máscara negra no interior do farol principal. O para-choques foi redesenhado, contando com um novo suporte para a matrícula e com uma entrada de ar inferior de maiores dimensões, sendo rematada por cromados, que lhe dão uma imagem mais moderna e sofisticada.

Na lateral, em termos de design, não há grandes mudanças, apenas existem umas novas jantes de 17’’ diamantadas, de dois tons, bem como a nova cor Lazuli Blue que está aqui presente na versão equipada com o motor 1.2 PureTech.

A traseira passa a contar com faróis com efeito 3D de série, bem como o símbolo da marca que passa agora a ser em preto brilhante, esquema adoptado desde o lançamento do best-seller C4 Cactus.

Mas é pelo interior que o Citroën C4 Picasso conquista os seus clientes. A sua compacta dimensão exterior (4,44m) não faz adivinhar todo o espaço disponível no seu interior. Este automóvel é mesmo feito para conseguir cobrir todas as necessidades de uma família, ao que a marca dá um nome: Advanced Confort.

E isso é bem explicado pela elevada luminosidade dada pelo amplo vidro dianteiro, pela modularidade dos 5 assentos individuais, ou mesmo pelos amplos espaços para arrumação. O cuidado com o conforto não vem só da afinação da suspensão, mas em detalhes como os encostos de cabeça “relax”, ou a chaise-long para o passageiro dianteiro, que pode contar, tal como o condutor, com massagem lombar…

Mas onde existiram mais alterações, foi na conectividade, com o C4 Picasso a ficar bastante actual nesta área.

Ou seja, o desenho do tablier e do interior permanece o mesmo, apenas com novas escolhas ao nível de revestimentos e cores, mas o que se passa é que foi efectuada um revisão no sistema de infotenimento que passa a ser mais “clean” e com novos temas, contando com um novo sistema de navegação com controlo por voz.  Mais completo e fácil de usar, conta agora também com o sistema Android Auto e Apple CarPlay. É também aí que notamos que existiu uma regressão no modelo, já que no primeiro ensaio que fizemos a este modelo, na altura do seu lançamento, em 2014, gostámos particularmente da connect box, uma gaveta que escondia duas entradas USB e uma ficha normal.

Só que neste restyling, “perdeu-se” uma das entradas e a ficha… O que é um pouco contraditório, já que ao acrescentar estes sistemas de conectividade, não se deveriam perder estes atributos.

Contudo, existe uma grande variedade de sistemas de apoio à condução, aumentando a segurança activa: o sistema de ângulo morto, a leitura e reconhecimento dos painéis de velocidade, o active city brake ou o alerta de transposição involuntária de via.

Para facilitar a condução, temos os sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, a possibilidade de medição do lugar de estacionamento, ou mesmo o park assist, que permite que o C4 Picasso faça a gestão da direcção, deixando-nos apenas com os pedais. Tem ainda o cruise control, parceiro ideal para as viagens. O acesso à bagageira de 537l pode ser feito agora em formato “mãos-livres”, basta passar o pé debaixo do para-choques, et voilá, a bagageira abre-se.

De resto, nada a apontar. A posição de condução é confortável e com ampla visibilidade, ajudada pelos comandos leves mas comunicativos, como é o caso da direcção. A condução é descontraída, com reacções neutras e não exibindo perdas de tracção, tendo em conta as suas “obrigações” familiares.

Como foi dito no início, tivemos em ensaio dois propulsores, o gasolina 1.2 PureTech de 130cv e o diesel, 1.6 BlueHDi de 120cv. Ambos estavam conectados com a suave e decidida caixa automática de seis relações feita pela Aisin.

O gasolina é de longe o que mais impressiona, a novidade da gama, e que não deixa a sua baixa cilindrada adivinhar as fortes performances que consegue obter, equivalentes talvez às de um bloco 1.6. Os 130cv respondem bem e têm a sua potência bem distribuída em todos os regimes, podendo até dizer-se que este motor de 3 cilindros é bastante elástico.

Comparando com o mais tradicional e (ainda) preferido diesel de 4 cilindros, notamos que as performances estão próximas, com o motor a esgotar mais cedo. De qualquer maneira, registam-se os consumos mais baixos, cerca de 1,5l a 2l face ao gasolina, dependendo do trajecto. Essa diferença pode ser anulada no que vamos falar já de seguida: o preço final…

As Picasso em ensaio tinham níveis de equipamento diferentes, por isso, vamos meter ambas no nível intermédio, o Feel, e ver se a diferença vale a pena para o diesel, já que em termos de performance, o gasolina vence, e nos consumos, não se afasta por muito, tendo em conta que o diesel gastou em média 6,5l aos 100km e o gasolina 7,7l a cada cem quilómetros percorridos.

O preço final, sem opcionais para as versões Feel fica em 25.579€ para a variante a gasolina e 130cv, e os 32.554€ para o diesel de 120cv. Aí, a diferença inicial é logo de 6975€, um valor considerável.

Mas ainda assim, como muitos só olham para o preço do combustível e preferem um custo de aquisição mais elevado “porque vão no verão ao Algarve, e no inverno à terrinha”, vamos ainda aprofundar mais…

Se mantiver o automóvel por 8 anos, terá de fazer uma média anual de 26559km anuais para que o diesel compense face ao gasolina mais potente. Isso acarreta um custo anual mais elevado para o gasolina, cerca de 870€ a mais por ano. Temos de ter em conta também que a manutenção é mais barata no gasolina, bem como o IUC mais baixo, paga 100.08€, face aos 143.17€ do diesel, não contando com as normas que poderão surgir nas cidades, e que a curto/médio prazo irão proibir a circulação destes automóveis.

Para ser mais elucidativo, e impactante, só aos 212.393km é que o diesel começará a surtir efeito, independentemente dos anos que sejamos proprietários do automóvel!

Um monovolume é para família, é certo. Mas ser diesel não é obrigatório. Sim, assusta ver números maiores no computador de bordo, e o preço do combustível mais alto. Mas sabe bem pagar quase menos 7 mil euros na altura de compra, e lembre-se, isto é um jogo a longo prazo, perto dos 210.000km falamos…

Citroën C4 Picasso 1.2 PureTech 130 EAT6 Feel

Especificações:

Potência – 130cv às 5500rpm
Binário – 230Nm às 1750rpm
Consumo anunciado (Medido) – 5,1l/100km (7,5l/100km)

Preço:
Gama C4 Picasso desde: 21.950€
C4 Picasso PureTech 130 desde: 24.650€
Preço da unidade ensaiada: 28.654€

Citroën C4 Picasso 1.6 BlueHDi 120 EAT6 Shine

Especificações:

Potência – 120cv às 3500rpm
Binário – 300Nm às 1750rpm
Consumo anunciado (Medido) – 3,9l/100km (6,3l/100km)

Preço:
C4 Picasso BlueHDi 120 desde: 28.350€
Preço da unidade ensaiada: 37.454€

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!