“É bom voltar…”
Se me perguntarem qual o automóvel familiar que gostaria de voltar a estar ao volante, eu responderia muito provavelmente Mazda 6.
Ao longo deste ensaio vão perceber o porque desta minha preferência num segmento que é dominado pelos alemães, o segmento D.
Para começar, a marca encara o panorama de forma diferente, respondendo com uma imagem bem mais dinâmica que a dos seus adversários e com uma condução igualmente empolgante, mas com mais uns truques na manga que nos deixam a pensar se as escolhas andam a ser bem feitas neste “cinzentão” parque automóvel.
E embora esta Mazda 6 SW esteja pintada num tom escuro e não no “obrigatório” Soul Red, deixa ainda assim ver as diferenças efectuadas no restyling sofrido durante o ano passado.
A frente é a parte mais afectada, com os faróis redesenhados a conjugarem-se com a grelha de grandes dimensões, que manteve o formato, mas que conta agora com mais elementos cromados. O para-choques ganha um novo desenho no local onde alberga os faróis de nevoeiro.
As diferenças são discretas, mas também já pouco havia a acrescentar ao belíssimo desenho. A Mazda 6 SW continua bastante actual e cativante com as suas linhas bem vincadas e a sua silhueta dinâmica, que demonstra bem o estilo KODO, adoptado pela marca aquando do lançamento do seu SUV CX5, que significa a “alma do movimento”. Faz juz ao nome.
Mas é abrindo a porta que sentimos que este foi um restyling bem pensado, já que o interior ganha toda uma nova virtude.
O tablier conta com um novo desenho, com as mudanças a focarem-se fundamentalmente no novo arranjo do sistema de infotenimento, mais estilizado e melhor inserido no conjunto. A nossa Mazda contava ainda com o Pack Pele Beije, que lhe dava um verdadeiro toque de classe graças ao contraste entre a pele clara dos bancos, portas e tablier, com os restantes acabamentos em metal.
O interior é espaçoso e acolhedor, pecando apenas pelo túnel de transmissão intrusivo no lugar do meio. A mala corresponde bem à sua veia familiar, apresentando 522 litros de capacidade.
Reflexo de ser esta a marca que produz o MX-5, a posição de condução é um regalo, sendo o acto de conduzir um verdadeiro prazer, graças ao excelente tacto e disposição de todos os comandos. Foi prestada atenção a pormenores que fazem a diferença, como o volante perfeitamente alinhado com o condutor, os pedais que nos convidam a conduzir com as pernas esticadas e o banco que nos suporta quase na perfeição.
É portanto a altura de começar a conduzir!
Ligado às nossas rédeas está o motor diesel de 2.2l Skyactiv-D, com 175cv de potência, transmitidos pela caixa automática de seis velocidades às quatro rodas motrizes.
Sim, esta Mazda 6 é “All Wheel Drive”, e é também uma novidade, apenas com este motor mais potente e na variante SW. O dinamismo a que esta Mazda nos convida na condução está bem patente assim que nos encontramos com algumas curvas, fazendo esquecer que estamos ao volante de um automóvel com 4,80m de comprimento, tal é a leveza do conjunto. Para isso, ajuda o acerto de suspensão, que mesmo com jantes de 19” consegue não só tolerar bem as depressões como transmitir eficazmente os movimentos da carroçaria para condutor, assim como a direcção bem directa e com um peso correcto. O motor com os seus 175cv embala-nos com vigorosidade e a caixa automática, decidida e rápida nas passagens, pode ser utilizada em modo sequencial, através das patilhas situadas por trás do volante.
Mas e na prática, onde se nota a vantagem do AWD? Por sorte, durante o nosso ensaio tivemos alguns dias solarengos, que ajudaram à sessão fotográfica, e outros um pouco encharcados, que me permitiram tirar esta questão a limpo.
A Mazda 6 com que tive contacto à algum tempo não tinha este sistema e nunca achei que fosse necessário, por esta se ter demonstrado equilibrada em todas as situações. Era por certo necessário andar sempre no limite para notar alguma intervenção. Pois, afinal não foi preciso, já que numa saída de auto-estrada, a uma velocidade normal mas debaixo de uma forte chuvada, ia à minha frente numa carrinha concorrente da Mazda 6 que começa a fugir um pouco de trajectória, obrigando o seu condutor (ou o controlo de estabilidade) a corrigir a sua rota. Preparei-me para me o mesmo, mas não foi necessário. Senti uma ligeira intervenção no eixo traseiro e lá fui eu, seguindo os carris.
Não era uma situação de risco, provavelmente se não fosse tão atento nem iria notar a intervenção do AWD, mas o certo é que ele lá estava, para o que fosse necessário. O reverso da medalha é que gastamos um pouco mais em combustível, entre mais 1l a 1,5l a cada cem quilómetros.
Quanto a equipamento não há muito a dizer, apenas que a Mazda 6 Excellence, já de si muito bem equipada, contava com o referido anteriormente pack que lhe dá o interior em pele, bancos da frente eléctricos com o do condutor a ter memória, bem com o Mazda Cruise Control Radar, tecto de abrir eléctrico e sistema de navegação.
Findo o nosso tempo juntos, não tenho qualquer problema em afirmar que esta é uma das melhores propostas do segmento, bem capaz de rivalizar com o suposto premium. A tracção às quatro rodas encarece-a em mais de quatro mil euros, não sendo portanto um item obrigatório, pelo menos para a realidade do nosso pais. De resto, a Mazda responde com um motor cheio de alma, uns consumos à altura e um aspecto arrebatador, bem como com um interior repleto de detalhes e construído com qualidade. Deixa saudades…
Mazda 6 2.2 Skyactiv-D SW AWD
Especificações:
Potência –175cv às 4500rpm
Binário – 420Nm às 2000rpm
Consumo Anunciado (Medido) – 5,4l/100km (6,4l/100km)
Preços:
Preço base Mazda 6 SW: 34.387€
Preço da versão ensaiada : 49.455€
