Home Carburadores O ano em que a FIAT apresentou 10 concepts num só salão!

O ano em que a FIAT apresentou 10 concepts num só salão!

O ano em que a FIAT apresentou 10 concepts num só salão!
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“Anos loucos, requerem medidas loucas”

1996, ano em que a década de 90 está em plena ebulição, são tempos que fazem sonhar os europeus. Os sonhos parecem agora mais fáceis de alcançar, graças a uma saúde económica (supostamente) melhor. São anos em que tudo parecia efémero. Anos de cores garridas, de verões inacabados e de muita Eurodance, música de dança, que ainda hoje nos faz voltar a esses anos. Foi também, tal como em todos os outros anos, dono de enormes perdas, mas também de grandes avanços tecnológicos.

São verdadeiramente anos de mudança.

Mas porque voltei eu a 1996? Qual o fascínio para voltar 23 anos atrás no tempo?
Porque a FIAT vivia também, nesses tempos, uma época de verdadeiro sonho e realização.

Senão vejamos: a sua gama era constituída pelo Cinquecento, modelo lançado em 1991, e que acompanhava ainda o Panda no segmento mais pequeno dos citadinos, era já dono de uma carreira comercial de sucesso, mais ainda no seu país de origem.

Mais importante que isso, o Punto, modelo lançado no ano de 1994, foi “Car of the Year” no ano seguinte e tinha uma gama muito completa, onde haviam três tipos de carroçaria (3 portas, 5 portas e o Cabrio by bertone), assim como versões puramente racionais, passando pelas diesel ou mesmo pelas desportivas, onde o Punto GT era o destaque, por ser um hot-hatch, mas também por ser um sucessor espiritual do Uno Turbo I.E.

E isso começava a deixar perceber que a marca não era apenas racional, já que contava na sua gama com dois automóveis de desejo, o Barchetta, um roadster de dois lugares e de linhas vintage, e o Coupé, desenhado por Chris Bangle e que contava com várias versões, onde o 20V Turbo de 225cv era o “rei da gama”.

Para além de tudo isso, a gama de comerciais era completa, com modelos renovados recentemente. Mas, apesar do sucesso no segmento A e B, faltava aqui uma importante fatia a ser preenchida: a do segmento C.

Por isso, em 1996 (estão a entender?), a FIAT lança o Bravo (3 portas) e o Brava (5 portas), dois modelos que se destacavam por um desenho agressivo e mais invulgar que os seus rivais. De forma a comemorar esse lançamento, a marca apresentou no seu stand, no salão de Turim, 10 protótipos oficiais baseados no modelo, criados pelos maiores “Maestros” do design Italiano.

Vamos conhecer cada um deles:

FIAT Armadillo (Carrozzeria Maggiora)

Primeiro, o Fiat Armadillo. Foi desenvolvido no Centro Stile da marca, em colaboração com a Carrozzeria Maggiora. Inspirado num Armadilho, mamífero que se carateriza por uma armadura que cobre o seu corpo, era uma das propostas mais imaginativas da dezena apresentada. Um mini-MPV que contava com uma disposição de 3+2 assentos, e um interior com base plana. Para além de ter essa preocupação com o conforto a bordo, o Fiat Armadillo também contava com um coeficiente aerodinâmico de referência: apenas 0,17cx

FIAT Giannini Windsurf

Este é talvez o mais elegante de todos os concept que vamos apresentar. Giannini é também outra casa de estilo italiana, menos conhecida que outras que estarão nesta lista, mas neste caso, o resultado pode ser visto nas fotos. Tal como outros, foi baseado nos novos Bravo e Brava.

O nome surgiu do facto de ter sido criado no túnel de vento (Wind), e assim ter aproveitado um dos favoritos desportos da região, o Windsurf. E como estávamos em plenos anos 90, tornou o automóvel ainda mais apetecível!

Esse tempo passado no túnel de vento trouxe obviamente benefícios, um cx de 0,24, e uma elevada estabilidade graças à sua asa traseira esculpida.

FIAT Formula Hammer (Italdesign)

Este já era um repetente, já que a Italdesign tinha mostrado o concept Formula 4, um automóvel completamente aberto para quatro passageiros, com lugares individuais e separados. O Formula Hammer destaca-se por ter assentos mais acessíveis que no Formula 4, assim como aberturas laterais. Uma espécie de Buggy. O Formula Hammer tinha também um aspeto mais robusto, podendo adotar vários estilos, nomeadamente um em que podia andar sem para-brisas e portas.

FIAT Formula Legram (Italiandesign)

Também da Italiandesign, de Giorgetto Giugiaro, e também da “família Formula”, vinha o Legram. Esta era uma versão mais elegante deste projeto, e que mostrava o que poderia ser o Bravo se fosse uma shooting brake. Muito inspirado em automóveis dos anos 60, juntava esse estilo com uma preocupação aerodinâmica, com um cx de 0,26. Este foi também um dos projetos que escondia menos a sua base, com uma dianteira muito inspirada no modelo que tinha acabado de chegar.

FIAT Brava Sentiero (Coggiola)

Este é, de forma unânime, aquele que o público menos gostou na época. O estúdio Coggiola tentou criar, através do hatchback, uma pick-up. Para isso, colocou muito plástico nas laterais, num acabamento mate que juntava o castanho a um verde desmaiado, e uma pequena caixa de carga na traseira, ladeada por uma dupla de faróis circulares.

FIAT Fioravanti Flair

E este é um dos estudos que mais cabeças fez rodar. Completamente pensado para melhor penetrar o ar, o Flair, feito pela casa Fioravanti, era um coupé 2+2, que contava com elementos que só chegámos a ver anos depois em automóveis de produção mais limitada. É o caso do travão aerodinâmico, que subia para ajudar nas travagens (ou paragens) mais fortes, ou os espelhos, que para não prejudicarem a aerodinâmica foram trocados por duas câmaras, cujas imagens eram transmitidas no interior em pequenas TV, reduzindo o ruído e melhorando, claro está, a aerodinâmica que era de apenas 0,18cx!

FIAT I.DE.A Vuscia

I.DE.A (Institute of Development in Automotive Engineering) criou aquele que foi talvez um dos mais inovadores conceitos. Este monovolume tomava por base o Brava, mas era 200mm mais longo no seu comprimento, o que lhe oferecia bastante mais espaço interior. As suas linhas eram bastante originais, e diferente das que eram usadas pela marca na altura, nomeadamente os grupos óticos dianteiros que estavam acima da linha de cintura.

O Vuscia tinha ainda dois elementos diferenciadores, um era o acesso através de um cartão de banda magnética que se passava no lugar onde se encontrariam os puxadores, o outro era um teto solar, que tinha a capacidade de manter o interior fresco quando este monovolume se encontrava estacionado ao sol.

Fiat Enduro (Bertone)

A Bertone foi outro dos importantes nomes que participou neste festival de concepts, e para isso reinterpretou os modelos que tinham acabado de ser lançados, tomando a base deles. E temos aqui um aspeto SUV, agora muito em voga, com uma junção a um desportivo. O seu design era compacto e dinâmico, com uma personalidade muito desportiva, o que era também demonstrado pelo seu motor, o mais desportivo da gama Bravo, o 2.0 aspirado de 147cv de potência. Para além da versão de “produção”, foi também apresentado o Enduro-Raid, que era um estudo para versão de rally.

Fiat Bravo Bis (Zagato)

A Zagato criou aqui um coupé muito ao aspeto do Enduro, da Bertone. Um SUV elevado, de duas portas, que se destacava pela roda suplente traseira, montada como num verdadeiro jipe. A Zagato diz ter-se inspirado num estilo mais retro para este Bravo Bis, ligando-o ao Fiat V-8, e aos 124 e 128 Coupé. Pelo menos foi o que disseram…

Fiat Pininfarina Sing/Song

Para terminar, resta apenas falar do trabalho feito pela Pinifarina, com dois modelos e dois estilos diferentes. O Song era o modelo amarelo que contava com uma altura ao solo mais elevada e tração integral, para clientes mais aventureiros. Já o Sing era mais cosmopolita, colocado mais perto do solo e contava com a mesma tração que o Bravo e Brava, ou seja, apenas dianteira.

A maior curiosidade vai mesmo para a capacidade máxima de seis passageiros, num automóvel que media apenas 4,09m. Terá sido uma ideia para o Multipla, que chegou dois anos depois?

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!