Home Carburadores Entrevista: As mentes (e mãos) que criaram o novo Peugeot 508

Entrevista: As mentes (e mãos) que criaram o novo Peugeot 508

Entrevista: As mentes (e mãos) que criaram o novo Peugeot 508
0
0

“Palavras de quem importa”

Na apresentação do Peugeot 508, que falámos ontem (ver aqui), Pascal Delabarre – Director de projecto do novo 508, Pierre-Paul Mattei – Responsável de Design deste modelo e Bernard Hesse – Chefe de Projecto responderam a algumas perguntas.

Começando pelo design, Mattei respondeu desta forma às seguintes questões:

P: Em que se inspirou para desenhar o novo PEUGEOT 508?

R:“A nossa missão consistia em traduzir as ambições do projeto através do design. E essa ambição era dupla: encarnar a subida em gama da marca e assegurar que o nosso automóvel pudesse desempenhar um papel importante no mercado híper-exigente das berlinas do segmento D. Para chamar a atenção, demarcar-se e diferenciar-se dos seus concorrentes, o novo PEUGEOT 508 tinha de ser desenvolvido com proporções únicas e espetaculares. Estas proporções otimizadas permitem-nos também responder às exigências de elegância da marca PEUGEOT com simplicidade e sobriedade.”

P: Qual foi a secção do automóvel mais difícil de conceber? Porquê?

R: “A secção traseira revelou-se a mais complexa de executar, uma vez que o dinamismo do modelo é conferido por este desenho descendente do tejadilho. Mas como também tínhamos de preservar a habitabilidade e garantir uma acessibilidade dentro das normas do segmento, foi preciso rever a forma como habitualmente concebemos a estrutura de um automóvel. Isso levou-nos, por exemplo, a realizar uma verdadeira proeza em termos de estampagem, da qual nos apercebemos, principalmente, através da amplitude dos guarda-lamas traseiros. Nunca antes tínhamos feito tal coisa na PEUGEOT. Geralmente, esta é uma solução reservada aos modelos desportivos. Foi preciso rever todos os nossos referenciais em termos de estampagem para obter este tipo de processo.” 

P: O que há de especial no design do novo PEUGEOT 508?

R: “Na verdade, rompemos com todos os conceitos tradicionais relacionados com a morfologia de uma berlina do segmento D. Para termos este tipo de proporções num comprimento que foi reduzido em 8 cm face à anterior geração, tivemos que, por exemplo, recuar o montante de abertura das janelas para ‘devolver’ o capot ao automóvel. Há, também, a tecnologia das portas sem moldura, que nos permitiu tornar a carroçaria mais baixa em comparação com os seus principais concorrentes no segmento. O automóvel é 6 centímetros mais baixo do que o modelo anterior, contribuindo para uma largura percetível que, na realidade, se encontra na média da classe. Tendo em conta que este automóvel devia ser muito bom em termos aerodinâmicos, desenhámo-lo mais estreito na traseira do que na frente, contrariamente à impressão inicial. Obtivemos essa presença e esta forma de estar na estrada, graças a esse estreitamento da carroçaria na zona do habitáculo, o que também nos permitiu conceber guarda-lamas traseiros com uma amplitude raramente alcançada. É um dos segredos da postura do novo PEUGEOT 508.”

 

Já para o director do projecto, a responsabilidade foi muito grande, mas Pascal Dalabarre explica:

P: Pode indicar-nos alguns dos desafios técnicos que marcaram a conceção deste automóvel?

R: “Foram muitos! No que respeita à carroçaria, por exemplo, introduzimos uma técnica de soldadura dos painéis reforçada por uma colagem de estrutura, solução já utilizada por alguns construtores premium, que permite reforçar a rigidez da carroçaria e garantir um isolamento acústico muito melhor. Destacaria ainda a eliminação sistemática de pesos excessivos, o que nos permitiu poupar, em média, 70 quilos no peso do automóvel. Foi um enorme desafio, uma vez que certos equipamentos, como o sistema de motorização do portão traseiro e as portas sem molduras, são bem mais pesados do que as soluções convencionais. Isto implicou soluções radicais, como a estampagem a quente, o capot e os guarda-lamas traseiros em alumínio, ou o portão traseiro em material termoplástico. Por fim, a adoção da nova geração do PEUGEOT i-Cockpit®, com toda a sua sofisticada ergonomia, dominou a construção da secção dianteira do habitáculo.”

P: Como se consegue garantir um bom isolamento acústico com as portas sem moldura?

R: “Desde o início do projeto que optámos por trabalhar com os melhores fornecedores, que dominam verdadeiramente a tecnologia. Alguns exemplos: a Saargummi, que forneceu todos os elementos vedantes, e a Inteva nos elevadores dos vidros, dois fornecedores altamente especializados e que trabalham maioritariamente com construtores premium alemães. Adicionalmente, em resultado da estrutura de carroçaria reforçada, conseguimos obter uma maior rigidez e, por conseguinte, tivemos menos limitações ao nível das portas e da superfície vidrada. Por último, aumentámos a espessura dos vidros em 1 milímetro, face à norma. Todas estas soluções, sem exceção, estão presentes, por exemplo, num Audi A5 Sportback.”

P: O que destacaria mais neste projeto?

R: “A obsessão diária, em todos os domínios e de todas as equipas, de forma a garantir o melhor nível de qualidade. Fosse para a qualidade funcional, percebida ou mesmo na utilização, fizemos questão de envolver toda a gente, incluindo fornecedores, na realização das nossas ambições. Isso permitiu-nos, desde muito cedo, estar em linha com os nossos objetivos e apresentar agora um veículo irrepreensível e que assim se manterá mesmo depois de passados muitos anos após a sua comercialização.”

 

Quanto ao chefe de projecto, Bernard Hesse elucida alguns pormenores e fala do futuro:

P: Qual é o cliente alvo para o novo PEUGEOT 508?

R: “No nicho muito peculiar das berlinas do segmento D, o maior canal de difusão na Europa continua a ser o B2B, composto por um tipo de cliente muito exigente em matéria de custos de manutenção e de valores de retoma. Neste último aspeto, a subida em gama PEUGEOT permite-nos rivalizar, nestes critérios, com a melhor concorrência generalista, mas também com a concorrência premium. No que diz respeito aos clientes particulares, que deverão constituir perto de 35 % das nossas vendas, os nossos estudos de mercado mostram um forte potencial de atratividade da nossa berlina de 5 portas fastback junto de clientes com idades compreendidas entre os 40 e os 45 anos.”

 P: A gama de motorizações é suficiente em versões e performances?

R: “Sim. As nossas 6 propostas a gasolina e Diesel cobrem um leque de potências dos 130 aos 225 cv. Além disso, em linha com o mix do segmento associado às expetativas B2B, propomos a nossa caixa automática de 8 velocidades, associada às mais recentes ajudas de condução, em todas as versões, com exceção da de acesso à gama. Quanto às emissões e aos consumos, e de acordo com as normas NEDC 2018 [nota: New European Driving Cycle 2018], a nossa gama a gasolina PureTech e o nosso Diesel 1.5 BlueHDi situam-se entre as melhores propostas do mercado. Por exemplo, para o BlueHDi 130 cv EAT8 anunciamos 98g/km de CO2, e 123g/km para o PureTech 180 cv EAT8.”

 

P: Para quando uma versão híbrida?

R: “O nosso grupo propulsor a gasolina Híbrido Plug-In será adaptado para o novo PEUGEOT 508, com comercialização agendada para o outono de 2019.”

 

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!