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Ensaio MotorO2 – Honda Civic 1.6 i-Dtec Sport

Ensaio MotorO2 – Honda Civic 1.6 i-Dtec Sport
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“O Conta-Gotas”

O novo Honda Civic (que já testamos no motorO2) até agora era como uma contradição, é um carro muito bom, a roçar o excelente, mas se perguntasse a alguém que carro compraria no segmento dos pequenos familiares, era muito improvável que a resposta fosse Honda Civic.

Mas porquê? É recente, bem equipado, robusto, conduz-se bem, espaçoso…
O problema não era nenhum desses, era a sua gama de motores, dois a gasolina (que o povo português não gosta, nem o estado deixa gostar..) 1.4 i-Vtec – 100cv e o 1.8 i-Vtec – 143cv e um diesel com uma enorme cilindrada para um modelo deste segmento (2.2 i-Dtec 140cv).

A Honda tardou mas respondeu e deu a este Civic o que ele tanto necessitava, o motor é o  1.6 i-dtec com 120cv, este motor denominado de “Earthdreams” é o primeiro na Europa, e estreia-se no Civic.

Indo ao dicionário automóvel, esta denominação “Earthdreams” para a Honda é: “a próxima geração de avanços tecnológicos que elevam tanto a performance como a eficiência energética a um alto nível, usando como sua base tecnologias avançadas amigas do ambiente para perseguir o gosto de condução único dos veículos Honda. É uma série de medidas que melhoram tanto a eficácia como a eficiência.

Acabado de ler isto, entrei no Civic e fui compreender então na prática o EarthDreams e ver se consegue fazer o consumo de 3,7l/100km que anuncia.

O Civic que me esperava era a versão Sport na cor Vermelho Milano, cor que lhe assenta muito bem.Entrando no carro, ajustamos o banco e encontramos de imediato uma posição de condução excelente, sentimo-nos “aconchegados” neste Civic   com tudo à mão, já que os instrumentos estão todos dispostos à nossa volta dispostos de forma ergonómica, rodamos a chave e a primeira impressão que temos ao volante deste novo Civic é que o novo motor, mesmo a frio, acabado de ligar, não tem aquele barulho de matraquear que define os motores a gasóleo, que muitos dos seus concorrentes “ainda” possuem, por isso mesmo demonstra um funcionamento muito suave e calmo.

Pegando no punho da caixa de velocidades, diga-se desde já muito bem posicionado e com uma engrenagem muito suave e precisa, estando em perfeita sintonia com este novo motor, já que faz este Civic avançar com uma grande suavidade, sem se fazer notar a subida de velocidade, mas ela acontece já que cumpre o exercício dos 0-100km/h em 10,2s a sua velocidade máxima é de 207 km/h, o binário esse está nas 2000rpm, quando chegamos lá é nos disponibilizado os prometidos 300Nm, um valor muito bom para um motor diesel desta cilindrada.

Saindo de Sintra, seguimos para a Margem Sul, e desde logo o motor começa a impressionar, isto porque o consumo medido anunciava números abaixo dos 4 litros aos 100, ou seja o Civic não nos deixou sequer questionar se seria possível os consumos que ele anunciava, respondeu-nos logo, já que chegámos ao destino com uma média de 3,8l/100km, não sendo o valor anunciado, mas que já é mais que óptimo.
Claro isto não é feito com uma “perna as costas”, temos de ter sempre atenção e aproveitar todas as descidas, e desacelerar quando possível e claro, ter o modo ECON ligado.
Mas esse modo ECON torna-se mais evidente em circuito citadino, quando usamos também o sistema Stop-Start, que na Honda é dos melhores que já ensaiámos, mesmo na versão diesel, aqui na cidade o Civic continua a impressionar, mantendo os consumos abaixo dos 5 litros.

Aumentando o ritmo da condução, já que este carro merece, porque o chassis é bastante equilibrado, fazendo-nos abordar as curvas sem medo que algo corra mal, porque nos dá uma enorme segurança, o motor é mesmo incrível, é quase bipolar, já que tem um equilíbrio Performances-Consumos muito bom, e então desligando o modo ECON que não nos “corta” o binário e faz-nos evitar trocas de caixa, mas enquanto andávamos de forma digamos, mais “vigorosa”, notamos uma ausência de ruído..

Ausência de ruído num diesel?

Sim, a Honda desenvolveu outra característica que aumenta muito a qualidade de vida dos passageiros a bordo, essa característica de nível acústico é conseguida com o auxílio de um microfone que capta as baixas frequências exteriores, depois disso uma unidade de controlo emite um sinal antifase através dos altifalantes  mesmo com o autorádio desligado, ou seja anula uma grande parte do barulho do motor. (Em alguns momentos, com o rádio desligado, o barulho predominante era mesmo a porta-chaves a bater na chave…)

Depois de tudo isto, fui investigar o “conta-gotas”, o nome que eu dei a esta unidade 1.6 i-Dtec da Honda, o porquê de um consumo tão bom, porque no final do ensaio ele foi de 4,7l/100km, um litro acima do dito pela marca.

Então os engenheiros da Honda, fizeram com que este propulsor contasse com elementos que foram redesenhados para diminuir peso e dimensões, como por exemplo a espessura da parede dos cilindros, novas bielas e pistões e cabeça em alumínio. A redução foi outra das metas que queriam alcançar e conseguiram, chegando mesmo a ser 40% inferior ao outro motor diesel da gama, o 2.2 i-Dtec, com os técnicos da marca Japonesa e focarem-se ainda na eficiência dos sistemas de admissão e injeção.
O maior produtor de motores do mundo (para quem não sabe é a Honda), desenvolveu também soluções ao nível aerodinâmico, como novos apêndices frontais, uma grelha dianteira activa que abre ou fecha de acordo com a temperatura do motor, para o arrefecer ou aquecer de modo a poupar energia ou então de acordo com a velocidade, também outra “jogada” de poupança foi a nova proteção inferior ao longo do chassis.Do motor está falado, passamos então a falar do carro em si.
Temos de falar obrigatoriamente da aparência futurista do seu Habitáculo a fazer-me lembrar pelo menos a mim, um  cockpit de um avião, pelas luzes que encontramos no tablier e pelos botões que encontramos (mais de 60!) A instrumentação digital, é destacada ao centro pelo conta-rotações analógico, por sua vez o velocímetro está no “andar” acima, circundado pelas barras que nos indicam se estamos a fazer uma condução ecológica/económica ou não, passando de verde (económico) ou azul (não tão económico), depois andando mais para o centro do tablier encontramos o pequeno ecrã a cores que nos incluí a Câmera de estacionamento que liga quando engrenamos a marcha-atrás, é muito útil, fazendo que por vezes em manobras mais alargadas nem nos faça olhar para trás. Um ponto também para a montagem robusta e o melhoramento dos materiais empregues na montagem.

Já quanto à parte exterior, gosto não se discutem, mas sem dúvida que o ponto mais criticado do Civic é mesmo o conjunto aileron-farois traseiros.
Problema esse que poderá ser atenuado quando chegar a carrinha, já que quem não gostar poderá optar pela carrinha, resta saber que capacidade de carga terá, já que a bagageira do Civic 5 portas é bastante grande (477L ! ) A mala é maior que certas carrinhas do seu segmento.

Já que voltámos a falar do interior, falemos então da habitabilidade, o Civic surpreende-nos pelo espaço interior, parece que podemos levar tudo dentro do carro, podemos até rebater o acento, o chamado “Bancos Mágicos”. O espaço para os passageiros traseiros é razoável, fazendo que alguém com estatura média/alta circule com as pernas algo flectidas, mas nada que comprometa o conforto.

Pontos Fortes: O motor, sem dúvida dos mais incríveis que já experimentei (motores civilizados), pela sua disponibilidade, facilidade de utilização, performance e o mais importante nos tempos que correm: os consumos que se cifraram em 4,7l; O Chassis bastante equilibrado e confiante; A Habitabilidade, que nos faz sentir que podemos levar “este mundo e o outro”.

Pontos menos Fortes: O limitador de velocidade, que por vezes não limita a velocidade, não podemos confiar muito nele, em descidas não nos faz manter na velocidade que seleccionamos, fazendo perder um pouco o sentido do nome; Alguns comandos que requerem um período de habituação.

Em resumo, o Civic agora sim, é uma proposta aliciante para o nosso mercado, com um motor bastante bom e com uns consumos excelentes, o equipamento também é muito completo que junto com um comportamento exemplar, o tornam uma proposta excelente para carro de família. Foi uma boa companhia durante uns dias, agora vou voltar para o meu carro, vai ser difícil (para a carteira)…

 

Motor: Civic 1.6 i-Dtec Sport, 1597cm3; 120cv/4000rpm; 300nm/2000rpm. Caixa manual de 6 velocidades; Consumo Oficial: 3,7L/100km Consumo Medido: 4,7l/100km; Comprimento: 4,300; Altura: 1,470; Largura: 1,770; Capacidade da Mala: 477l; Capacidade do Depósito:50l

Equipamento de Série:Jantes de Liga-Leve 17″; Faróis de Nevoeiro; Luzes Diurnas; Volante  Multifunções e Selector de Velocidades em Pele; Ar Condicionado bi-zona; Pedais em Alumínio; Ecrã Multifunções a Cores, Câmara de estacionamento traseiro; Rádio Leitor de CD/Mp3; Ficha de ligação USB/iPod®; Limpa para-brisas com sensor de Chuva; Faróis com Sensor de Luz; Alarme Periférico; Função “Follow me Home”; Sistema VSA; Cruise-Control Adaptativo com limitador;  Paragem Automática ao Ralenti; Hill Start Assist
Texto: Rodrigo Hernandez

Para mais sobre o civic: http://www.motoro2.com/ensaio-motoro2-honda-civic-14-spor/

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!