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Ensaio MotorO2 – Peugeot 208 1.0 VTi Acess

Ensaio MotorO2 – Peugeot 208 1.0 VTi Acess
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” O fiel herdeiro”

A Peugeot até hoje teve e tem várias séries de modelos para todos os tipos de clientes, uma das mais populares é sem dúvida alguma a série 200.

Lançada em 1929 pelo pequeno Peugeot 201, que foi também o primeiro Peugeot a usar o sistema numérico dos três números com o zero no meio, modelo esse que foi comercializado durante oito anos e conseguiu ultrapassar a fasquia das 140.000 unidades vendidas, isto numa altura de forte crise económica.
Mas algumas décadas (bem) mais tarde, em 1983 apareceu o 205, para muitos o Peugeot mais popular de sempre! Em 1984 ganhou o prémio de carro do ano e foi posteriormente aclamado o carro da década de 90′.

Foi reconhecido na altura pelo seu design inovador bem diferente do que se fazia na marca do leão. A sua condução era divertida e ficou sobretudo conhecido pela sua versão GTI e pelas participações no mundial de Ralis e no Rally Dakar pelas mãos (e pés!) de Ari Vatanen. O modelo denominado Sacré Número pelo seu sucesso, foi produzido durante 16 anos e vendeu, nada mais nada menos, que 5,3 milhões de unidades! Oferecia também uma variante Cabrio, desenhada por Pinifarina.

Em 1998, foi a vez do 206, após uma longa espera, o sucessor natural do 205 (na altura o espaço era preenchido pelo o 106 e o 306) apresentou-se igualmente com uma estética apelativa e uma leveza de linhas interessante, oferecia três carroçarias diferentes: 3/5P, CC (Coupé-Cabriolet) e a carrinha denominada de SW. Durante os 12 anos que esteve em produção vendeu cerca de 6,3 milhões de unidades, ainda hoje nos cruzamos sistematicamente com “eles” nas nossas estradas. Tal como o 205, o 206 também foi diversas vezes campeão do mundo se Ralis.

O 207 chegou até nós em 2006 com a tarefa de suceder ao 206, tarefa essa que se revelou complicada.
O carro aumentou muito de tamanho, o seu aspecto “leve e ágil” dos dois últimos modelos perdeu-se,  aproximou-se muito do modelo acima, o 307, o que por um lado aumentou a sensação de qualidade.Mas mesmo assim  ficou abaixo das expectativas. Ao ponto que a Peugeot viu-se obrigada a lançar o 206+, uma versão do 206 mas com a nova frente da gama. O 207 atingiu em 7 anos um total de vendas de 2,5 milhões, bem abaixo do modelo anterior.
Toda esta introdução teve de ser feita. Porque?
Porque o 208 voltou às origens, ou seja, mais ou menos, foi buscar o melhor do 205 e do 206.
Uma herança bem difícil de continuar portanto…

A primeira diferença que notamos assim que chegamos ao 208 é o seu tamanho mais reduzido que o seu antecessor (cerca de 7 centímetros). O seu aspecto voltou ao que era: “leve e ágil”, a sua estética única (mais um regresso ao passado!) que o faz tornar relembrar os antigos modeles, 205 e 206.
Do antigo 207 só herdou duas coisas, o chassis que foi melhorado embora já fosse muito bom na geração anterior, e algumas motorizações.
Embora esse não fosse o caso do 208 ensaiado, já que este estreava o novo motor 1.0 VTi, mas vamos deixar isto para mais tarde.

O 208 está disponível em duas versões, a de duas e cinco portas. A primeira remete-nos mais para o passado, por aquele vinco logo a seguir ao vidro traseiro a fazer lembrar o 205, que tinha uma ideia semelhante, a de cinco portas, a que ensaiamos e que será certamente a mais vendida é menos radical mas igualmente bem desenhada, dando uma imagem de robustez.
Voltando novamente à sua dimensão, apesar do “corte” no seu comprimento (ao contrario do que esta a ser feito pelos adversários directos, exemplo do Clio) o 208 oferece agora um maior espaço interior, especialmente nos lugares traseiro onde os ocupantes viajam mais desafogados.
A Peugeot conseguiu este feito metendo as rodas bem nos cantos da carroçaria.

Quanto a sua estética somos confrontados com uma frente mais agressiva, começando pelas nervuras no capot em redor do novo símbolo da marca francesa, mais abaixo temos  a nova grelha, que tem diferentes padrões dependendo da versão. Uma vantagem desta solução é que fica bastante melhor e deixa de ter aquela enorme “boca” que o 207 tinha e que agradava a poucos.
 Os faróis continuam rasgados e integram agora luzes diurnas LED,o automóvel tem uma linha de cintura correcta e desportiva (mais uma vez) com um bom seguimento até à sua traseira em que essa mesma linha de cintura encaixa perfeitamente nos novos farolins traseiros com um formato tipo “boomerang”.

 Na traseira para além dos faróis temos ainda mais novidades! A porta da bagageira tem a inscrição da marca que dá um toque mais requintado apresentando agora um formato mais triangular, quando a abrimos encontramos uma mala com capacidade de carga de 285l, fechando-a, conseguimos ver que os flancos traseiros estão agora também mais largos o que quer mesmo dizer, tal como outros modelos deste segmento fizeram, que um veículo pequeno não é sinónimo de carro para senhora.
A nossa unidade, não dava para mostrar da melhor maneira este design muito bem conseguido pela Peugeot, devido a esta versão Acess não dispor de jantes de liga-leve e de ter os espelhos e puxadores em plástico preto, bem como os frisos serem da mesma tonalidade, ao contrario das versões mais acima na gama.

Mas no meu ver a maior revolução foi mesmo no seu interior. Nota-se agora dispomos de mais espaço e de mais luminosidade, no entanto quando entramos nota-mos logo a posição e dimensão “estranha” do volante, demasiado pequeno, aí fiquei logo a pensar, já conseguiram “estragar” o bom trabalho feito no exterior, mas não, enganei-me (e bem!)! o volante assenta que nem uma luva as nossas mãos tornando a tarefa de condução ainda mais fácil nos trajectos citadinos, aqui só notei um problema que requer habituação, pelo o seu tamanho minimalista, qualquer rotação mais vigorosa faz logo o 208 “saltar” de faixa, isso nota-se mais nas auto-estradas, mas como disse no inicio, só requer hábito.

O tablier é também todo ele inovador, com uma grande dimensão até ao vidro dianteiro aumentando ainda mais a sensação de espaço, a leitura dos instrumento é muito prática e fácil, já que nos dita a velocidade a que vamos de maneira analógica e digital , também neste campo a Peugeot revolucionou, porque agora vemos a informação por cima do volante, não entre ele.
Mas mais uma vez no interior, como no exterior, esta versão que ensaiamos, a Acess, não consegue traduzir a beleza deste tablier já que nas versões superiores oferece-nos um ecrã táctil  de grandes dimensões e diferentes acabamentos mais premium, quase tocando num segmento superior, exemplo disso é que esta versão contava ainda com regulação manual dos espelhos, há muito tempo que não via uma peça daquelas…

Os materiais na parte superior são de melhor qualidade e mais agradáveis ao toque, como a maioria das marcas, os plasticos duros continuam presentes, mas só nas partes menos visiveis do habitáculos, mas temos de nos lembrar, é um veículo do segmento B e preço tem de se manter baixo.

Os bancos possuem um bom apoio são fáceis de ajustar para uma melhor posição face ao volante,  são também bastante confortáveis, esta é uma das vantagens de pertencer à velha escola francesa.

Vamos então falar da condução, é aqui que o 208 nos impressiona!
Pois é, voltamos a ter um Peugeot divertido de conduzir. Lembram-se do inicio do ensaio?

Compacto e robusto como o “velhinho 205”, com as rodas bem nos quatros pontos do carro, e o que é que isto nos dá?
-Uma condução divertida!
Muita dessa diversão é proporcionada pela suspensão  bem afinada, e também pela sua direcção, isto é pelo seu volante, que agora mostrava que as suas reduzidas dimensões não serviam só em cidade, mas também numa condução mais “despachada” já que a inserção em curva torna-se bem mais fácil, fazendo-nos sentir mais a condução, daí o slogan do 208: “let your body drive”…
Mas, mais uma vez tive de me lembrar que não estava a conduzir uma versão mais potente, mas sim o contrário, a de entrada de gama, o 1.0 VTi.

Equipado com este pequeno 3 cilindros, o também pequeno Peugeot pedia mais do que apenas os 68 cv que lhe são “dados”, mas estes poucos cavalos mostram-se elásticos, muito bom escalonamento da sua caixa de 5 velocidades, que acima das 3.000 rpm mostra que nao têm medo de desafios, e que pode bem sair da “selva urbana” para umas deslocações extra-citadinas, por isso mais uma vez e como já vimos no MotorO2, a mentalidade face aos motores de 3 cilindros têm mudar, já que se têm mostrado uma grande surpresa!
Os consumos anunciados pela marca cifram-se em 4,3l/100, mas os medidos ficaram em 5,7l/100 o que nem foi mau já que muita da condução foi feita em trajecto citadino e em AE.

Quanto ao equipamento presente nesta versão de entrada Acess, estava presente apenas o essencial. Este facto evidenciava-se mais no interior, já que no lugar do touch-screen encontra-se um rádio “normal” com leitor de CD e AUX.
O ar condicionado é opção por 590€, o que se torna obrigatório nos dias de hoje, depois como já disse também notei uma falha, os espelhos ainda têm regulação manual, eu pensava que isso já nem existia num modelo ainda em produção, o que contrasta com o sistema cruise-control presente de série nesta unidade, equipamento usual em veículos de segmentos superiores.

Pontos Fortes:
-Estética apelativa;-Condução divertida/facilidade de condução;-Espaço interior;
Pontos menos Fortes:
-Regulação manual dos espelhos;-Volante inovador requer habituação;-Falta de monitor táctil na versão Acess;

Conclusão:
Se teve (ou ainda tem) um 206 e não gostou do 207 este é o automóvel ideal para si, melhorou o que estava mal, e tem um design “brilhante”, tal como o 206 nos disse quando saiu em 1998, a sua condução mete-nos com um sorriso no rosto e o pequeno motor 3 cilindros mostra-se disponível quando puxamos por ele, o espaço interior cresceu, e bem, 5 centímetros a mais nos lugares traseiros face ao 207, o conforto está acima da média já que a suspensão filtra bem os maus pisos. Tudo isto conjugado com o ecrã táctil seria a “cereja no topo do bolo” já que dá logo outra vida ao interior.

Motor e Modelo: Peugeot 208 1.0 VTi Acess  999cm3; 68cv/6000rpm; 95nm/3000rpm; Transmissão Manual de 5 velocidades; Consumo oficial:4,3l/100km; Consumo medido: 5,7l/100km; Emissões:99g/km CO2 

Dimensões e capacidades: Comprimento: 3,962; Altura: 1,460; Largura: 1,739; Capacidade da mala: 285l; Capacidade do Depósito: 50l

Equipamento de série: Airbags frontais, laterais e cortina; ESP; Luzes Diurnas, Comandos no volante, Cruise-Control, Computador de bordo; Rádio leitor de CD/MP3/AUX; 

Preço da versão ensaiada: 14.251€

Texto: Rodrigo Hernandez
Fotos 208: Rodrigo Hernandez

Rodrigo Hernandez Fundador e Director Editorial, criou o MotorO2 em 2012 devido a uma tremenda vontade de escrever acerca da sua grande paixão: os automóveis! Paixão essa que existe mesmo antes de falar, já que a sua primeira palavra foi a de uma conhecida marca de automóveis. Sim, a sério!